Balões são necessários🎈

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"Abaixando sua janela escurecida
Dirigindo perto de mim bem devagar
Ele disse: Deixe-me levá-la para um passeio
Eu tenho um pouco de doce para você aqui dentro".

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***

— Alice, Alice, Alice! — alguém sussurrava insistentemente no meu ouvido.

Abri os olhos com total relutância e vi minha irmã Lohanna com um sorriso contente. Notei uma figura alta ao seu lado e, quando meus olhos se acostumaram com a escuridão, percebi ser Otto, meu pai.

— O que estão fazendo aqui essa hora? — murmurei puxando o lençol até o queixo.

— Anda! Precisamos arrumar tudo lá fora, hoje é o aniversário da mamãe. Lembra disso pelo menos? Combinamos que acordaríamos às 04h:00 para organizar as coisas no jardim! — explicava Lohanna calmamente em sussurro. À contra gosto, levantei. Promessa era promessa.

— Precisava ser tão cedo? — olhei pela janela vendo o céu ainda escuro. Acendi o abajur e peguei um casaco para me aquecer.

— Precisamos fazer antes que sua mãe acorde para trabalhar. — lembrou papai já caminhando na ponta dos pés em direção à porta do quarto.

— Hm. — murmurei acompanhando seus passos desajeitados.

Seguimos pelo corredor da forma mais silenciosa possível. Mamãe ainda estava dormindo e precisava continuar assim se quiséssemos fazer a surpresa dar certo. A verdade é que vínhamos ignorando suas tentativas de lembrar do próprio aniversário, fingimos o mês quase todo que não estávamos nem aí para a comemoração, evidentemente ela se chateou e parou de mencionar o aniversário.

Descemos as escadas ainda no escuro, a única luz acesa era a que vinha do pequeno abajur perto do sofá. Tendo ele como guia, seguimos direto para a porta da rua.

Uma lufada de ar gelado bateu em meu rosto quando a porta foi aberta, meu nariz passou a queimar minimamente, apertei o casaco no corpo e segui meu pai e minha irmã para fora de casa.

A rua estava totalmente silenciosa, nenhum carro passava e arrisco dizer que aquilo tudo estava me deixando receosa. Várias coisas poderiam dar errado e acabar acordando a mamãe antes da hora, ou seja, antes das 06h:00.

— Precisamos ser silenciosos, rápidos e precisos. — anunciou meu pai, o cabeça de toda a preparação.

— Entendido! — murmurou Lohanna batendo continência. Achei patético o gesto para alguém de dezenove anos. Ela me olhou esperançosa esperando que eu repetisse o movimento.

— Eu tenho dezessete anos, não vou fazer isso. — revirei os olhos já indo pegar o pisca-pisca que já havíamos deixado separado no fundo da varanda, escondido para o caso da minha mãe resolver procurar algo por lá.

Um a um fomos seguindo como o planejado. Eu fiquei com a parte da iluminação. Enrolei um pisca-pisca em uma árvore e mais um em outra. Otto e Lohanna ficaram com a montagem do local, ou seja, as mesas, o mini palco onde faríamos uma apresentação estúpida, porém fofa e a montagem da barraca de cachorro quente, pipoca e algodão doce.

Trabalhamos duro durante todo o resto da madrugada. Sempre que o sono batia, eu pensava em minha mãe e o motivo de fazer o que eu fazia. Ela merecia.

Por algum motivo, por volta das 05h:15, me senti sendo observada. Olhei sem muito propósito a rua que começava a acordar. Alguns carros e motos passavam ocasionalmente, mas não havia nenhuma pessoa nas calçadas. Olhei para a janela do quarto quase esperando encontrar mamãe nos encarando. Fiquei aliviada quando isso não aconteceu.

ʙᴀʟʟᴏᴏɴs | + ᴋᴛʜOnde histórias criam vida. Descubra agora