Capítulo 2 - Você é forte

1.9K 390 97
                                    

Oi,

finalmente hoje é domingo. Depois de uma semana bem atribulada eu também estava bastante animada para ter um pouquinho mais dessa história.

E o que eu posso dizer? 

Tadinha da Lia. Mas ela é forte!

— Calma o escambau! – Senti o sangue ferver, a minha primeira reação foi estourar ali mesmo. — Vai-te à m*rda, seu f*lho da p*ta traidor.

Tinha pego o Iago no meio do ato com a Erica, logo a Erica, baranga, chata e burra! Ah, mas não tinha a mínima chance de eu chorar na frente dele, muito menos me humilhar. Ele não era o primeiro a me botar um par de chifres, mas com certeza seria o último e Iago, eu não queria vê-lo nem pintado de ouro, nunca mais da minha frente.

Ainda estava com a chave do apartamento dele na mão e de tanto nojo, a joguei longe, na cama, enquanto ele já tinha saído de dentro da baranga, pulado fora do colchão e vinha em minha direção.

— Não ouse chegar perto de mim, seu verme!

A vagabunda da Erica se apressava em pegar o lençol para se cobrir, mas eu tinha interesse zero em olhar para ela, estava perdendo o seu tempo tentando esconder aquele corpo malcuidado.

Dei as costas, peguei a bolsa do notebook e a valise da viagem, enquanto ele vinha atrás de mim ainda nu.

— Espere, Lia, vamos conversar.

Era muita pretensão a dele achar que eu ainda ia parar para dar papo para um homem nu que tinha sido pego no rala e rola com outra mulher. Ainda se ela fosse bonita ou inteligente, mas nem isso. O que é que esse cretino tinha visto nela?

F*da-se, eu que não queria saber, nem queria ouvir a voz dele, nunca mais na minha vida. Abri a porta e saí de lá. Como ele estava nu, não teve coragem de vir atrás de mim e foi assim que eu deixei aquele prédio, sem olhar para trás, para nunca mais voltar.

Óbvio que eu não era insensível e voltei o caminho para casa entre lágrimas. O celular não parava de tocar, era ele, todas a vezes, então eu o desligei. Que parte do 'eu não vou falar com você nunca mais' ele não tinha entendido dos meus gestos? Totalmente firme nisso, eu não tinha mais nada o que falar com ele, mesmo!

Tudo bem que o coração era mole e poderia perdoar qualquer coisa, bem... quase qualquer coisa, pois infidelidade para mim, era um erro sem volta. Não interessa o quanto isso ia me fazer sofrer, o fato é que, não existia reza que me fizesse voltar para um homem bígamo.

Não tinha voltado com nenhum dos meus outros namorados infiés no passado, por mais que eu gostasse do Iago, com ele não seria diferente. Tinha orgulho e amor próprio o suficiente para não me sujeitar a isso, o meu coração que fosse forte e desse um jeito de começar a cicatrizar logo.

Na minha cabeça era tudo muito simples! Se o cara não está a fim de ser fiel, poxa, por que ele se compromete? Continue a vida no casual, mulher por aí tem de sobra, para todos os gostos, tipos, tamanhos e mentalidade. Também tem muita mulher que tá de boa com a vida do casual.

Cheguei em casa, arrasada, o bolo na garganta me dificultava a respiração, os olhos já estavam inchados do choro que tinha começado no taxi. Corri para o banheiro para lavar o rosto, mas sabia que isso não ia adiantar em nada, eu era uma f*dida azarada que só se envolvia com f*lhos da p*ta.

O que eu tinha feito para merecer isso?

Tirei a roupa e me joguei embaixo do chuveiro, pelo menos lá, minhas lágrimas se misturavam com a água que escorria por meu corpo e eu podia fingir que não estava chorando. Gastei um bom tempo ali, sentindo pena de mim mesma, crucificando-me por ter sido uma idiota outra vez. Quando é que eu ia aprender a não me entregar desse jeito a um relacionamento?

Dor de amor? Não tem coisa pior.

Não tinha ânimo nem para me enxugar, por isso simplesmente vesti o roupão, só pensava em deitar, fazer de conta que o mundo não existia e esquecer dos problemas e era isso que eu faria, mas antes, precisava de um gole de água para tentar fazer o bolo na garganta desaparecer.

Fui até a cozinha para buscar o copo e dei de cara com o Iago esperando por mim sentado no sofá. Claro, ele também tinha a chave do meu cantinho, 'onde é que eu estava com a cabeça quando dei uma cópia para ele?' Nota mental, nunca mais dar a chave do apartamento para homem algum.

— O que está fazendo aqui? – Fui seca.

Dava para ver que eu tinha chorado, mas eu ia mesmo fingir que estava tudo bem, homem nenhum ia me ver naquele estado deplorável de tristeza. Eu era mais forte que isso.

— Precisamos conversar.

— Eu não tenho nada para falar com você. – Dei as costas e fui para a cozinha pegar a água. — Aliás, tenho sim, devolva-me a chave de casa.

— Você está de cabeça quente, Lia.

— Cabeça quente o caramba! – Não gritei, mas disse em um tom duro, com uma força que eu buscava nem sei de onde. — Fora, Iago!

— Escute... – Ele disse ao pousar a mão sobre o meu ombro.

— Não me toque! – Virei-me para ele com a fúria nos olhos. — Ou você me devolve a chave agora e sai pela mesma porta que entrou, de forma amigável, ou eu vou chamar a polícia.

— Deixe de ser imatura e vamos conversar. Não precisamos de mais drama nesse pequeno incidente.

— Pequeno incidente? Imatura? – Ri da cara dele. — Eu adoro ser imatura, se é assim que você considera o meu comportamento. Agora me devolva a chave e vá embora. Não tem a mínima chance de continuarmos e muito menos vou ficar aqui pagando de palhaça com você no meu pé. É melhor você sair, Iago, pois basta eu chamar a portaria pelo interfone que em menos de cinco minutos o segurança do prédio estará aqui em cima e em paralelo alguém deles chamará a polícia.

— Lia, pare com isso, que m*rda, não precisa tanto drama.

— A chave, Iago! – Estiquei o braço direito para que ele me devolvesse a chave e levei o braço esquerdo ao interfone, mas ele ficou ali parado olhando para mim.

Então, não tive dúvida alguma, tirei o fone do gancho e pressionei #37, que era o número da portaria do prédio.

— Boa noite, aqui é a Lia do nono... – Iago olhou para mim incrédulo.

— Aparentemente você está de cabeça quente. Eu volto amanhã. – Ele disse quando percebeu que eu estava falando sério e deu meia volta em direção a porta, ainda sem me devolver a cópia da chave. Então, aproveitei a ligação e fiz o que eu tinha que fazer.

— Eu estou com um problema na fechadura. – Disse quando tive a certeza de que o Iago iria mesmo embora. — Vocês conseguem me ajudar com o contato de um chaveio, vinte e quatro horas, para ele vir aqui trocar a tranca imediatamente?

Iago voltou a olhar para mim, dessa vez p*to ao extremo, quase não se aguentava de raiva. Será que ele estava mesmo me achando com cara de idiota? Ou acreditava que eu seria como uma daquelas vadiazinhas com quem deveria sair e manipular o tempo inteiro?

Neste momento ele jogou a cópia da chave sobre a mesa de jantar e deixou o apartamento, foi aí que eu corri até a porta para a trancar e caí aos prantos. Podia estar quebrada o que fosse por dentro, na frente dele eu não ia desabar. Nenhum homem merecia ver a minha fraqueza.

Com certeza, Iago não merece!

Bjks

Tentação - Degustação Onde as histórias ganham vida. Descobre agora