Os dois homens fizeram uma reverência que mal foi retribuída pela dama.

— Reverendo? — Lauren perguntou. Decerto havia compreendido errado.

— Sim. Para celebrar o nosso casamento. — Rud respondeu, secamente.

— O quê?

O espanto de Lauren a deixou atordoada. Rud permanecia em pé na sala. Impassível.

— Precisamos conversar. — Lauren conseguiu dizer.

— Não há o que conversar. Você está grávida e eu sou o pai da criança. Esse casamento acontecerá imediatamente. O sr. Cook pode servir de testemunha.

— Na verdade precisamos de duas testemunhas. — O reverendo esclareceu num tom baixo e receoso.

— Poderia chamar a governanta, sr. Cook?

— Claro.

O homem atendeu ao pedido de Rud sem hesitar. Lauren assistiu, com assombro, os preparativos para seu casamento imediato. A sra. Stone adentrou a sala de visitas seguida pelo sr. Cook. Ela não parecia ciente da razão de ter sido convocada e olhou para a patroa com expressão interrogativa.

Se ao menos ela soubesse...

— Pode começar, sr. Oswald. — Rud ordenou, indo para junto de Lauren.

O reverendo obedeceu prontamente, pegou um pequeno livro preto e colocou-se em posição com se estivesse diante de uma grande assembleia. Lauren poderia apostar que ele tinha medo de Rud.

Ela precisava parar aquela loucura.

Lauren fitou o semblante sério de Rud. Ele havia feito a barba mas o cabelo ainda estava comprido demais. Percebeu hematomas no rosto dele. Já estavam em tons claros de azul e verde. Quis perguntar o que havia acontecido.

— Rud, não podemos fazer isso. — Sussurrou enquanto o vigário recitava as primeiras orações.

Rud a ignorou. A frieza dele feriu ainda mais o coração já machucado de Lauren.

Aquilo era um absurdo. Eles não podiam se casar assim! Eles não podiam se casar de modo algum!

Por que Rud estava fazendo aquilo?

Fora ele quem fugira de madrugada.

Ele a abandonara!

Lágrimas impertinentes encheram seus olhos e um soluço irrompeu na garganta.

O som chamou a atenção do vigário.

— Não posso celebrar o casamento de uma noiva forçada. — O reverendo Oswald falou, encarando Rud com olhos cheios assustados.

— Ela não está sendo forçada, reverendo. Pode continuar.

O reverendo Oswald continuou a ler o livro em latim, mas sem muito entusiasmo, contudo logo parou pois Lauren começou a chorar.

— Você foi embora. — Lauren falou, entre soluços.

— O quê? — Rud perguntou, virando-se para encarar Lauren.

— Passamos a noite juntos e você partiu sem se despedir.

O reverendo pigarreou, constrangido.

Lauren tentou soltar a mão de Rud para pegar o lenço que trazia no bolso do vestido, mas ele não soltou a mão dela. A sra. Stone estendeu-lhe um pequeno lenço. A governanta e os dois homens assistiam a conversa com silencioso interesse.

— Rud. Isso é um erro.

— Não Lauren. O único erro será o meu filho não poder me chamar de pai. — A voz de Rud era dura como aço — Eu permitiria que você casasse com outro, se fosse de sua vontade. Permitiria que você desse outro pai para o meu filho, se isso te fizesse feliz. Mas Leger não está aqui! Eu irei assumir o meu filho.

O coração de uma damaOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz