- Desculpe, não é da minha conta. - Falei, e voltei a frente do meu computador e organizei a ordem de meus papéis. Dominic permaneceu em pé, deu a volta pela mesa e se sentou em seu lugar de praxe.

- Está gostando do trabalho? - Ele perguntou suavemente e levei meus olhos aos seus instantaneamente. Eram como dois imãs, me puxando para si.

- Eu tenho amado. - Falei sincera, me permitindo sorrir e pela primeira vez ele retribuiu como um sorriso completo. Eu perdi o ar. Dominic sério era deslumbrante, mas ele sorrindo era apenas... o paraíso. Ele deveria sorrir mais, eu pensei, incontrolavelmente. Ficamos sorrindo no silencio até as pessoas começarem a entrar e se acomodar em seus lugares. Dominic parou de sorrir e voltou a assumir sua máscara impenetrável e eu voltei a minha expressão de diretora de sucesso.

- Bom dia, senhores e senhoras. - Eu começo, e então, eu ataco.

Uma hora depois, eu estou recebendo aplausos de todos na sala após minha apresentação que, preciso admitir, foi muito boa. Eu ainda estudava muito para me manter atualizada e não ser descartada por minha pouca idade. Eu tinha vinte e seis anos e já era diretora, e tudo foi fruto de muito esforço. Aos poucos as pessoas vieram na minha direção para me parabenizar e esclarecer alguns pontos, e eu não conseguia parar de sorrir. Eu sabia que Dominic estava me observando, pois minha nuca queimava e ele era o único ainda parado, lendo o papel que eu o havia entregado. Assim que as pessoas se dispersaram, ele e Gael caminharam em minha direção.

- Trabalho excepcional, Júpiter. - Gael falou, apertando minha mão com firmeza.

- Obrigada, senhor Riviera. - Eu falei, sorrindo. Ambos olhamos para Dominic que me encarava com uma expressão estranha.

- O senhor está bem? - Eu perguntei, franzindo meu cenho. Gael riu.

- Sim, estou ótimo. - Dominic respondeu, colocando as mãos dentro dos bolsos. - Ótima explanação, senhora Witkowski. - Ele falou, sério e mordi minha língua. O desgraçado tinha falado meu nome com perfeição.

- Obrigada, senhor. - Agradeci. - E é senhorita. - Esclareci, apertando sua mão estendida e me arrependendo no momento seguinte. A quentura de sua mão contra a minha fez meu estômago agitar. Soltei sua mão rapidamente. Sua expressão de confusão me fez explicar.

- Não sou casada, então é só senhorita. - Falei, tentando manter meu tom leve, rindo um pouco. Os olhos de Dominic esquentaram e ele concordou com a cabeça.

- Senhorita. - Ele falou, se despedindo, e saindo da sala junto com Gael, me deixando plantada, me sentindo idiota. Será que ele achava que eu estava dando em cima dele? Parabéns, Júpiter, parabéns. Bufando, voltei a minha mesa, guardei meus papéis em minha pasta, desliguei meu computador e voltei para minha sala.

Meia hora mais tarde, Eva e Charles, dois dos funcionários do meu departamento, estavam de pé em minha sala discutindo e me deixando com dor de cabeça.

- Sua imbecil, você não é a porra da dona dessa empresa para fazer as coisas sem autorização. - Charles, falou, aumentando o tom.

- Você é um capacho mesmo. - Eva falou, com a voz fina irritante, jogando os cabelos vermelhos como fogo para o lado. - Você ouviu o Dominic falando, nós agora temos mais autonomia. - Ela falou, dando um sorrisinho e minha paciência acabou na menção do nome de Dominic.

- Vocês dois calem a boca. - Eu falei, me levantando. Os dois me olharam feito dois cachorrinhos assustados. - Eu não sei que diabos deu em vocês, mas parem de gritar e de se comportarem feito duas crianças mimadas! Isso aqui é o emprego de vocês não a porra da creche. Eu fui clara? - Falei, em alto e bom tom e os dois concordaram.

- Charles, - Continuei - Você não tem o direito de chamar ninguém de imbecil, não importa o quão imprudente foram as atitudes de sua colega. Se você quer que eu repare um erro, venha até mim e me explique a situação como um adulto. Estamos acertados? -Perguntei, e ele concordou com a cabeça. E Eva deu uma risadinha sacana. Eu sabia que não era certo, mas eu detestava essa mulher. Ela era irritante até o último fio de cabelo.

- E agora você Eva. - Falei, soando mortalmente controlada.

- Eu vou falar isso apenas uma vez e eu espero que seja a última. Você é uma funcionária com funções especificas. Sua chefe sou eu. - falei, dando ênfase a cada frase. - Eu tomo as decisões de aprovação dos projetos, eu assino, eu comando. Porque se algo der errado é a minha bunda que vai ser comida e não a sua. Você não é uma rainha. Você tem autonomia dentro dos seus limites. Limites dados por uma hierarquia que eu exijo que seja respeitada. Você entendeu? - Perguntei, semicerrando meus olhos. Ela me olhou com ódio líquido, mas concordou a contragosto.

- E é Senhor Riviera, não Dominic. - Eu falei, amarga. - Isso aqui é uma empresa e não a sala da sua casa.

- Agora os dois, saiam daqui e voltem a fazer qualquer coisa que não seja me dar mais dor de cabeça. - Falei, e os dois se retiraram rapidamente. Respirei fundo e alcancei um remédio de dor de cabeça na minha gaveta, virando num só gole.

- Você é letal. - Falou uma voz na minha porta. Era Dominic, me olhando com divertimento.

- Acredite, os letais são eles. - Eu disse, apontando para os funcionários pela minha janela de vidro.

- Eu não duvido. - Ele falou, dando um passo para frente, me entregando uma pilha de papéis. - São documentos de aprovação para sua estratégia para a empresa. Nós vamos usá-la. - Ele falou, dando um meio sorriso.

- Você está de brincadeira! - Eu falei, correndo os meus olhos pelas páginas. E estava tudo lá, todas as emendas, tudo. - Eu nem sei como agradecer! - Falei, pondo a mão sobre meu coração. Dominic seguiu o movimento com os olhos e deu um sorriso quase sacana, como quem pensa em algo proibido.

- Não precisa agradecer. - Dominic disse. - É mérito seu. Você impressionou muita gente. - Ele contou. Sua voz fazendo um carinho sensual em minha pele.

- Impressionei? - Perguntei, o olhando. Dominic me encarou por alguns segundos e concordou com a cabeça.

- Obrigada mais uma vez. - Eu disse, cortando nosso contato visual, voltando a checar as páginas na minha frente. Pude ouvir seus passos se encaminhando até a porta e parando subitamente.

- Obrigado. - Ele falou, virando-se em minha direção. O olhei com confusão. - Por ter esclarecido que é Senhor Riviera e não Dominic para Eva. - Ele explicou.

- Ela tem sido... incisiva. - Contou, franzindo o rosto bonito.

- Eu não duvido. - Falei. Ele concordou com a cabeça.

- Senhorita Witkowski. - Ele falou, se despedindo mais uma vez, e saiu porta a fora. Me deixando perdida em pensamentos.

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora