Capítulo Um: Alpha 0.1

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Era outra noite de trabalho em Neue Kiefer, pra variar, estava chovendo, o velho clima europeu de Ozean, minha lingua ainda se enrola de falar esses nomes em alemão, sinto falta da doçura da mistura de idiomas, tão mais fácil, tão mais bonito, o encontro do Lusitano, Quilombola e várias linguagem indígenas, sem dúvida, uma suavidade ao paladar, mas a Divisão... Ah a Divisão, ela pretende substituir nossa língua doce e sensual, pela rigidez germânica, começando pelo nome das nossas cidades e dos nossos Estados, sim, tudo mudou, antes, aqui era Curitiba, e o estado, era Paraná, era assim até 2028, o ano que Louis Rech e a D.I.E ou Divisão Interna "Estadista", conseguiram ser os novos responsáveis pelo antigo Brasil.

Quando eles assumiram, eu era um Policial Cientifico, ajudava na solução de homicídios e etc. me especializei como Biólogo Forense, meu trabalho não era emocionante como todo mundo pensava, como nas séries de TV ou nos Livros de Sherlock, era bem monótono, eu não ganhava tanto, então acabei virando professor substituto nas horas vagas, sim, eu tinha dois empregos...era esquisito para ser honesto, professor de dia, policial a noite, mas aí, essa minha vida virou de cabeça pra baixo. No momento que a D.I.E havia ganhado a notoriedade da população, eles tinham umas ideias diferentes, sabe, ideias de união, mas não era uma união saudável, a gesticulação, a dureza das expressões, da sua linguagem a seu visual, era...ditatorial, bem mão de ferro, eu nunca fui fã de discutir política honestamente, portanto, não dei muita atenção ao movimento ,mas de alguma maneira eles cativaram a população, não só de um local, mas de vários, os caras conseguiram colocar um representante em cada estado, um candidato a governador em cada estado, tipo, parece que eles surgiram do bueiro, era assustadora a influência desses caras no país, eles foram eleitos com 70% dos votos, no primeiro turno, e seus governadores variavam entre os 60% e 80% dos votos, simplesmente impressionante para um partido que veio do nada.

Devia admitir que foi espantoso a influência e a velocidade de crescimento que este partido teve, mas eu honestamente estava cagando e andando para o que acontecesse, eu sempre via pessoas irem ao seu estado mais miserável de loucura e histeria quando colocavam esses assuntos como suas pautas, sempre fui a favor das pessoas, das vidas, e tentava ignorar ou repudiar qualquer tipo de ideal que colocasse a vida e o bem-estar das mesmas em risco. Antigamente, reduziam qualquer ideal político ou social a duas vertentes, esquerda e direita, pode ser que os meus conceitos se aliassem a esquerda, eu não dou a mínima honestamente, às vezes, o ser humano decepciona tanto que apenas o que eu quero é um apocalipse exclusivo para a gente, para que a natureza volte a tomar conta do planeta por completo, já imaginou que coisa mais linda? Tudo verde, o efeito estufa normalizando, algumas espécies deixando de entrar em extinção...que coisa maravilhosa, um mundo selvagem...é bom sonhar as vezes né, mesmo que seja um sonho genocida.

Hoje, francamente, estou bem sem saco, essa ronda seria completamente desnecessária se não fosse a merda da militarização e quebra de segmentos da polícia, seguinte, quando o D.I.E foi eleito em todo o Brasil, sério, do Oiapoque ao Chuí, que eu nem sei mais como se deve chamar, tanto faz, houve uma reinvenção no conceito de polícia ,os caras tiveram a pachorra, de unir a Policia Civil, Cientifica e militar, como se fossemos uma grande corporação mercenária, tipo, não existia identidade nacional, ou regional, tudo igual, quem não usava uniforme, agora usa, não aplicaram as regras estéticas do exército em nós é claro, só as armas e a rotina mesmo, a hierarquia já existia há um tempo considerável, a única diferença é que agora estamos levando bem mais a sério.

O clima de amizade acabou indo pra vala, e começaram a nos alimentar com uns compridos pra saciar e melhorar o corpo, admito que isso foi legal, me dar um perfil mais atlético sem muito esforço, eu era uma banheira movida a café com leite e qualquer tipo de bolacha, especialmente cookies, eram como gasolina aditivada pra mim, energia pura para pesquisas e aguentar alguns alunos meio pé no saco, aquele tipo que acha que dá pra aprender tudo na internet e que sempre diz que eu estou errado, mas lembro que a militarização foi forte, nosso uniforme era composto por um sobretudo preto, com um capuz, um colete, cinto com coldre para pistola e bastão retrátil, coturno com travas de metal no solado, calças resistentes, e uma máscara de emergência, todo o peitoral do colete e as costas do sobretudo eram decoradas com uma grande e brilhante cruz vermelha, dando a lembrança de um cruzado feudal.

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⏰ Última actualización: Apr 24, 2019 ⏰

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