onde fui parar

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Tudo estava perfeitamente planejado. Passamos semanas organizando os detalhes do que faríamos. Todos eram experientes e eu estava tranquilo. Minha função era simples: dirigir. Uma mera responsabilidade com recompensa tão alta.

Na hora marcada, saímos do galpão com as armas carregadas e as máscaras na mão. As mochilas para o dinheiro já estavam no porta-malas. Apesar do que se vê em filmes, a entrada no carro não deve ser lenta e a direção não deve ser rápida. Devemos ser apenas um carro comum em meio a tantos outros.

Em alguns minutos, já estávamos no local alvo: o mercadinho Super C, que era perfeito para isso em todos os sentidos. Era pequeno, prateleiras baixas, careiro e distante. Eles basicamente imploravam para que fôssemos lá, e assim o fizemos.

Estacionei o carro em uma vaga próxima e lá foram eles. Tudo estava tranquilo até então, mas, de repente, ouvi um barulho de tiro não planejado. E, em seguida, mais dois. Fiquei tenso. Não me lembrava de nenhuma parte do plano que mencionasse tiros.

Um silêncio absoluto veio em seguida, parecia que o tempo havia parado. Então, um susto vindo do ruído do walk talk quase me fez derrubar o aparelho. "Não pergunte. Precisamos de você aqui. Traga arma. Câmbio."

Como ele havia dito, não havia no que se pensar. Peguei o necessário e corri para o mercado. Todos os reféns estavam com as mãos na cabeça em um círculo no fundo do estabelecimento. cada um com me olhava implorando misericórdia, e meu primeiro instinto seria ajudá-los. "Não pense neles! Ajude nosso companheiro caído perto dos frios.", gritou o chefe, e assim eu obedeci.

Marcos estava estirado no chão e sua calça estava manchada de sangue. Avisei aos outros e comecei a levá-los para o carro. Estávamos indo em direção à saída quando um dos reféns atacou o chefe com um pedaço de madeira. Eu estava próximo a eles e logo saquei minha arma em sua direção. O refém não parou, mas eu, sim. Fiquei parado exatamente onde estava, temendo o que faria em seguir.

"Vamos, seu covarde! Atire!", ouvi ao fundo. Então, puxei o gatilho. O ar abrindo espaço para aquele pequeno pedaço de metal, a gritaria que veio junto ao alto som. Tudo se passou na maior lentidão já vista. O sujeito cambaleou. Seu corpo foi de encontro ao chão.

Meus companheiros me puxaram enquanto a cena se repetia várias e várias vezes em minha cabeça. Eles não pararam de falar mas eu não entendia nada. Só uma coisa saía da minha boca, uma coisa aterrorizante demais para ser discutida:

"eu matei alguém."

o tempo é tediosoWhere stories live. Discover now