Harry está retornando a Stratford, após dois anos. E Isabella precisa lidar com à notícia de que ele está de casamento marcado com a garota que sempre quis vê-la fora de seu caminho: Alice Miller.
Em meio a confusões, mal entendidos e lágrimas, Isa...
Seu futuro é incerto, ela me disse. Seu coração ainda vai dar muitas voltas. Eu vejo um homem no seu futuro. Ele vai te trazer tristezas. O amor vem e vai. O amor é confuso na sua cabeça, minha criança...
O que ela quis dizer com isso, eu não sei. Mas agora ela está aqui na minha frente outra vez.
— Eu lembro de você — falei, meus olhos fixados na mulher a minha frente.
Ela apenas sorriu.
— Escute, uma vez você leu minha mão. Me falou sobre como amor é confuso na minha vida. Mas também falou algo sobre "o sol do amanhã" — faço aspas com os dedos. — O que quis dizer com isso?
A urgência em minha voz soou bem nítida aos meus ouvidos, e por um instante até esqueci que Caroline estava ao meu lado.
— O sol do amanhã trará paz em sua vida, minha criança — ela falou.
— Você acredita mesmo nisso daí, Belinha? — Caroline interrompeu.
— Fique quieta, Caroline — aviso sem olhar para ela. — Continue, senhora.
— Me dê sua mão — ela pede e eu cedo. — Sua vida passará por mudanças, menina. — Ela disse com uma expressão séria no rosto, e nesse momento eu já nem piscava de tanta curiosidade. — Você vai precisar perder algo para poder se encontrar.
— Espere, menina — agora a mulher falava com Caroline. — A urgência de acertar as contas do passado pode trazer consequências desastrosas em sua vida. Cuidado.
— Não acredito nessas coisas — disse Caroline. — Vamos, Isabella.
— Um instante — falei. — O que tudo isso quer dizer, senhora?
— Cabe a você mesma descobrir.
E então com um sorrisinho sem graça dirigido a mulher a minha frente, vou com Caroline.
★★★
A tarântula de saia, não combinaria tanto assim andando com você, Isabella. Sim, isso é o que Kim diria. Tenho certeza.
E como se isso já não bastasse, Caroline passou a vir me visitar. E eu não havia contado nada para Kim, nadinha sobre isso. Embora Caroline e eu tivéssemos nos dado bem nos últimos dias, ela ainda é digna da minha desconfiança. E chamo isso de costume, graças aos anos que passei com ela no meu pé nos corredores da Northwestern.
E tudo isso no máximo é estranho demais pro meu gosto.
E sim, eu ainda estava com o pé atrás em relação à Caroline. Por isso não havia contado nada a Kim.
— Para de ser careta, Belinha — dizia Caroline, sentada no meu sofá. — Estou te fazendo um favor, sabia?
— Ah, não. Não quero sair hoje, Caroline.
— Por que, não? — ela ralhou, curvando o corpo em minha direção. — Se não fosse por mim e Dylan, você ficaria mofando no seu quarto, lendo aqueles seus livrinhos sem graça.
Reviro os olhos mentalmente para ela.
Ouço alguém tocar a campainha e levanto-me para atender.
— Espere um pouco, Caroline.
Então abro a porta e fico pasma, meu queixo caí no mesmo instante.
Kim.
Sinto alguém tocar meu ombro e viro o pescoço depressa.
— Olá, Kimberly. — É Caroline, que aparece atrás de mim.
Vaca, mil vezes vaca!
— Vim participar da conversa de vocês. Como vai, Belinha? — Kim debocha, pronunciando aquele apelido ridículo.
Ela estava chateada.
E a culpa era toda minha, e dá tarântula de saia.
Mas eu estava meio em choque para pronunciar qualquer palavra.
Caroline foi embora naquele instante. E eu adoraria dizer que depois daquilo Kim e eu sentamos no banco de madeira na varanda e conversamos normalmente.
Pode vim, Kim. Mereço ouvir tudo o que você tem a dizer.
— Eu não acredito que vivi pra ver isso, Izza. — Kim estava com uma expressão nada legal no rosto. — Por quê não me contou que estava de conversinha com a tarântula de saia?
— Kim, é só uma conversa normal. — Eu disse.— Dá um desconto vai. A Caroline está mudando, se você desse uma chance de ao menos conversar com ela...
— Eu? — Kim meio que riu da minha cara. — Não vou com a cara dela, Izza. Agora fiquei de queixo caído com você, pode me explicar o que tá acontecendo?
— Bem, Caroline é prima do Dylan. E eu só queria me dar bem com a família dele, já que estamos namorando.
— Hmmm. Devia ter me contado pelo menos — ela disse. — Izza, eu entendo que você tá com o Dylan. E embora eu ainda continue achando que te empurrei para aquele babaca-pedaço-de-mal-caminho, ele ser primo da Caroline, muda muita coisa sabia?
— Tipo, o quê?
— Caroline nunca foi uma pessoa confiável.
— As pessoas mudam, Kim.— Eu disse. — Ela até quer ser sua amiga, sabia?
— Amizades como a dela eu dispenso, Belinha.
— Kim, pare de me chamar de Belinha, okay?
— Tudo bem, tudo bem. Só tome cuidado, está bem. Você é minha melhor amiga, e não quero que nada de ruim te aconteça, por andar com essa daí.
Então nós nos abraçávamos e Kim voltava para sua casa.
Mas, não. O fato é que Kim estava muito chateada comigo e meu subconsciente acaba de jogar um balde de água fria na minha cara.
A realidade foi bem mais cruel do que eu havia imaginado.
Minha melhor amiga me deu as costas pela primeira vez, me deixando completamente sem reação e com uma sensação ruim no peito. E por mais que eu queira dizer algo, minha voz teima em não sair.
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