Herdeira da Magia Negra

II. Diferentes, porém iguais

Seto Kaiba saiu para um raro - e breve - horário de almoço. As coisas estavam um pouco mais calmas na corporação, fato este que lhe permitiu desacelerar um pouco seu ritmo.

- Alto Sacerdote Seto, que surpresa...

- Lamento, mas deve estar me confundindo com alguém.

- Não, não estou. Não se lembra de mim? Sou eu, Azeneth.

- Não tenho negócios com pessoas loucas, por isso não tenho motivos para me lembrar de alguém como você.

Ele continuou andando, sem querer continuar a conversar com aquela garota, pois assim que reparou na relíquia pendurada no pescoço dela já sabia que era problema à vista. No entanto, a fala da jovem o fez parar um instante.

- Quem sabe se lembre de mim com um duelo?

- Como se você fosse digna do meu tempo... Volte para o hospício de onde veio.

- Eu uso a carta Leis Antigas para invocar o Guardião da Magia Negra em modo de ataque. Sua vez, meu Sacerdote.

- Uma imitação de Mago Negro? O que você é, afinal? Sósia do Yugi? Bem, talvez sim, a julgar pela relíquia no seu pescoço.

O tom de desdém de Kaiba ao mencionar seu pai fez com que Azeneth tivesse dificuldades em controlar sua raiva.

- O que houve? Ficou brava por alguma razão que desconheço? Bem, se quer tanto ser esmagada por mim, que seja. Invoco Ginete Vorse em modo de ataque e uso Controlador de Inimigos, sacrificando meu monstro para tomar o Controle do seu guardião até o final do turno. A seguir, ativo a magia Monstro que Renasce para trazer o Ginete de volta.

E a garota perdeu mais depressa do que imaginava. No entanto, foi o bastante para perceber que pouco havia restado do Alto Sacerdote que conhecia. No entanto, era muito parecido com aquela personalidade que a matou sem piedade.

- Ridículo. Até mesmo o Wheeler já durou mais turnos. Eu deveria te cobrar pelo tempo que me fez perder, amadora.

- Eu vou querer uma revanche.

- Tenho mais o que fazer do que brincar de duelo com iniciantes.

- Além de um assassino é arrogante. Mas tudo bem, terei minha chance novamente.

Kaiba deu as costas para a garota e seguiu seu caminho, sem dizer mais nada. Azeneth, por sua vez, permaneceu na calçada, apenas observando e permitindo que as visões passadas aparecessem. Não era a primeira vez que ele fazia isso.

- Você também deu as costas para mim quando tentei expor meus sentimentos há milênios e depois fez o que fez... Bem, parece que certas coisas não mudam, e aparentemente a droga das minhas emoções também continuam do mesmo jeito.

Voltou para onde seu faraó estava, junto com outras pessoas que ela ainda não conhecia. Estavam em um parque e a jovem foi apresentada aos demais. 

- Sua cara não me parece boa, Azeneth. - O Mago Negro apareceu - O que aconteceu?

- Nada. Não aconteceu nada.

- Continue mentindo para seu pai... Da última vez que ouvi isso te peguei no dia seguinte seguindo o Sacerdote Seto pelo palácio todo enquanto tentava despistar os guardas.

- Yugi, por favor pede para o Mago Negro não aparecer e interagir assim, é estranho demais. - para Joey, não importava quantas vezes a cena se repetisse, pois sempre seria algo além de sua compreensão ver tal fenômeno.

- Não é porque eu nunca fiz isso antes que você precisa fazer esse alarde todo, meu rapaz. - o mago disse, prestando atenção em seguida em Téa e Tristan, que estavam com os olhos arregalados - Crianças... - ele disse para si mesmo, com um suspiro - Se impressionam tão facilmente e com cada coisa.

- Bem, tenho coisas para fazer. Se meu faraó permite, vejo que está em boas mãos.

- Essa menina só vem para picar o cartão ou é só impressão minha? - o loiro pensou alto - Que estranha... Ela aparece e desaparece do nada... N-não me leve a mal, senhor Mago Negro.

- Tem alguma coisa errada com ela... - a fiel carta de Atem resmungava consigo até olhar para o "nada" e chamar alguém. - Maga Negra, pode vir aqui por um segundo?

- Sim, senhor! Em que posso ajudar?

- Poderia ficar de olho na Azeneth por mim?

- Mas é claro! - a Pequena Maga Negra olha para os outros e acena antes de partir - Oi e tchau para vocês, pessoal!