Prólogo

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ᴀs ɴᴏɪᴛᴇs ᴇᴍ ᴡᴀᴛᴇʀғᴏʀᴛ ᴛᴇᴍ sɪᴅᴏ ғʀɪᴀs, mesmo com o aquecedor em meu quarto. Na verdade, o aparelho quase não funciona mais, e me incomoda de noite com seu chiado irritante. A maioria das vezes - ou quase todas -, eu tenho que me enrolar em vários cobertores para ficar aquecida. As chuvas aqui são frequentes, principalmente de noite. Oque é bem comum, já que moramos no Reino do clã Água, mas eu não consigo me acostumar de forma alguma. Apesar do frio, eu gosto de chuvas, então não é um incômodo quando está parcialmente calor e chove um pouco.

Rolo na cama, ficando de bruços em direção a janela. A lua brilha, junto com as estrelas, e a chuva cai serena. As árvores tem suas copas balançadas pelo vento, e suas folhas passeam pelo vilarejo. Fecho os olhos, aproveitando o barulho da água que cai do lado de fora. Algum tempo se passa e eu ainda não consigo dormir. Tenho tido problemas com sono ultimamente.

Vou até a minha estante de livros, velha e empoeirada. As extensas prateleiras são feitas com tábuas de madeira de cedro, e são de quando meu pai ainda era vivo e trabalhava em uma marcenaria. Ao menos naquela época, pelo oque meu irmão, Elliot, me contou, Mamãe não precisava trabalhar.

Corro os olhos pelas prateleiras, não preciso de muito trabalho para encontrar o livro que quero. Avisto a capa azul, e a tomo em mãos. A escrita brilha em dourado: "A história de Waterfort". Não gosto de toda essa monarquia e de toda a injustiça que o povo nobre da cidade e a realeza cometem contra nós, camponeses. Mas a história de meu Reino é interessante, então é uma excessão.

Volto a me sentar na cama, entrando debaixo das cobertas. Folheio o livro, e acho o que quero com facilidade outra vez. "Capítulo VII: A lenda da herdeira perdida."

- Muitos anos atrás, o Rei e a Rainha de Waterfort decidiram que era hora de ter um filho, este que seria herdeiro do trono e governaria o reino por muitos anos. Porém, este sonho se tornou impossível quando foi descoberto que a rainha era estéril, e não podia gerar filhos. O reino todo estava muito abalado, mas o Rei de Waterfort, Lewis Ashwort IV, fez um pacto com os Deuses, no qual a Rainha teria dois filhos e um deles seria dado como oferenda a estes. Assim, se passaram nove meses e a rainha deu a luz a um casal de gêmeos. Após terem escolhido que a garota seria sacrificada, eles prepararam tudo para oferece-la aos Deuses, no lago de Bitterness. Infelizmente - ou felizmente para a pequena garotinha - a criança foi roubada por um camponês, e os Deuses, revoltados, mataram o outro herdeiro. Ainda há quem acredita, que a garota roubada irá re-aparecer para herdar o trono - Li para mim mesma.

Na minha natureza, eu diria que não me importo nem um pouco com o Rei e a Rainha, ou os dois filhos que perderam. Mas eu tenho um tipo de simpatia com essa história, não entendo o porquê.

Fechei o livro, o colocando ao meu lado na cama, e encostando minha cabeça no travesseiro. Eu secretamente imaginava como seria esse tal herdeira perdida. Foi com uma imagem de como eu imaginava a princesa, que minhas pálpebras ficaram pesadas e eu adormeci.

Os Quatro Reinos: Trono Perdido.  [sendo reescrito]Onde histórias criam vida. Descubra agora