Meus olhos se recusam a abrir. Sinto meu corpo cansado, satisfeito. Lá fora os carros passam silenciosamente, escuto risadinhas. O quarto tem cheiro de perfume, cigarro, vinho e suor.Não importa.Nada lá fora importa. Tudo o que importa está aqui, esse é o meu universo. Ela respira fundo, alonga e endurece seu corpo, soltando um pequeno gemido de dever concluído. As cobertas são empurradas para o chão.— Eu tenho que ir agora.Por favor, fique mais um pouco. Aperto-a entre meus braços, trago ela para perto de mim. Sinto seus peitos contra meu corpo, seu rosto tão perto do meu. Gosto do cheiro da sua pele. Adoro o calor que emana de seu corpo, não quero soltá-la. Nunca.Poderíamos ficar aqui eternamente, eu queria guardar esse momento, esse instante. Ficar aqui, ambos em silêncio, apenas contemplando nossa relação.Desço minha mão percorrendo seu corpo e ouço sua risada tão gostosa de ouvir, sua respiração tão próxima da minha pele.— Eu realmente tenho que ir agora.Ela se desvencilha de meus braços, sinto seus lábios tocarem minha orelha, meu pescoço, um arrepio desce pela minha espinha. Não quero abrir os olhos. Não quero acordar desse sonho. Ouço seus passos pelo quarto, catando suas roupas em silêncio. O sonho acabou outra vez, a sensação sublime que parecia eterna escapa entre meus dedos. De costas, apenas de calcinha, ela digitava no celular.— Você já sabe, meu querido, custa R$ 150 à hora.Viciado. Estou viciado nela, mas me incomoda esses momentos serem tão passageiros. Sempre competindo por alguns minutos de seus afagos. Eu quero mais, quero aquele momento eterno, quero a sensação de que esse é o meu mundo e ela será eternamente minha.Abro a gaveta e pego o martelo.Só minha.

AmorWhere stories live. Discover now