- É grande coisa sim, e eu sei o que estou fazendo, Carol. Eu estou sentindo.

- Começou com isso de poc sensitiva...

- Você vai me agradecer depois. - Ele beijou sua testa e ela bufou feito criança mimada. - Agora vai porque a minha paciência tem limite. - Ele tentou ficar sério mas acabou rindo e Carol lhe deu um longo beijo na bochecha antes de se arrastar até o banheiro.

O apartamento de Bruno é uma verdadeira casa de boneca, se tem uma coisa que o professor tem é bom gosto, refinando tudo com sua casualidade. O lugar em si não era muito grande, mas era muito bem decorado e aconchegante. Carol estava no quarto de hóspedes no final do corredor estreito cheio de fotos colada em suas paredes, na esquerda uma porta de metal que era o quarto de seu melhor amigo. Terminando o corredor, tínhamos a sala e a cozinha que eram separadas por uma pequena bancada de tijolos de vidro e tudo era bem iluminado pela grande porta que dava para a pequena sacada. As paredes eram brancas e beges. Bruno era um verdadeiro decorador, mas nunca pensou em ganhar dinheiro com isso. O banheiro era de frente para o quarto dele, decorado nas cores branco e vermelho e o chuveiro forte e quente poderia ser considerado a oitava maravilha do mundo.

Carol se enrolou na toalha felpuda e sorriu em perceber que Bruno tinha separado tudo a seu gosto. Voltou para o quarto agora vazio e sorriu ao ver a cominação que ele havia escolhido: um suéter vermelho de gola alta e calça jeans escuras, junto ao converse bege.

- Miga, fiz panqueca de banana com chocolate! - A garota ouviu o grito da cozinha e se permitiu inalar aquele cheiro maravilhoso, rolando os olhos em satisfação.

- Bruno, eu amo você! - Gritou de volta, terminando de calçar o tênis.

- Eu sei disso, meu amor. Eu também te amo. - Ele gritou e deu risada.

Os dois se deliciaram com as panquecas em meio a risadas e implicâncias, as conversas variavam entre alegria e depressão em segundos pois Bruno insistia para Carol aceitar a vaga no restaurante. No fundo, ela já tinha aceitado, ela só tinha um pouco de medo.Talvez muito. Os argumentos dele eram sempre os mesmos e ela sabia que ele estava certo, Bruno falava exatamente como o pai dela. "Blá blá blá você precisa fazer isso, blá blá blá você não pode desistir do que nasceu pra fazer, blá blá blá é o seu sonho e blá blá blá". Porém estava completo de razão. Aquele era o sonho de Carol e sempre iria ser, mas havia um muro dentro de si que a impedia, porém, segundo Bruno, não há nada que eles não consigam fazer quando estão juntos e Carol confiava no moreno de olhos fechados porque se tem alguém que sabe o que é melhor para ela, esse alguém é Bruno Sfair.

Depois de quarenta minutos de puro drama e enrolação, eles decidiram enfim ir ao tal restaurante. O Renault Twingo 2001 de Bruno era bem conservado, mas não passava de 50km por hora e por conta disso levaram mais de meia hora para chegar em uma travessa perto da Trois Cailloux, onde só era permitida a passagem de pedestres. Era uma avenida muito bonita, mas uma beleza esquisita. Havia um corredor de árvores no meio daquele calçadão, todas da mesma cor. Andaram um pouco por aquele lugar e Carol fitava tudo admirada com a diferença de ambientes, as pessoas tinham traços diferentes, cabelos diferentes, tudo era completamente diferente da sua Curitiba. Bruno interrompeu o momento turístico da menina puxando seu braço com delicadeza e ela fitou o letreiro azul que dizia "Doucement", para logo depois entrarem juntos no restaurante que mais parecia um bistrô.

O lugar era preenchido por conversas altas e risadas soltas, com duas fileiras de sofás e mesas, e quase todas elas estavam cheias. Tratava-se de um restaurante urbano e tranquilo, um lugar amigável e familiar, quentinho e acolhedor. Carol sentiu vontade de sorrir. As pessoas almoçavam ou degustavam algo no menu de confeitos, algumas pareciam apressadas e já outras pareciam realmente gostar de ficar ali. Bruno conhecia algumas pessoas que estavam almoçando e enquanto as cumprimentava os olhos curiosos de Carol rolaram por todo o lugar, parando na última mesa, perto da porta da cozinha e ela sentiu como se tudo ao seu redor tivesse parado.

Spring Awakening - DayrolWhere stories live. Discover now