Spring Awakening - Dayrol

Refraîchir

Autoria: theharmonysaur

Refraîchir

"O fim é sempre o mesmo: partimos para a desintegração sem nenhuma atitude boa que nos leve a retemperar ou buscar de forma revigorante a vontade de reintegrar a vida, ou reviver o passado sem medo de encontrar o que é realmente bom e a verdadeira liberdade" - Daiana Lages

Amiens é uma cidadezinha francesa à 120km de Paris, marcada por campos de batalha da Segunda Guerra Mundial e diversos cenários importantes para a sociedade. Amiens não é nem esquecida, nem realmente visitada por turistas, é apenas uma cidade da França. O seu diferencial é a extrema tranquilidade que lhe dá a impressão de estar parada no tempo, mas a arquitetura antiga - baseada em muitos modelos italianos - da cidade também ajuda bastante nisso, com seu grande rio Somme que corta toda a cidade repleto de belos hortillons, que são realmente algo muito bonito de se ver se você estiver disposto a passear de barco no estilo Veneza. No ponto de vista de Carol aquilo era maravilhoso.

A ruiva jogou a última mala sobre a cama e abriu a janela, sorrindo e olhando em volta, completamente admirada com seu pequeno quarto decorado com papel de parede com estampa de jornal. Ela mal acreditava que estava ali, dando seu primeiro passo para a independência, finalmente abrindo as asinhas e se propondo a deixar o passado para trás. E o quartinho com uma cama de casal, uma televisão de 1998, fotografias antigas de pessoas que ela nem conhecia, armário mofado e carpete gasto eram para ela o verdadeiro paraíso.

- Desculpa não ter decorado nada pra você, amiga - Bruno suspirou pesado e entrou no quarto com um sorriso, abraçando a ruiva de lado e depositando um carinhoso beijo em sua testa.

- Pra mim está ótimo - Ela disse com um sorriso tranquilizador que fez alargar ainda ainda mais o dele - É até mais do que eu esperava.

- Você esperava menos do que isso aqui? - Ele perguntou fingindo estar ofendido e ela assentiu rindo. - Em que tipo de enfer você achou que eu vivia?

- Você sabe muito bem que eu não quis dizer isso, migo. - Ela negou com a cabeça e revirou os olhos, típico Bruno debochado e brincalhão. - Eu nem sei como te agradecer, sabia?

- Não precisa agradecer, ma belle. - A garota afundou em seus braços fortes e ele a apertou contra seu corpo como um pai abraça sua filha mais amada.

- Nino, você é o melhor amigo do mundo! - Ela disse alto e ele sorriu, pegando-a nos braços e a rodopiando pelo quarto até que caíssem no meio das malas em cima da cama.

Entre risadas e brincadeiras idiotas, Bruno fez com que Carol se sentisse totalmente familiarizada com o ambiente, ajudou a garota a colocar suas roupas no lugar e a organizar seus pertences pelo quarto. Gargalhavam um tanto quanto alto quando ele encontrava alguma cueca ou outro utensílio masculino que não lhe pertencia no armário que agora que era da brasileira. A garota levou Curitiba inteira dentro das malas e eles passaram horas e horas desfazendo todas elas.

- Garota, eu nem estou acreditando que você está aqui - Ele fez aquela cara de príncipe encantado e Carol riu fazendo bico.

- Acho que foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida - Ela desabafou com um suspiro, dobrando mais um suéter.

- Sua mãe foi te levar no aeroporto, pelo menos?

- O que você acha? - Ele soltou o ar pesadamente e Carol assentiu. - Aposto que deu graças à Deus por isso, com certeza já deu um jeito de me riscar no mapa pra família inteira.

- Eu nunca achei que ela fosse fazer isso contigo...

- Eu sempre soube - Respirou fundo. - Desde o momento em que ela te condenou daquele jeito, eu soube.