Guadiana

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Seguiu o tempo apressado pelos caminhos da serra

Por entre os barrancos e as estevas com suas chagas,

Seguiu o tempo apressado, tanto ainda para ver...

Gentes que se perderam, que nunca mais ouvi falar,

Submergidas por memórias que desejo esquecer.

Irei eu reencontrá-las quando o tempo chegar ao mar?

Irei eu reencontrá-las quando descer ao terreno chão

Mortal e consumível e devorador de todas as coisas?

Pouco importa pensar sobre os destinos de Deus!


Leva ao peito a cruz de Cristo, filho,

Carrega ao alto o peso da história, neto

Debruça-te sobre o rio e olha, a água que passou

E não passará.


Canoas que afundaram faz décadas,

Barcas desprovidas de gente,

Coração ardente negro de dor,

Tudo foi ter ao mar depois da tempestade.


Olha!

Nasce o Sol nascente do outro lado do rio

A bandeira ergue-se no castro

E a vida na vila flora.

Olha!

Vão as nuvens para oeste

Canta o galo na alvorada

Regressa o homem à terra

Com a sua enxada

Porque chegou a hora!


(foto também da minha autoria)


14 do TerceiroWhere stories live. Discover now