CHAPTER SIX: WONDER WOMAN

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MALU

Não é fácil fingir gostar de alguém. Eu sei que ela está caidinha por mim, mas não é tão difícil perceber quando alguém apenas quer te usar. Desculpa, Julia. Eu não gosto de você. Não sou atraída por mulheres. Você foi apenas a ponte perfeita para que eu conseguisse esconder o objeto. O martelo. O tão almejado martelo. Sinceramente? Ninguém morre com apenas uma pancada de martelo. Se a intenção era matá-la, eliminá-la de uma vez, que usassem um machado ou mesmo um simples tiro de revólver na cabeça ou no coração. Sim, eu sei que é complicado conseguir uma arma assim, mas haviam outros jeitos de matar alguém. Por que um martelo? Quando Matt me ligou dizendo que precisava esconder um martelo, eu ri absurdamente alto.

-- Cê tá falando sério?

-- É a arma de um crime.

-- Você matou alguém?

-- Não, não eu. Mas isso não importa. Preciso que você encontre um lugar seguro para deixar esse martelo. Eu sei que você consegue.

E consegui. Se eu fosse uma super-heroína, com certeza seria a Mulher Maravilha. Não somente por suas habilidades, mas também pela beleza e pelo título de Mulher Fodona. Meu sonho. Matt é meu melhor amigo e o que ele me pediu não passou de uma simples tarefa a ser cumprida, como um dever de casa. Estou acostumada. Assistir séries e filmes criminais te dão experiência suficiente para lidar com esse tipo de situação. É quase como as pessoas que dizem ser formadas em Medicina apenas por assistir Grey's Anatomy. Na moral, seriezinha chata da porra. Não foi difícil conquistar Julia, a mais frágil da turminha. Um elogio aqui, outro ali, e ela se entrega facilmente. A estrela que vive em seu céu particular. Típico. Mimadinha do caralho. Eu não suporto pessoas assim. Depois de tudo isso, finalmente posso me livrar da coitada. Mas não tão rápido, ou poderei levantar suspeita. Não posso magoar esse coraçãozinho egoísta.

Estou na casa dela. Estamos deitadas na sala, sobre um edredom que cobre o chão. Se aqui tivesse uma lareira, seria como aquelas cenas ridículas de filmes românticos. Julia olha para mim com um sorriso cínico, querendo mais de algo que já fizemos duas vezes há algumas horas. Então vamos lá novamente. Tudo por prazer. Monto nela como um cavalinho e começo a beijá-la do jeito que ela gosta. Ela arranha minhas costas, enquanto mordo seus lábios. Empurro os braços dela, mas ela faz que não percebe e continua. Interrompo o beijo e seguro seus braços, amarrando-os acima de sua cabeça com um pedaço do edredom. Ela parece gostar disso. Beijo seu pescoço e vou descendo com minha língua até o seu umbigo. Ela se contorce, demonstrando estar adorando. Coloco minha cabeça entre as pernas dela e a chupo com força. Sacrifícios. Não demoro muito aqui, logo estou beijando-a novamente. Ela se desamarra e me domina, um pouco ansiosa demais, mas eu não ligo. Julia chupa meus seios, descendo até as minhas pernas. Ela parece me mostrar como se faz. Por ela, podíamos ficar aqui a noite toda. Mas tenho outros compromissos. Finjo um orgasmo intensamente e ela me olha de lá de baixo, com um sorriso patético. Então ela começa a se tocar na minha frente, mas não dou a mínima e corro para o banheiro. Quero mesmo sair daqui.

Depois do banho e já vestida, me despeço de Julia, agradecendo-a mentalmente por não ter pedido para eu passar a noite.

-- A gente se vê amanhã. - diz ela, sorrindo. - É sempre difícil te ver e não poder te beijar.

-- É, até amanhã. - respondo, abrindo a porta e saindo de uma vez por todas dali.

***

Se todos soubessem o quanto eu não suporto esse clubinho de merda, ficariam espantados por eu estar agindo como se amasse essas reuniões. Só estou aqui por duas razões: 1) a insistência de Matt em me fazer participar de um grupo de música; e 2) a presença da professora mais aclamada desta Universidade.

Ter aulas com Melissa é um sonho se tornando realidade. Se alguém pudesse me fazer ser lésbica, esse alguém seria ela. Que mulher! Ela traz toda a sua elegância ao meio do palco quando anuncia:

-- Mais um dia, mais uma apresentação. O microfone ficará livre para quem se dispuser a cantar. Por favor, não me façam escolher.

Hoje é o meu dia. Levanto com classe, felizmente usando meus óculos Rayban, e subo no palco para uma apresentação clássica de Still Loving You, da banda Scorpions. Eu poderia cantar alguma de Taylor Swift ou um rock mais pesado. Mas tenho que manter meu disfarce de pessoa doce e confiável, então escolho ela. Começo a cantar e percebo que a maioria a conhece. Realmente um clássico. Assim que finalizo, meus colegas me aplaudem, e então vejo Matt andando em direção ao palco. Ele está subindo. Agora ao meu lado. Meu amigo me dá um abraço e pega o microfone da minha mão gentilmente. Volto para meu lugar, enquanto Matt conversa com a banda.

-- Parece que teremos duas performances hoje! - comemora Melissa. - Quando você quiser, Matt!

Matt chama Carol e Jonas para se juntar a ele. No palco, os três cochicham alguma coisa que deixa Jonas animado.

-- Eu adoro essa música! - grita ele.

-- Vamos lá. Um, dois... Um, dois, três e...

Matt começa a cantar Sweet But Psycho, da Ava Max, acompanhado de Carol e Jonas. Também gosto dessa canção. A letra apresenta uma garota que é doce e divertida, porém louca e psicótica ao mesmo tempo. Matt está tirando onda com a minha cara. É uma brincadeira. Entro na zoeira e começo a cantar da plateia, percebendo que o pessoal está dançando, sorrindo e cantando junto também. Mal sabem eles que o único momento de alegria é aqui na reunião do grupo musical. Assim que meu amigo termina, todos aplaudem e comemoram.

-- Muito bem, crianças. Vocês sabem mesmo como se divertir! - diz Melissa, mostrando um sorrisão. - Infelizmente, não nos encontraremos mais nesta semana. Estou indo visitar minha filha nos Estados Unidos. Sei que o semestre acabou de começar, mas não me ausentarei por muito tempo. Estou com saudades da minha menina! - ela ri e faz uma pausa, olhando pra a gente. - As reuniões continuarão sob o comando da minha helper Vanessa, colega de vocês. Portanto, não fiquem chateados e, por favor, não deixem de se reunir. Pedi para Vanessa filmar as apresentações posteriores para que eu possa ver quando voltar.

Todos cochicham ao mesmo tempo, fazendo um barulhinho de vozes, o que faz com que Melissa peça silêncio.

-- Sugiro também - a professora continua - que nossos encontros passem a ser semanais e não mais diários. Acredito que seja melhor para todos. Ontem mesmo, a maioria de vocês não estava presente. Alguns perderam a ótima performance de Vanessa. Não deixem isso acontecer. Por hoje, é só. Nos vemos em breve!

O pessoal começa a levantar das cadeiras, dirigindo-se à saída do auditório.

-- Matt, vou ficar mais uns minutos. Vou falar com a professora.

-- Tudo bem, Malu. Te encontro lá fora.

Matt segue o pessoal que está saindo. Vanessa e Melissa conversam no palco e eu me dirijo até elas. A professora me olha com um sorriso de aprovação. Devolvo o mesmo olhar a ela. Que fofa! Melissa pega alguns materiais e se despede:

-- Tchau, meninas.

-- Até mais, professora. - digo, observando-a sair por detrás do palco.

-- Vocês podem ir também. - diz Vanessa para os músicos da banda. - Obrigado mais uma vez, galera. Conversamos depois.

Eles saem pelo mesmo lugar que Melissa saiu.

-- Finalmente a sós. - digo, olhando-a nos olhos.

-- Finalmente a sós.

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