C A P Í T U L O X X X I

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— Não sei. Talvez uma babá, ou garçonete. — ela deu de ombros, pensando. — Pensamos em alguma coisa depois, porque hoje você...

Rolei meus olhos, e suspirei. De novo ela tocando nesse assunto.

— Já disse que não vou nessa bosta de baile! — disse, e me levantei do chão. Andei pelo quarto de Cole até achar um espelho, e vi que realmente estava horrível. Meu cheiro então, nem se fale. — Não tenho nenhum motivo de ir à um baile da escola que eu fui expulsa.

— Você foi expulsa da Liga, não da escola. E também, não é um baile qualquer. Você está se formando, e nunca mais vai ter um igual a esse!

— Graças a Deus!

Agora foi a vez dela rolar os olhos.

O pôr-do-sol deveria vir logo, já que o sol que entrava no quarto brilhou no cabelo castanho escuro dela quando se levantou. Nara caminhou pelo quarto também, e se aproximou de mim.

— Seus amigos não tem culpa do que o Kyle ou a Silva fizeram. — minha irmã disse, segurando meus ombros. — Você não pode culpar eles, Nina!

— Eu não culpo eles. Só... — busquei a palavra certa — tenho vergonha de encarar todos ali. Era para eu estar na Liga, e eu sei que decepcionei todos da minha escola de alguma forma.

Duas semanas se passaram e eu ainda me culpava. Eu já sabia todo o discurso que ouviria da Nara a seguir, de que eu deveria me amar mais e esquecer um pouco os outros, mas isso ainda era difícil para mim.

Nara dizia que isso era culpa do meu coração, que sempre foi bondoso. Ela definia a bondade como "a qualidade de quem tem alma nobre e generosa e é naturalmente inclinado a fazer o bem". Mas, se fosse de menos, eu seria ruim. Se fosse de mais, como sempre foi, eu seria ingênua e as pessoas tirariam proveito, como minha mãe fez. Mas, acontece que eu nunca consegui medi-lá e saber o quanto era o suficiente.

O que deveria ser minha melhor qualidade se transformou, na verdade, no motivo de eu estar em aqui hoje. Não sei se me arrependia ou agradecia por esse fato.

— Isso não é sobre eles, é sobre você! — Nara continuou. — Esqueça todos, porque você não devia nada a eles. Era a Silvia quem pagava suas contas, e consequentemente o salário dos seus professores. E se tiver algum colega seu te olhando torto, lembre-se também que você não devia nada a eles. A vida é sua, e você merece aquele baile tanto quanto os outros.

— Eu não sei... — disse, duvidosa. Nara poderia ser bem convincente quando queria.

— Se você ficar aqui, você vai se arrepender. — ela tirou as mãos dos meus ombros, e procurou meu celular. Depois, entregou-o na minha mão. — Liga pra suas amigas, coloca seu melhor vestido e vai se divertir, irmã. Você ainda não tem 50 anos!

Ela me deu as costas, saindo do quarto. Depois de um tempo longe, finalmente peguei meu celular. Não tinha muita vontade de estar com ele, então não fiz muita questão. Sentei de volta no chão, ligando ele. Assim que ele estava iniciado, a foto que apareceu no fundo de tela era uma minha com o Kyle. Abri minha galeria e procurei a foto na íntegra para observá-la melhor.

Tínhamos tirado essa foto há um tempo, no recesso do final do ano. Estavamos no quarto do Kyle, deitados, depois de termos passado a noite conversando e bagunçando a cama dele. A foto estava em pouco embaçada porque eu tinha me mexido na hora, mas eu gostava muito dela. Eu sorria de cócegas que tinha sentido quando ele me pegou de surpesa e beijou meu pescoço. Depois dessa foto, seguindo a sequência que foi tirada, ele me beijava mais e as fotos acabavam, porque eu tinha largado o celular e nós voltamos a bagunçar a cama dele.

BROKEN HEARTWhere stories live. Discover now