CEGUEIRA

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       Dizem que o pior tipo de cegueira  é a mental, porque  não permite reconhecer o que está bem diante dos nossos olhos. Quando se instala, separa a falta de visão e estado de inércia que se encontram aqueles cujas mentes estão fechadas. Com isso, a menos que deixemos espaços para o confronto vindo de uma constante renovação  de nossa mente, padrões de pensamento e perspectivas, a tendência é continuarmos cegos; cegos que veem, mas, mesmo vendo, não veem.
O próprio Jesus, nos evangelhos, ensinava a respeito  desse tipo de cegueira, comunicando-se, inclusive, por meio de parábolas: ( Mateus 13:13-15)
   A cegueira  sucede de um coração endurecido. Um coração  que, aos poucos, possa a se embriagar com pequenas doses de egoísmo, ganância, outros tipo de hedonismo e uma busca disfuncional por autossatisfação. Uma situação que, sem freio, pode se tornar um estilo de vida. Talvez  uma das maiores diferenças então cristãos e não cristãos esteja na capacidade de enxergar  com os olhos espirituais, e não apenas carnais, o que, definitivamente, não quer dizer que, só  porque uma pessoa diz seguir a Jesus ela terá olhos espirituais apurados. Tudo depende do relacionamento com Ele. Qualquer  pessoa, mesmo dentro da igreja, é suscetível a estar debaixo do jugo da cegueira. Aliás, muitos têm caído no erro de pensar que, por frequentarem uma igreja, são mais esclarecidos espiritualmente e, por isso, de alguma forma, são melhores  ou superiores aos outros, e esse talvez seja um dos estágios  mais avançados de cegueira espiritual. É  por esse motivo que a renovação  de nossa mente é  tão essencial  em nossa caminhada cristã, porque o fato de estarmos em pé  não quer dizer que nunca iremos cair.
     A bíblia é recheada de narrativas que ilustram a cegueira dos olhos e mentes de muitas pessoas, mas talvez nenhuma  dela seja como a de Mateus 27, versos de 3 a 5:
Essa, talvez, seja a pior história da bíblia. Isso porque aponta a trajetória  de alguém que Jesus amou e cuidou durante três  anos e que, por fim destroçou tudo o que havia construído  graças a uma tradição. A traição é sempre dolorida, não simplesmente  pela consequência  final que acaba gerando, mas porque se desenvolve  através de episódios repetidos de mentira, em que aquilo que estava sendo feito é  escondido, forjando uma comunhão que já não existia mais.
Assim como qualquer pessoa, desde sempre, aprendi a não gostar da figura de Judas. O seu nome por si só  é sinônimo popular de deslealdade e falta de caráter em qualquer lugar do mundo. Não importa qual seja a sua religião ou crença, todo mundo sabe que chamar alguém  de Judas é mesmo que apelidar essa pessoa de falsa, traidora, covarde ou inimiga. Judas não é um nome, mas uma acusação. Com certeza, depois de satanás, Judas é a pessoa que mais temos propensão a odiar na bíblia, afinal ele foi o discípulo que de uma só vez conseguiu trair o seu melhor amigo. Mestre e filho de Deus. É ainda por cima, por dinheiro.  Isso faz com que seja praticamente impossível desenharmos uma boa imagem dele ou desejarmos, de alguma forma, nos relacionar com essa imagem, já que aquilo que fez no final descreditou completamente tudo de correto que ele tinha feito no começo. Judas pode até ter sido um bom discípulo durante o tempo que andou com Jesus. Mas ninguém nunca soube, porque na noite em que o entregou à morte, ele desvalidou todas as suas boas obras. A sua traição se tornou o seu único legado. Isso nos prova que não seremos lembrados pela forma como começamos, e sim como terminamos. O fim de Judas foi terrível, não apenas por causa de sua morte, mas porque ele, ao final de tudo, percebeu que não precisava de dinheiro, ele precisava de Jesus. Mesmo depois de tantos anos andando dia r noite com o mestre, ele ainda não havia entendido  aquele amor de forma correta. Por isso, ainda que em certa altura tivesse se arrependido, ele não sabia o que faze com aquele arrependimento, porque não havia entendido o amor por trás de Jesus. Ele andou com o amado, mas não o amou. Andou com a Graça, mas preferiu a desgraça, andou com aquele que era a porta, mas preferiu não entrar por ela.
Muitas vezes, pelas coisas que passamos na vida, temos dificuldade de nos sentimos amados e entender o quão  efetivo o amor pode ser em nossa jornada, ainda mais quando nos referimos ao amor de Deus. Porém, quando estamos cegos além da ausência de visão, perdemos também a percepção sobre as coisas, o que nos faz olhar  para a nossa realidade e não conseguir ver o que precisamos, e sim apenas o que queremos. A cegueira  nos confunde e coloca os nossos olhos  nas coisas erradas, então passamos a buscar descontroladamente os nossos desejos, e não aquilo que verdadeiramente temos necessidade. É o que precisamos de fato é sermos amados, ainda que não queiramos admitir. É preciso coragem para amar de verdade, porque isso implicará, diversas vezes, em da é receber aquilo que nem nós nem o outro gostaria: não porque damos algo ruim, mas porque oferecemos o que o outro realmente precisa, e vice-versa.
Quando penso nisso, sempre me lembro da minha mãe. Na época em que eu era pequeno e queria comer besteiras no café da manhã, almoço e jantar, ela não permitia, e ainda por cima enchia o meu prato com brócolis, arroz e feijão. Ela fazia isso porque sabia que apesar do meu desejo de querer comer besteira, o que eu precisava era de uma alimentação balanceada e saudável. Isso é amor. Imagine se ela tivesse me deixado comer tranqueiras em todas as refeições. Talvez hoje eu tivesse com problemas grave de saúde ou nem mesmo tivesse aqui. Mas essa é a beleza do amor: ele não é imediatista. Ele enxerga a longo prazo e, por isso, tem sossego em entregar o que é necessário, e não o que trará um prazer ou alívio imediato. É dessa forma que Deus nos ama. O problema é que a cegueira também tem memória curta. No final das contas, por causa da cegueira, Judas havia esquecido a quantidade de amor que havia recebido de Jesus, e que ainda estava disponível para ele. Trocou tudo isso por moedas. Isso quer dizer que,às  vezes, a estratégia do inimigo  não será fazê-lo pensar que o amor de Deus por você não exige, mas fazê-lo acreditar  que exigem coisas mais importantes e melhores para você, coisas que podem suprir  essa carência. O que Satanás fez foi enganar Judas para que ele pensasse que, precisava de dinheiro, sendo que o que ele precisava  era reconhecer o amor que já estava recebendo, porque se tivesse feito isso, o diabo não teria legitimidade de agir nele através dele.
   A palavra nos diz que, no momento  em que Jesus foi condenado, Judas percebeu o que havia feito. Esse foi o gatilho que o fez entender  a dimensão de sua escolha. O arrependimento trouxe cura para cegueira de Judas. É, naquele momento, ele finalmente  conseguiu  enxergar não o preço, mas o valor da vida de Jesus.  A impressão que eu tenho é que nós seres humanos, precisamos de uma queda fatal para percebemos que estamos caminhando no erro.
  A cegueira é sutil. Começa devagar, é silenciosa e parece não deixar rastros. Ela tem início com a nossa perda de foco e se desenvolve  toda vez que nos conformamos com a falta de clareza e definição em nossa vidas.
   Hoje, muitas pessoas têm experimentado um vida infeliz e sem esperança, e quando lhe perguntamos: "como você está?" Muitas respondem "está tudo bem!" A cegueira funciona assim. Todos percebem que existe algo errado, menos aquele que está cego, porque ele pensa conhecer o que está dentro si e o que está diante de seus olhos. É como alguém que tem bafo. Dizem que quem tem bafo não sabe,  o que é bem verdade. Alguns que estão por perto até alertam, mas outros se contentam em fazer caras e bocas, sem ter coragem de dizer o porquê. É esse é o problema, quando todos percebem, menos os que estão cegos muito ficam tão preocupados com os erros e as questão dos outros que esquecem de olhar para si menos. Isso, combinado com a falta de renovação  da mente e a falta de relacionamento com cristo, pó de ser mortal. Uma vez que a trava se instala em nossos olhos, se não for impedida, a tendência é o seu desenvolvimento desenfreado. Judas teve a oportunidade de se arrepender e voltar atrás. Mais , apesar das muitas chances, ele estava cego. É triste lidar com pessoas que se encontram nesse estado.
   Precisamos estar o tempo inteiro  pedindo para que o espírito Santo  sonde os nossos corações e revele a cegueira que pode existir em nós. Judas poderia ter revertido aquela situação, mas apesar do arrependimento, ele não foi capaz de enxergar reversão para o que havia feito. Talvez hoje você se encontre com Judas. E não tem problema descobrir que esta cego, mas agora que você tem a chance de abrir o seu coração e mente para receber cura para a cegueira que pode que pode existir em seu entendimento, a escolha é apenas sua. É bem verdade também que quem está cego não tem como saber que esta cego, e é por isso que precisamos do convencimento do espírito santo. Apenas ele tem o poder de trazer clareza às áreas escura do nosso ser. Só o amor de Deus, em todas as suas formas, é capaz de nos dar o que precisamos de fato, e não o que queremos. E o que precisamos é do seu amor.

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