Capítulo 1

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— Tessa, acorda! — Minha mãe me chacoalha os ombros e eu levanto pondo os pés no assoalho de madeira fria, às 6:00 da manhã.

— Mãe, ainda são.... — tento olhar o despertador em cima da pequena mesinha ao lado da cama.

— São seis horas, Tessa. E você precisa se arrumar.

Espalmo o rosto e sinto minha têmpora suar. Nervosismo. Ótimo! Minha animação está zero para hoje. Eu me levanto rumo ao banheiro. Pego a toalha branca e a escova de dentes. E ao me olhar no espelho, é a pior imagem que vejo todas as manhãs. Pareço a Beatrice Prior, em Divergente: evitando os espelhos. Eu escovo os dentes e tento deixá-los extremamente brancos. Obsessão por dentes brancos é um vício. Enxáguo a boca com água e pego o enxaguante bucal de cor azul-marinho. Isso arde porque contém álcool em sua composição. Ainda mantenho o líquido na boca e jogo fora, depois de alguns segundos.

Vou para o banheiro, já sem roupa, e deixo a toalha pendurada em um gancho e ligo o chuveiro.

— Tessa! Nada de demorar no banho! — Minha mãe grita da sala.

— Está bem, mãe! — Respondo de volta e não demoro muito para pegar a toalha, enxugar o corpo e ir para o quarto vestir roupa. Penteio os cabelos e faço uma maquiagem básica. Desço as escadas e minha mãe está servindo o café.

— Bom dia! — puxo a cadeira e me sento.

— Bom dia, querida! Aqui tem panquecas de Óreo, ovos mexidos e aqui está o seu café! Resolvi dar uma variada no cardápio. — Brincou.

Minha mãe põe o café na xícara e coloca ao lado do meu prato.

— Obrigado. Não vai se sentar?

Ela me olha e sorri.

— Tomei meu café faz uma hora. Apresse-se! Você está quase atrasada. — Ela diz, indo para a sala.

Aproveito e me delicio com os ovos mexidos. Bebo o café e mordisco um pedaço da panqueca de Óreo, com calda de chocolate e chantili. Me levanto e chupo os dedos, na pressa, limpando-os no guardanapo jogado sobre o encosto da cadeira, ao meu lado.

— Já vou mãe! — Grito da cozinha, avisando-a.

— Está bem! Cuide-se! — Ela responde.

Passo em torno da ilha que divide a cozinha da sala de jantar. Pego a mochila e saio pela porta dos fundos. A essa hora, o sol já aparece com seus lindos raios. Quentes como o inferno!

Subo na bicicleta e saio do lugar onde vivo.

Aqui é tudo muito pacífico. O ar é puro e fresco. As árvores que, em maioria são sequoias, dão uma vista mais verde e natural ao caminho, onde estão todas enfileiradas e com um largo espaço para o tráfego. Algumas quadras dali, está a minha escola secundária. Hoje é o meu primeiro dia no 14º ano. Ou melhor, o último ano do Ensino Médio. No início de Agosto. Pronta para finalizar! Quero fazer o meu melhor e terminar essa droga! Além de passar uma boa impressão, claro. Só que não. Eu não ligo para nada disso.

Deixei a bicicleta no bicicletário.

Fui entrando e reparei nas risadinhas bobas de alguns imbecis. Nada que deva preocupar-me. Fui andando pelo corredor, dobrei uma esquina e entrei na sala de aula. Me sentei não muito longe e nem muito perto do fundão. Por um momento, ouvi os burburinhos de alguns que pareciam caçoar de um garoto sentado ao meu lado, encostado ao canto da parede. Ele parecia estar envergonhado. Um tanto desconfortável.

Troquei de lugar e me aproximei dele.

— Oi! — Eu inicio, amistosa.. E ele me olha, um pouco sem graça.

The World Has Colors [DREAME]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt