The Princess

Jonathan Evans

O barulho estridente e conhecido do despertador acordou Jonathan. Desligou o aparelho e espreguiçou-se na cama. Mais uma noite mal dormida lhe fazia desejar voltar a dormir, mas sabia que a mãe gostava de sempre tê-lo a mesa do café da manhã e não queria explicar o motivo e querer passar mais horas dormindo.

Após um banho gelado, sentia-se uma pessoa. Separou roupas folgadas e confortáveis, uma calça de moletom e uma camisa grande. Não pretendia sair de casa hoje, então podia se dar ao luxo de sentir-se confortável.

Ouviu batidas fracas contra a porta e soube exatamente quem era, pois somente uma pessoa naquela casa tinha aquela delicadeza.

— Jon — a voz serena de Angeles era baixa, quase inaudível, mas Jonathan estava acostumado ao seu timbre — O café está na mesa. Sua mãe já desceu — suspirou. Se a senhora Suzana Evans já tomava café, todos na casa deveriam começar suas rotinas.

— Estou descendo, Angie.

Não ouviu uma resposta, mas sabia que a governanta já havia ido. Angeles precisava garantir que tudo na casa funcionava para que, quando Suzana fosse observar, estivesse perfeito. Há anos Jonathan se perguntava como Angeles aguentava esse emprego, mas nunca alcançou uma resposta sozinho e na única vez que teve coragem de perguntar para Angie, obteve um simples "estou onde tenho que estar".

Com uma última olhada no espelho, um sorriso sem humor surgiu em seus lábios. Pensou seriamente me trocar de roupa para evitar os comentários já conhecidos das pais, mas desistiu. Preferia os comentários sobre a roupa do que sobre o atraso para o café.

Discutia-se na cidade, as vezes, se a mansão dos Blake era maior do que a dos Evans e por mais que pudessem duvidar, a resposta sempre era a mesma: não era. A mansão Blake era enorme, mas não tanto quanto a dos Evans (e nem tão bem decorada, diria a mãe de Jon), o que era um pouco sem logica, sendo a dos Blake uma casa para quatro filhos, enquanto a dos Evans apenas para um, pelo menos, nos últimos sete anos.

Para Jon, sua casa sempre será a maior e sempre parecerá continuar crescendo dia a dia. Geralmente, quando se cresce em uma casa, você a vê diminuir com o tempo, afinal o olhar de criança some com o tempo e o castelo em que vivia desaparece. Infelizmente, conforme os anos passaram, Jon observou a casa ficar maior. Cada corredor era cada vez mais interminável. A escada parecia ganhar degraus novos toda vez que a usava. O jardim parecia maior a cada dia e, mesmo que quando criança fosse o seu lugar favorito na casa, agora parecia o mais vazio.

Jon sabia que tudo isso se devia a sua vontade de andar pela casa sozinho diminuir com os dias, principalmente nos últimos meses, tudo sempre necessitava de um esforço a mais sozinho; quando Julian e as meninas estavam com ele, nem mesmo notava ao redor para perceber se estava maior ou menor. Quando estava na casa dos Blake, sentia que ela era menor, mais acolhedora e com o corredor sempre cheio de pessoas.

Chegou ao último degrau e conteve a vontade de pegar o celular e chamar Julian; era sábado e o amigo devia estar passando pela sua própria sessão de café da manhã em família. Apenas isso o fazia odiar os fins de semana e as férias, não existia motivo para um fugir para a casa do outro tão cedo. Respirou fundo e entrou na sala de jantar que era onde faziam todas as refeições, logo o nome não tinha sentido.

Suzana Evans era uma perfeita rainha. Jonathan não tinha lembrança da mãe sem estar com o cabelo perfeitamente arrumado e a roupa impecável, mesmo durante crises de madrugada. Agora seus curtos cabelos negros estavam soltos, mas sabiam se comportar ao ponto de não caírem sobre seu rosto enquanto comia. O café da minha de sábado da mãe era sempre o mesmo: café, dois croissant e uma fruta.

— Bom dia — disse se aproximando da mãe e beijando seu rosto.

— Bom dia, meu amor — Jonathan viu quando os olhos da mãe analisaram suas roupas enquanto se apressava para sentar-se em seu lugar a mesa, a cadeira a frente dela. — O que vai fazer hoje?