Menino da casa 16

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Um corpo estirado
Cravado de bala
Uma arma apontada
Recém disparada

O vento não sopra mais
Na casa 16
Onde morava o moleque
A vitima da vez

Que vinha subindo o morro
Carregando nas mãos
Um celular de 4k
De ultima geração

Catado nas redondezas
Da praia de Iracema
O que era rotineiro
Fazia parte da cena

Mas o problema é que o moleque nem imaginava
Que por causa da missão
Teria sua vida ceifada

Vida essa
Que não valia aquele 4k
Pois na visão do play boy
Ele tinha que pagar

Mas não devia ser preso
Muito menos educado
Ele devia pagar
Com seu sangue derramado

Pois aquele celular
Valia muito dinheiro
Era um mês de mesada
Do tal play boy maconheiro

Mas o moleque era esperto
E já sacava a jogada
Imaginou que a polícia
Ia chegar na quebrada

E escondeu o aparelho
Muito bem intocado
No muro de um terreno
Totalmente abandonado

E o moleque partiu
Em direção ao seu lar
Pra avisar sua tia
Pra não se desesperar

Pois conseguiu o dinheiro
Que tanto precisava
Pra alimentar a filha dela
Que de fome chorava

Uma criança que nasceu
Sem conhecer o pai
Que sustentava a casa
Entregando jornais

Foi confundido
Como tantos outros
Pelo Brasil
Que foram assassinados
Por segurar um fuzil

Que na verdade só eram
Alguns jornais enrolados
Mas pra policia a noite
Qualquer um preto é um alvo

E foi assim
Que toda a história se repetiu
Mas dessa vez a culpa
Não foi do tal jornal fuzil

Foi do moleque em desespero
Por ver uma criança
Chorando desesperada
E uma mãe sem esperança

Ele fez a correria
E agora ia pagar
Pois as cirenes no morro
Já começaram soar

Não adianta implorar
Nem se arrepender
A única esperança
É só correr e correr

E tinha habilidade
Pra talvez ser jogador
Mas o moleque é tão pobre
Que nunca se quer sonhou

Mas mesmo sendo veloz
Ele não conseguiu
Ele pulava um muro
Quando seu corpo caiu

Ele sentiu em suas costas
As perfurações
Das balas que apagaram
As suas ilusões

Um corpo estirado
Cravado de bala
Uma arma apontada
Recém disparada

O vento não sopra mais
Na casa 16
Onde morava o moleque
A vitima da vez

Poesias para o humor - Da revolta ao amorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora