Olivia... Sempre Olivia

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A infeliz me encara de um jeito firme, mas sei muito bem que a atingi em cheio. Prova disso é que ela se defende imediatamente:

— Eu não sei o que você está tentando insinuar, Loki, mas Thor é meu amigo.

— Obviamente. — Rio de novo, inclino um pouco a cabeça e arremato: — Afinal, o que mais você poderia ser para ele, não é mesmo? Além de uma fiel amiga?

A expressão de Sif se fecha ainda mais e eu me delicio com sua humilhação.

Derrotada, ela prende a adaga em sua cintura, desvia do meu olhar, me dá as costas e começa a se afastar a passos largos.

E eu deveria deixá-la ir, mas, para meu desespero, me lembro de Olivia e de que como ela reprovaria o que eu fiz. Pior, imagino como ela ficaria desapontada se estivesse aqui e tivesse ouvido o que eu disse. Quase a vejo por um instante, balançando a cabeça negativamente.

Detesto me importar com a sua opinião — ainda mais porque ela nem está aqui —, mas é inevitável. E como se eu não tivesse mais controle sobre mim, me ouço dizendo:

— Eu não devia... — Paro de falar quando Sif detém o passo, se vira e me encara visivelmente confusa. Me amaldiçoo mentalmente e amaldiçoo aquele tormento em forma de midgardiana também, antes de desviar do olhar de Sif e completar relutante, quase inaudível: — Eu não quis dizer isso.

O silêncio que se segue é sufocante e tenho vontade de desaparecer. Não acredito que fiz isso.

Tão incrédula quanto eu — mas com certeza se divertindo internamente com isso —, Sif sorri discretamente e pergunta:

— Por acaso você está me pedindo desculpas, Loki?

— Claro que não, não seja ridícula! — despejo no susto, tentando me preservar e desviando do seu olhar novamente. — Eu só... Eu só estou... Retirando o que eu disse porque... — Me amaldiçoo novamente e, incapaz de explicar por que estou agindo assim, cerro os punhos, engulo em seco e desconverso como se meu estranho comportamento não significasse absolutamente nada: — Porque sim. Agora me deixe sozinho.

Para meu desespero, Sif não só não se retira, como me provoca com um deboche e uma satisfação palpáveis:

— Ora, ora. Eu não acreditaria se não visse com os meus próprios olhos, mas veja só. Parece que você realmente mudou... Gafanhoto.

Ergo meu olhar em sua direção, lhe fitando de um jeito raivoso por ouvir este maldito apelido de novo. Apelido que apenas me remete ainda mais àquela midgardiana mentirosa. Como se eu realmente precisasse de mais um motivo para pensar em Olivia...

Antes que eu pense em uma forma de me defender, Sif sorri mais abertamente e deixa a sala do trono.

Permaneço sentado na escadaria, pensando na forma como venho me comportando ultimamente. Em como tenho me sentido vulnerável, confuso e... Infeliz. Em como tenho evitado ao máximo conversar com Thor ou quem quer que seja. Em como tenho evitado o assunto proibido — lê-se Olivia. Em como estou com raiva de tudo e de todos. Em como estou com raiva de mim mesmo por começar a cogitar que talvez a midgardiana não tenha me manipulado, afinal. Pelo menos, não o tempo todo.

Sim, Olivia pareceu sincera em alguns momentos. Na maioria deles, eu acho. Como naquela estrada, por exemplo, quando me disse como se sentia, antes de nós nos...

Sinto certo calor ao relembrar o que aconteceu entre nós e me levanto, ainda com mais raiva de mim por ter essas sensações impróprias quando penso nela.

Começo a me afastar, mas me detenho quando uma voz odiosa me chama:

— Loki.

Viro-me imediatamente e observo Odin, o ilustríssimo e pedante Pai de Todos, adentrando o recinto e se dirigindo ao trono.

Trapaças do DestinoWhere stories live. Discover now