Benigno ainda não estava satisfeito, tinha mais coisas a acertar com Victoriano e ficou encarando os dois se distanciarem juntos, a certeza em usar Inês para feri-lo tinha ficado mais forte e ele não perdia por esperar. Inês começou a chorar assim que saíram das dependências da escola, seu coração estava acelerado, suas mãos tremiam e as pernas fraquejaram e foi preciso ser amparada por Victoriano.

— Você é um idiota. — Inês bateu no peito de Victoriano com raivar por toda aquela confusão.

— Você vai ficar contra mim? — se afastou para encará-la. — Se for fazer isso, então é melhor você voltar lá pra dentro e deixar que ele te faça ser mais uma qualquer aos olhos de toda a escola. — apontou na direção da escola e Inês o encarou com mais raiva.

Mais que caralhos ele estava fazendo ou falando? Não era momento para estar brigando entre si, Victoriano quase levou uma facada, podia sentir suas mãos tremerem de medo de vê-lo machucado, mas ali estava ele sendo mais uma vez um idiota. Victoriano estava entendo o silencio de Inês totalmente errado e então continuou falando.

— É isso que quer? Por isso correspondeu o beijo que ele te deu só pra se vingar de mim? — estava muito bravo.

Inês sentiu seu coração se aperta no peito, não podia acreditar que Benigno só havia beijado por vingança.

— Isso não é verdade!!! — aquelas únicas palavras foram como um tiro no coração dele.

Victoriano sentiu tanta decepção, seu coração comprimiu tanto que sentiu dor, não era possível que Inês fosse tão ingênua ao ponto de não perceber que o único que Benigno queria era se aproveitar dela, afastou-se completamente dela e antes que a magoasse com suas palavras a deixou ali e foi embora chutando tudo que via pela frente. Victoriano tudo que fazia era cuidar de Inês, mas ela não queria ser cuidada e se queria cair nas graças de benigno que o fizesse, mesmo que isso doesse sua alma.

Inês gritou para que voltasse para conversa, mas ele sequer olhou novamente para trás e ela chorou sentido sem saber se iria ou não atrás dele, mas era melhor que o deixasse esfriar a cabeça ou iriam brigar. Cristina não demorou a aparecer, carregava as mochilas deles e encontrou a amiga aos prantos, Inês a abraçou e chorou mais.

— Ele está mesmo bravo. — Cris concluiu por não vê-lo ali ao lado da amiga, mas também conseguia ver melhor a situação que os dois.

— Você acha que eu vou atrás dele? — Inês soluçou nos braços da amiga, mas não conseguiu ser respondida, a diretora as chamou para dentro.

Inês olhou uma ultima vez na direção em que Victoriano havia ido, queria muito ir atrás dele, mas Cristina a puxou para que fosse logo ou a diretora voltaria para buscá-la. Quando chegaram a diretoria, Benigno já estava ali ao lado de seus amigos, sorriu para ela e pela primeira vez seu sorriso não a afetou, estava preocupada demais com Victoriano para se importar com sua presença.

A diretora não demorou a chamá-los, a mais velha ouviu a todos e mesmo com a defesa das duas jovens, Victoriano saiu como o maior culpado de toda a briga. Para Benigno aquilo era só o começo de sua vingança e com um sorriso largado no rosto, seguiu ao lado dos amigos para a aula.

(...)

MAIS TARDE...

Victoriano passou a maior parte do seu dia em silencio, trabalhou ao lado do pai, foi interrogado pela mãe que não sossegou enquanto ele não contou o que havia acontecido, Valentina o repreendeu pela briga, mesmo que já tivesse dezoito anos, ela ainda era responsável por ele na escola e iria resolver com a diretora no dia seguinte. Victoriano apenas respirou fundo quando foi obrigado pelo pai a ir à cidade resolver um problema, não queria sair de casa, arriscar encontrar Inês ou até mesmo Benigno, não sabia do que era capaz se os vissem juntos, ou até mesmo sozinhos, mas não queria ver sua melhor amiga, não queria estar perto de alguém que não queria ser defendida.

Inês até tentou falar com ele depois da aula, mas foi mandada embora de sua casa a deixando ainda mais chateada com toda aquela situação, não queria trocar sua amizade por Benigno, mas Victoriano já achava que ela o havia feito. A morena chorou no colo da mãe por um bom tempo ao voltar pra casa e passou a odiar Benigno por estragar sua amizade era um idiota e precisava ficar longe dele se quisesse ter seu amigo de volta.

Quando Victoriano estacionou o carro na frente do armazém, respirou fundo, olhou para os dois lados, saiu do carro e caminhou até a porta do estabelecimento, mas para a sua desgraça Benigno saiu dali e se encararam prontos para mais uma briga. Benigno não estava disposto a apanhar mais uma vez, fazer ridículo na frente dele, não pensou muito, tirou do bolso seu canivete e acertou Victoriano na barriga que nem ao menos teve tempo de se defender e foi ao chão com a mão cheia de sangue.

Até breve.

POR VOCÊ - IyVOnde histórias criam vida. Descubra agora