We Can Always Win

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Quatro anos. Quatro anos celebravam-se desde que se conheceram pela primeira vez nos seus primeiros jogos olímpicos em Sochi. Quatro anos desde que o final da partida consagrou a vitória da equipa canadiana. Cerca de três anos desde que se tornaram exclusivas e oficializaram o romance que ninguém julgou possível.

Um romance que começou na primeira noite que se viram no bar de hotel, a atração que sentiram levou-as a gravitar para o encontro uma da outra. A pressão e o stress que sentiam dentro do campo aliviado pelas noites que passaram juntas dentro das quatro paredes do quarto de hotel. A atração mantida em completo segredo porque sabiam como a homossexualidade era vista naquele país. Um romance que terminou no momento que os jogos acabaram, mas retomado meses mais tarde quando Kim foi contratada para jogar na mesma equipa que Ivy. Assim, sem qualquer distancia entre elas, sem qualquer rivalidade, os seus sentimentos começaram a surgir. Sentimentos que nunca desapareceram e apenas aumentaram com o tempo que passavam juntas.

No último ano, mesmo com a distância que as separou por vários meses para a preparação dos jogos, a sua relação permaneceu forte. Ivy ainda nos Estados Unidos com o seu treino para a equipa americana enquanto Kim voltou para o Canada e para a equipa canadiana. Seis meses passaram com visitas casuais todos os meses apenas para passar o fim de semana. Seis meses em que o silencio reinava pela casa quando Ivy chegava. Seis meses em que ela acordou com o lado da cama de Kim completamente gelado. Seis meses em que ela via a presença de Kim mesmo sem ela lá estar através do seu perfume, livros, pelo seu gosto refinado por decoração ou até pela forma como o seu lado do armário estava sempre desleixado – mesmo sem qualquer roupa.

A rivalidade por jogaram em equipas separadas atenuada pelos sentimentos. Cada uma sabia exatamente o seu trabalho apesar de os corações também sofrerem. Principalmente hoje e nesta posição. Na posição que sabiam à qual iriam chegar: frente a frente na final. Uma leva o ouro, a outra a prata. A repetição do que aconteceu à quatro anos atrás, a única diferença: o tempo que passaram enquanto namoradas, colegas de equipa e, mais importante, como amigas.

Kim conhecia todas as caras ou, pelo menos, maioria das caras da equipa adversária que cumprimentou no inicio do jogo. Grande parte daquelas mulheres eram as suas colegas quando estava nos Estados Unidos, eram aquelas que a defendiam durante o jogo, eram elas a sua equipa. Uma equipa que considerava ser a sua casa apesar de, neste jogo, estar oposta a elas a usar uma camisola vermelha e branca com o desenho de uma folha de acer. Uma camisola que representava o seu país, a sua Pátria; o país que nunca pensou abandonar mas que, ao mesmo tempo, não era mais a sua casa.

Durante os sessenta minutos da partida, o país que representava era a coisa mais importante na sua mente. Mais do que tudo ela era uma profissional, estava a jogar para fazer o seu país feliz, para fazer toda a gente na audiência rir e gritar em vitória. Exatamente o mesmo que Ivy e as suas amigas. A única coisa que não estava a fazer era celebrar os golos, tal como a sua namorada. Em vez de celebrarem, elas voltavam para as suas posições enquanto o público e as suas colegas de equipa pulavam e gritavam.

A terceira e última parte da partida fez todas as jogadoras tensas. Três pontos para cada equipa fazia o resultado um empate. O nervosismo e o cansaço faziam os níveis de stress mais altos, o suor escorria-lhes pela cara por baixo de toda aquela roupa e proteções.

Kim estava exausta. O seu corpo queria descansar e a sua mente pedia-lhe para relaxar. Ela não queria ir a penaltis para encontrar a equipa vencedora mas, ao olhar para cima, ela viu o relógio mostrar apenas trinta segundos enquanto se preparavam para o face-off. Os seus olhos divergiram para a sua namorada no outro lado do banco da sua equipa e um pequeno sorriso mostrou-se nos seus lábios por vê-la tão focada no que acontecia. Os seus cotovelos sobre o rail e as suas mãos enluvadas apoiavam o seu queixo, o stick encostado ao seu lado enquanto trocava comentários com a colega de equipa ao seu lado. As luzes que embatiam no gelo reluziam-se nos seus olhos enquanto uma expressão séria ocupava a sua cara.

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⏰ Last updated: Feb 12, 2020 ⏰

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We Can Always Win [Versão Portuguesa]Where stories live. Discover now