A mesa estava atafulhada com contas. Eu lembro-me de me escravizar sobre as taxas junto da mesa e todos os palavrões que eu sussurrava sobre a minha respiração quando eu percebia que estávamos a ficar sem dinheiro. O mesmo sofá de uma loja de ‘usados gentis’ ainda estava em frente da pequena e plana box da t.v que estava a descansar numa prateleira.

A cozinha podia ser vista da entrada, e eu podia até ver o Advil que eu tinha deixado ali para ele na noite em que parti. Haviam pratos sujos empilhados no lava loiça, tantos que eu duvidei que ainda sobrassem pratos limpos para usar.

“Aqui está ela!” uma nojenta voz riu. Eu congelei e levantei o olhar para o Jake, parecendo o mesmo, excepto que agora ele tinha deixado crescer alguma barba. “Finalmente decidis-te voltar a casa, eh?”

“Mais de forma forçada.” Eu sorri docemente, sentindo-me sarcástica. Eu honestamente não queria saber se ficava magoada, porque não haviam muitas mais razões para viver. Eu tinha sido levada da minha família e forçada a vir para este sítio horrível, porque iria eu querer permanecer por aqui?

“Não é esse o espírito, querida.” Ele agarrou o meu lado e puxou-me para si, beijando a minha testa. Eu imediatamente senti picadas na minha suada testa. Lembrava-me de como o Niall beijava a minha testa, os seus lábios estavam moldados e ele mantinha-os no lugar.

“Não me chames querida.” Eu retorqui. “Eu não sou a tua querida.

“Parece que tu arranjas-te um pouco de atitude enquanto estiveste fora. O que aconteceu à pequena Avery? Não é tão doce agora, huh?”

“Exatamente.” Eu dei de ombros.

“Bem, eu não gosto disso.” Eu ouvi algo fazer barulho enquanto eu dava passos atrás, e só uns segundos eu percebi que o barulho vinha dos meus ouvidos. A picada na minha bochecha começou a acalmar e eu poderia ter gritado, eu estava tão zangada.

“Tu não vais responder. Entendido?” ele lançou os seus olhos sobre mim. Eu assenti e decidi não puxar por ele, eu só me iria arrepender. “Tu não trouxeste também a miúda, pois não?” o Jake virou-se para o Marcus, que sacudiu a sua cabeça.

“Não, eu deixei-a com o namorado.” O Marcus assegurou. O Jake riu-se e sacudiu a sua cabeça, virando-se. Ele colocou as suas mãos na sua cabeça, não nos encarando. Primeiro, eu estava confusa com o que ele iria fazer, e depois, subitamente, ele esmurrou um candeeiro próximo, que caiu na horrorosa carpete azul.

“Namorado, huh?” o Jake perguntou-me. “Tu pensavas mesmo que podias ter outro homem depois de mim?”

“Sim.” Eu disse com confiança.

“Bem, erro teu. Porque agora, ele terá também de pagar.” Ele disse simplesmente. Eu perdi a respiração e virei-me para o Marcus, que permanecia ali ignorantemente.

“O Marcus disse-me que eu viesse, mais ninguém se iria magoar.” Eu falei, lágrimas a espreitar nos meus olhos. “Por favor, não o magoes. Não magoes ninguém, okay? Tu tens-me a mim agora, tu tens o que queres.”

“Mas nunca é bom o suficiente.” O Jake encolheu os ombros. “Tu deverias saber isso a esta altura.”

Eu sentia-me doente. Eu sentia-me traída. Mas o que mais eu poderia esperar de estas três maravilhosas cabecinhas? Claro que eles me iriam enganar a pensar que se eu viesse com eles a minha família ficaria bem. O que lhes iria acontecer agora?

“O que queres que u faço?” eu perguntei. “Eu faço qualquer coisa, eu preciso que saibas isso.”

Motel 6 [Niall Horan] (Tradução em Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora