Estou escrevendo isso sob grande tensão. Estou em uma carruagem apertada, junto com Julien e Azelma. Faz algumas horas que saímos de Paris. Me perdoe pela letra trêmula, mas é que preciso escrever isso. As últimas horas foram maravilhosas e um tanto assustadoras. Direi tudo a você:
Logo após o jantar, subi para meu quarto e espiei pela janela. A rua estava, para minha surpresa, calma. Perto das nove da noite, a velha nojenta se recolheu. Esperei mais algum tempo. Nove. Nove e meia. Dez. Perto das onze, ouvi o som de pedrinhas na janela. Era o sinal. Rapidamente, peguei o saco com meus pertences e pulei da janela. Foi fácil, porém arriscado.
- Está tudo pronto?- Julien sussurrou para mim.
- Sim. Tudo pronto. Vamos?
- Claro!- Pela primeira vez, ouvi a voz de Azelma.
Saímos dali rapidamente. Logo, avistamos a carruagem. Nos aproximamos dali correndo e com o coração aos pulos. Joguei o saco na carruagem e pedi para que Julien e Azelma subissem no veículo. Cumprimentei minha tia e meu pai, que, para minha surpresa, estava ali também. Meu pai me puxou para um abraço apertado e angustiado.
- Traga sua mãe de volta. Ouviu bem, Marius?- Ele sussurrou, com os olhos azuis cheios d'água.- Traga ela viva e bem.
Sua voz era tensa e preocupada. Saí do abraço.
- Eu prometo.- Disse, entrando na carruagem. Pedi para que o cocheiro saísse dali logo. Ele me obedeceu. Assim que o veículo começou a sacolejar, comecei a escrever.
Pararei por aqui, diário e leitor. Estou exausto.
Sinceramente,
Marius Chermont
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Laços de sangue [DESCONTINUADO]
Historical FictionEssa é uma estória sobre ódio, saudade e processos judiciais.