Forever - PJM

2 - Que pareça com você

Chegamos.

- Está fechado - digo e ela suspira.

Dado a hora, era esperado que estivesse fechado.

- Que merda - ela chuta umas pedrinhas na calçada.

- Tem um bar aqui próximo - digo.

- Não - ela diz rápido. - Não gosto de bares.

- Por quê? - pergunto desconfiado.

- Porque...

- Porque...? - repito pedindo que continue.

- Sempre têm homens bêbados que tentam passar a mão em mim - fala.

- Sério? - pergunto surpreso.

- Claro. Não devia, mas é uma coisa normal.

Nunca tinha percebido esse tipo de coisa.

- Não conheço nenhum supermercado próximo - digo.

- Então vamos no shopping - ela sugere.

- Também já fechou.

Ela grita de frustração.

- Vamos numa farmácia - ela diz. - Têm farmácias que não fecham.

- Mas é difícil achar álcool em farmácias.

Ela suspira e se agacha frustrada.

- Calma - paro para pensar. - Acho que tem uma loja vinte e quatro horas aqui perto - digo.

- Sério? - ela me encara esperançosa.

- Por que eu mentiria? - pergunto provocando-a.

- Só vamos logo.

- Certo - digo ainda rindo dela.

Vamos até a loja e ela pede que eu pegue cervejas enquanto escolhe alguma coisa para comer porque assim será mais rápido. Assinto e ela e entra animada.

Depois de pegar as cervejas que eu gosto, já que ela não disse nenhuma preferência, ela me entrega o que pegou e o dinheiro, e pede para eu pagar porque vai ao banheiro.

Pago e a espero do lado de fora.

Ela sai e dita o caminho até um parque vazio onde sentamos num dos bancos. Entrego a primeira garrafa e ela bebe alguns goles antes de começarmos a conversar:

- E então qual o seu nome? - pergunto.

- Não vem ao caso - ela diz.

- Sua idade? - tento novamente.

- Não vem ao caso.

- Onde você nasceu? - última tentativa.

- Busan - ela fala e me surpreendo.

- Busan? - pergunto para ter certeza.

- Sim - ela fala. - Por quê? Algo contra?

- Não, eu também sou de lá - digo.

- Sério? - pergunta surpresa. - Que mundo pequeno.

- Pois é - digo lhe dando a segunda garrafa.

Ela bebe um gole da cerveja e sorri.

- Nossa, que amargo - ela ri.

- Você acha? Eu acho gostoso - digo.

- Faz tempo que não bebo, acho que um vinho seria mais gostoso e tiraria minha sanidade antes, mas é só para ficar bêbada de qualquer jeito - ela dá de ombros.