Capítulo 24

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                   • Narrador •

Elizabeth não havia conseguido fechar os olhos durante a noite, mesmo que tivesse deitada ao lado de Harry. Ela se sentia monitorada ou perseguida o tempo inteiro, como estar em reality, mas as consequências poderiam ser piores.

Os seguranças espalhados do lado de fora do prédio, na entrada do elevador ou até na porta do apartamento não pareciam ser o suficiente para a garota. Mas ela não poderia se trancar em casa para o resto da vida, mesmo que essa ideia fosse tentadora.

Olhou ao redor do gigantesco quarto de Harry, que parecia ser do tamanho do seu pequeno apartamento, e analisou o quanto seus estilos de vida eram diferentes. Apenas um quadro que ele colecionava em sua parede, poderia valer alguns milhões de dólares, juntamente com os carros luxuosos e os patrimônios líquidos que ele possuía. Tudo isso era incomparável com o único bem material que Elizabeth poderia contar, que era um carro antigo que sua mãe havia lhe deixado de herança.

Rose faleceu há alguns anos, devido à um câncer incurável. Foi como se a vida tivesse perdido um pouco mais de cor desde que ela se foi, pelo menos para Eliza, sua querida filha. Poderia descrever o ato da adoção como um ato de amor verdadeiro, porque graças àquela mulher ela sabia o que era ter uma família que a amava. Elizabeth não se recordava muito bem dos pais biológicos, e talvez fosse melhor assim.

- Acordada tão cedo? - a voz rouca de Harry a assustou, tirando os pensamentos da sua cabeça. Ele estava sendo coberto por um lençol branco, mas algumas de suas tatuagens estavam à vista, especialmente a que Eliza mais apreciava. As andorinhas desenhadas em seu peito.

- Na verdade, não consegui dormir essa noite. - respondeu, com um pequeno sorriso. - Acho que você está atrasado para o trabalho, Harry.

- Eu tirei férias da empresa. - disse simples. - Talvez dias ou meses, ainda não decidi. Mas não posso e nem quero ficar longe de você. Não agora.

- Você não pode abandonar tudo por minha causa. - ela bufou irritada. - Os seus seguranças estão aqui, e eu posso ficar  sozinha por algumas horas enquanto você trabalha.

- A Styles Enterprises não é nada comparada a você, Elizabeth. - Harry a puxou para perto de novo, passando o braço ao redor da cintura da garota. Ele adorava a maneira que sua respiração se acalmava apenas com o toque de Eliza. - E eu já estava planejando isso há um tempo, para poder visitar a sua família no Natal. Sei o quanto é importante para você.

- Tem algo que eu gostaria que você soubesse. - comentou, se sentando na cama de novo.

- O quê? - ele questionou.

- Quando eu era criança, talvez pequena demais para me lembrar, fui deixada na porta de um orfanato. - esse era um assunto delicado, o qual ela detestava contar para qualquer pessoa, mas se sentia segura de falar para Harry. Ele a olhava com confusão. - E passei um bom tempo na fila de espera, foram anos que a minha vida parecia um inferno. Eu não conseguia entender o porquê de ter sido largada naquela situação, afinal, o que eu tinha feito de tão errado para merecer aquilo? - algumas lágrimas começavam a se formar em seus olhos, e nos de Harry também.

Ele não exitou em abraçá-la com todo amor que ela merecia, e não pôde evitar que as lágrimas tomassem conta.

- Eu sinto muito, Eliza.

- Até que os meus pais apareceram um dia, prometeram que eu teria uma boa família e até poderia adotar um cachorrinho. - ela riu, relembrando cada detalhe daquele dia. - E eles conseguiram me tirar daquele lugar, me deram uma casa e uma vida a qual agradeço todos os dias.

- Eu não sabia que você havia sido adotada. - Harry comentou, depositando um beijo no rosto da garota.

- Foi um período ruim que eu prefiro não lembrar, mas pensei que você deveria saber. - diz ela. - Eu perdi minha mãe há poucos anos e foi como mais uma rasteira.

- Eu sinto muito, de verdade, Eliza.

- Obrigado, Harry. - ela sorriu, abraçando-o mais uma vez. - Tê-lo comigo nesses últimos meses têm sido uma das melhores coisas que já aconteceu. Por mais que você aja como um idiota as vezes...- gargalhou. - Eu vou continuar te amando.

- Em uma única frase você conseguiu me xingar e dizer que me ama, não há melhor maneira de demonstrar seus sentimentos. - ele respondeu divertido.

- Estou aprendendo com você, Sr Styles. - sorriu maliciosa, retirando o lençol que cobria os seus seios, apenas para provocá-lo.

- Seus golpes de sedução estão ficando cada vez mais baixos. - ele riu, encarando o belíssimo corpo da mulher na frente dos seus olhos. Para ele, a mais bonita de todas.

- Isso é bom, não é? - murmurou, sentando no colo de Harry. - Ou vai ousar dizer que não gosta?

- Honestamente, da maneira que estou agora não consigo raciocinar se isso é bom ou ruim. - ele apontou para o seu membro, que já pressionava a coxa de Elizabeth. - É de manhã e você sabe que esse horário é perigoso, ainda mais com você em cima de mim. Sem roupa. - ele ergueu a sombracelha, de bom humor.

- Você se rende muito fácil, não acha? - ela perguntou.

- Para você, sim. - Harry sussurou, virando a cabeça para trás enquanto Eliza se movia de propósito em seu colo. - Você sabe que eu não aguento quando faz isso...

Uma batida na porta foi ouvida, atrapalhando o clima íntimo do casal. Os dois cobriram seus corpos com os lençóis depressa, e Harry levantou para ver quem estava incomodando tão cedo. Era o chefe da segurança que havia sido contratada para protegê-los.

- Bom dia, Sr Styles. - o homem esguio de talvez trinta anos, cumprimentou.

- Bom dia, James. - respondeu Harry. - Será que não podemos resolver qualquer tipo de assunto mais tarde? Agora é um momento delicado.

- É do seu interesse. - James murmurou, para que Elizabeth não pudesse ouvir e se preocupar. - É melhor irmos até seu escritório.

- Irei colocar uma roupa. Me encontre lá. - disse Harry, fechando a porta.

- O que houve? Tem alguma coisa errada? - Elizabeth indagou confusa, levantando-se da cama.

- Eu não sei. Mas quero que me espere voltar aqui, por favor. - ele se limitou em poucas palavras antes de sair do quarto, mas estava nítido que havia algo acontecendo.

A garota era curiosa o suficiente para não obedecer as ordens de Harry. Rapidamente vestiu um roupão branco, e não hesitou em caminhar até o escritório sem fazer o mínimo de barulho. O apartamento estava totalmente vazio, apenas as vozes de James e Harry podiam ser ouvidas por todo o lugar.

Ela parou atrás da porta, colando o ouvido na parede para ouvir com mais nitidez.

- O que é isso? - era a voz do seu namorado.

- Chegou hoje pelo correio, endereçado a você, Sr Styles. É uma carta.

- "Olá, querido Harry. Como vai a relação com sua antiga secretária? Aposto que tudo bem... Por enquanto. Da mesma maneira que você arrancou tudo de mim, eu irei arrancar o seu bem mais precioso da forma mais brutal possível. Você sentirá a maior dor da sua vida e isso me mantém alegre... Eu chamo de vingança." - Harry terminou a leitura, e o som alto da sua mão batendo contra a madeira da mesa ecoou, assustando-a.

- Quem enviou isso, Sr Styles? - perguntou James.

- Carlos Sangester. - aquele maldito nome embrulhou o estômago de Elizabeth, e ela foi obrigada a correr até o banheiro mais próximo para vomitar.




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