Dei uma rápida olhada nos meus e-mails antes de preparar algo para comer, e lá estava uma mensagem da empresa que eu havia enviado currículo a meses atrás. Não pude me conter e abri o email.

"Olá, senhorita Clifford. Suas qualificações são ótimas, mesmo que nunca tenha trabalhado na área da moda. Mas nós precisamos de alguém jovem e entusiasmada para esse emprego, e gostaríamos de informar que você foi selecionada para a vaga."

Essa era um empresa do ramo de de jóias, a qual sempre tive o sonho de trabalhar como desenhista. Larguei o notebook no sofá e saí gritando pela casa inteira, como uma louca descabelada, mas quem ligava pra isso?

Finalmente, irei trabalhar com o que me formei na faculdade.

Estava ansiosa para que Harry chegasse e eu pudesse contar todas as novidades. Ele estava se tornando uma parte indispensável da minha vida, alguém que eu não poderia passar um único dia sem ver e conversar.

Não faço ideia do que nós dois temos, mas é especial o suficiente para que eu possa acreditar em um futuro ao seu lado. Ele diz que não quer nos rotular, mas transar quase todos os dias deve merecer um rótulo, não é?

Ouvi a campanhia tocar e corri para atender. Lá estava Harry, parado em minha frente como uma belíssima estátua do Louvre. Seus olhos verdes são tão profundos e gentis ao mesmo tempo, que nunca serei capaz de me acustumar.

- Não vai me convidar para entrar? - indagou irônico, mostrando-me uma garrafa de vinho que ele havia trazido para acompanhar o jantar.

- Claro que sim, bobo. - dei espaço para que ele pudesse passar, e fomos até a cozinha. - Por que demorou tanto para chegar? Eu estou morrendo de fome, Harry Edward.

- Você está sempre com fome, não é culpa minha.

- Eu tenho uma coisa pra te falar... - murmurei. - É muito importante pra mim que você me apoie nisso.

- Eu sempre vou te apoiar em absolutamente tudo, Eliza. O que é? - ele perguntou curioso.

- Consegui um emprego na maior empresa de Jóias americana. - falei empolgada. - Isso não é ótimo?

- Isso é maravilhoso, meu amor. - sim, ele acabou de me chamar amor enquanto sou envolvida em um abraço apertado. - Estou tão orgulhoso de você. Mas é uma pena que não irei te ver mais todos os dias na sua mesa. - ele disse sorridente.

- Não seja egoísta comigo. - brinquei, servindo a comida japonesa que eu encomendei para o nosso jantar. - Pensei que você não aceitaria muito bem essa ideia de eu trabalhar em outro lugar.

- Eu quero que você seja bem sucedida, Eliza. E não me importo de te deixar ir todas as vezes que forem necessárias. Mas, saiba que as portas da Styles Enterprises sempre estarão abertas para você, se precisar.

Depositei um beijo em seus lábios, agradecendo pela sua compreensão. Harry é um homem intenso, tem sentimentos demais e não consegue escondê-los, e eu sei quando ele está sendo sincero com as palavras, como agora.

Não precisava de sua permissão para mudar de emprego, mas gostaria de ter o seu apoio. E eu o tive.

- Como foi o seu dia hoje, Sr Styles? - questionei, comendo um dos sushis que roubei do prato de Harry sem que ele percebesse.

- Precisei almoçar com um antigo amigo do meu pai, ele também é o nosso sócio mais antigo na empresa de aviação da família.

- Empresa de aviação? - perguntei confusa.

- É, eu pensei que soubesse disso. - ele riu descontraído, bebendo um pouco do vinho. - Eu possuo várias empresas ao redor do país em ramos diferentes. Inclusive, terei que viajar à Suíça amanhã para resolver alguns problemas financeiros.

- Você vai ficar longe por quantos dias?

- Apenas dois dias. - respondeu simples. - E eu sinto muito por te deixar sozinha, mas é importante que eu compareça nessa viagem. Acho que seria bom te entregar uma cópia das chaves do meu apartamento, aí você pode ir lá quando desejar.

- Eu vou ficar bem, Harry. - sorri. - Não precisa se preocupar.

- Você tem habilitação, não é? - ele questionou.

- Tenho sim. Por quê?

- Eu pedi para que o meu motorista deixasse um carro em frente ao seu prédio, e ele é seu se quiser, pode ir para qualquer lugar sem precisar de ônibus ou metrô. É um presente. - Harry retirou uma chave do bolso de sua camisa, pondo-a sobre a mesa de jantar para me entregar.

- Deve ter custado muito caro, não é? - eu ainda não estava acreditando.

- O valor não é importante pra mim, Eliza. - ele ergueu as sombracelha, esperando pela minha resposta. - Apenas diga se aceita ou não.

- Eu aceito, Harry. - me rendi. - Só porque eu te conheço o suficiente para saber que você não desistiria dessa ideia tão fácilmente.

- Eu não iria desistir mesmo. - sua risada vitoriosa ecoou pelo pequeno cômodo da cozinha, e só pude prestar atenção nos seus olhinhos espremidos enquanto ele sorria.

Estava completamente ferrada.

Completamente apaixonada por esse homem sentado em minha frente, e eu não podia controlar os meus pensamentos sobre imaginar um futuro.

Vendo Cheryl tão feliz com a notícia da gravidez hoje, apenas quis ter esse mesmo tipo de felicidade. O que pode parecer egoísmo, mas eu só quis experimentar como seria formar uma família com Harry.

- Você quer me dizer alguma coisa, Elizabeth? - Harry perguntou, me trazendo de volta à realidade. - De repente você ficou quieta.

- O que você pensa sobre ter filhos? - a pergunta que martelava em sua cabeça escapou se sua boca, sem que eu pudesse controlar.

- Acho que decidir ter um filho é um passo importante na vida de alguém, e eu não quero ter que pensar sobre isso agora. - ele respondeu simples e indiferente. - Talvez eu não seja a pessoa ideal pra cuidar de uma criança e educá-la, nem mesmo sei como tudo isso funciona. Apenas não quero ser pai.

Eu não havia ficado magoada com tais palavras, apenas me senti decepcionada e frustrada. Nós dois pensamos diferentes sobre vários assuntos, e esse será mais um deles.

Poderia ser a mais pura idiotice, mas eu queria ter filhos e morar em uma casa bonita que tivesse um jardim, assim como nos filmes... É, eu sou uma boba por pensar que seria tudo tão simples.

- Então você prefere não ter filhos comigo, não é? - indaguei pensativa.

- Não foi isso que eu quis dizer, Eliza.

- Mas foi isso que eu entendi. - respondi, virando uma taça de vinho inteira na boca. - E está tudo bem. Nós temos prioridades diferentes, e isso é normal.

- Não consigo entender o porquê de você ter tocado nesse assunto, eu realmente não entendo. - Harry permanecia calmo. - Qual é o problema?

- Foi apenas uma curiosidade, não há problema algum. E talvez você consiga entender isso depois. - comentei. - Deu pra compreender que você não quer ter filhos. - a última frase saiu como um sussurro tão baixo, que foi inaudível para Harry.

- Você é tão difícil, Elizabeth.

- Talvez eu seja difícil, mas gosto de ter as coisas esclarecidas para não me sentir enganada depois. - me levantei da mesa depressa, fui até a sala para respirar um pouco do ar que entrava pela janela. - Acho que é melhor você ir pra casa, Harry.

- Já nos desentendemos demais por hoje, e ir embora é o melhor a ser feito. - Harry deu de ombros, indo até a porta. - Nós podemos conversar depois que eu chegar da Suiça, tudo bem? - o mesmo depositou um beijo no topo da minha cabeça antes de ir.

- Tenha uma boa noite, Harry. - falei, por fim.

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