Primeiro encontro nada romantico

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        Já era tarde quando chegamos a grande casa da irmandade,  templo mayor, achei  o nome estranho quando  recebi o convite mas ignorei, a casa era branca de dois andares com um grande gramado a sua frente, no gramado um caminho indicava a passagem de carros para a garagem anexa ao lado que tinha dois portões grandes, as janelas eram feitas de  vidro  de um tamanho que eu nunca havia visto. Elas mais pareciam grandes portas que não chegavam ao chão.

        O segundo andar era todo rodeado por uma aconchegante varanda para onde saiam portas, que aparentemente eram dos quartos dos moradores dali, ou melhor, dos membros da fraternidade. Janelas menores acompanhavam cada uma das portas dos quartos fazendo parecer alguma espécie de hotel.

        Parei meu pequeno carro vermelho ano 95, que ganhei dos meus pais quando decidi sair de casa para fazer a faculdade, atrás de um carro preto com um logotipo que eu desconhecia, mas me parecia pelo menos mil anos mais novo do que o meu.

         Não pude deixar de pensar que aquela festa seria o inicio da minha vida, ou ela poderia ser exorbitante ou um suicídio social total, e eu não estava disposta que fosse o segundo.

        Respirei fundo mais uma vez para olhar para o lado e ver uma Kitty mais assustada do que eu, a pequena menina delicada ao meu lado parecia agora mais uma versão real da noiva cadáver, seus olhos castanhos sempre tão serenos estavam arregalados e eu juro que a vi tremer, nem mesmo a bainha do vestido preto que ela escolhera minunciosamente saia ilesa da situação, Kitty se agarrava a ela como se fosse a ultima embarcação humana em um mar de monstros, vendo seu nervosismo que já fizera metade do batom vermelho que ela havia colocado sair, não pude segurar uma risada.

        -pare de rir de mim sei que você também esta nervosa Ayla- a voz sempre estridente da menina saíra fraca e quase sem som.

        -estou nervosa sim mas pelo menos não estou destruindo meu vestido para entrar nua na primeira festa da faculdade.- tentei parecer menos nervosa do que estava mas aparentemente não funcionou pois Kitty apertou mais ainda seu vestido.

             -que seja,-sua voz melhorou um pouco- temos que fazer isso alguma hora não temos?

        -sim temos sim- disse aliviada pelo clima estar melhorando- você tem duas opções ou saímos sozinhas e entramos confiantes na nossa vida social ou ficamos aqui esperando que alguém venha aqui e nos arranque do carro como em um parto cesariano.

        -isso seria bem pior acho que escolho sair sozinha, crianças que nascem dessa forma tem sérias consequências psicológicas pelo resto da vida- Kitty finalmente parecia confortável.

        -ok, ok senhora psicóloga vamos logo antes que você tente me explicar o porquê disso- quando Kitty começava a falar sobre psicologia ela raramente parava.

        Ela sabia exatamente o que queria isso me incomodava, pois ela veio para a faculdade com a matricula em seu sonho de ser psicóloga já eu mal sabia o que queria comer de café da manha quem dera o que eu iria querer fazer pelo resto da vida.

         Minha matricula na faculdade continuava sem definição de curso somente constava nela as disciplinas que eu resolvi fazer esse semestre, eu havia escolhido uma de cada curso que eu me interessava para ver como me saia, a pesar de conseguir a bolsa integral para a melhor faculdade do estado eu estava insegura demais para definir certos aspectos, minha esperança é de que em um semestre eu consiga.

        Com mais um suspiro sai do carro esperei Kitty e juntas nos dirigimos a grande porta de madeira que abria em duas folhas na frente da casa, pelo caminho fui fazendo uma anotação mental para definitivamente evitar sandálias de salto agulha em locais que tinham grama recém-regada, pois a cada passo meu salto fincava na terra e prendia me fazendo desequilibrar. Fui andando então olhando para o chão  na esperança de que se eu me concentrasse no meu caminhar a tarefa ficaria mais fácil.

LUX MEA o renascimentoWhere stories live. Discover now