— Para de ser tão ciumenta, Cris. — Inês falou com o sorriso ainda frouxo no rosto. — Hoje podemos ir tomar sorvete né? — olhou os dois.

— Sim, vamos! — Victoriano concordou. — Aquele cheio de chocolate... — falou com os olhos brilhando.

— Vai é te dar uma baita dor de barriga. — Inês negou com a cabeça, mas teve que rir.

— Quero que você venha querer do meu que eu vou te lembrar dessa conversa. — a advertiu.

Inês deu de ombros porque era uma certeza que pegaria de seu sorvete, ficaram ali conversando, implicando um com o outro e rindo das bobagens que Victoriano falava, depois os três voltaram para a aula deixando que aquela manhã se fosse dando entrada a uma linda tarde ensolarada os liberando daquele "inferno" que era a escola. O trio se encontrou na saída, caminharam direto para a sorveteria e sentaram depois de fazerem seus pedidos.

Victoriano ficou a observar o lugar enquanto as duas cochichavam algo que ele não poderia saber, revirou os olhos com um sorriso no rosto que logo sumiu ao ver Benigno. Victoriano não o suportava, principalmente quando ele estava perto de suas amigas, sabia muito bem de sua fama e não queria que elas fossem manchadas por sequer falar com ele, mas o traste tinha outros planos e ao vê-las se aproximou da mesa.

— Olá meninas! — Benigno as cumprimentou assim que parou próximo a mesa. — Tá calor, né?

Inês e Cristina sorriram abertamente para ele fazendo com que Victoriano quase convulsionasse em seu lugar, ele sabia que o colégio todo caia aos pés dele e as duas não eram indiferentes. Benigno era alto, suas formas eram largas, definidas, fazia questão de se cuidar para que todas não pudessem resistir ao seu charme e conseguia tudo somente com um sorriso.

— Está atrapalhando nosso passeio! — Victoriano foi grosso sem se importar com o olhar que recebeu das amigas. — Da licença que nosso sorvete chegou.

Victoriano era muito protetor com as amigas e não deixaria que nada de mal acontecesse com elas enquanto pudesse e elas permitissem. Benigno o encarou com um sorriso debochado no rosto, sabia perfeitamente como irritá-lo e fazia sempre que possível.

— Como sempre tão tenso, deveria relaxar mais Victoriano e quem sabe pegar umas menininhas... — riu mais o vendo bufar. — Fiquei sabendo que nem beijar na boca você beijou ainda, se dirá...

Victoriano ficou de pé no mesmo instante e o segurou pela camisa.

— Pode ter certeza que essa sua fama de comedor não me emocionada em nada. — garantiu. — Não preciso me mostrar por ai para ser um homem melhor que você!

Inês e Cristina também ficaram de pé em alerta para o caso de precisar intervir na briga dos dois.

— Saia daqui porco doentio!

Benigno tentou deixar seu rosto imparcial, mas estava sendo envergonhado por aquele idiota e não poderia permitir isso e antes mesmo que conseguisse levar seu punho para o rosto de Victoriano, recebeu um soco tão certeiro no meio da cara que o fez cair desacordado no chão. Inês arregalou os olhos, levou as duas mãos a boca abafando um grito pelo choque, Cristina não estava diferente e nem se mexer conseguia para afastar o amigo.

— Victoriano... Você o matou. — Inês gritou ainda com os olhos arregalados.

Victoriano olhou de Benigno jogado no chão para as meninas que estavam espantadas com tudo que tinham presenciado. Elas sabiam o quanto Victoriano odiava Benigno, mas nunca tinham se enfrentado daquela maneira ao ponto de deixá-lo desmaiado.

— Matei coisa alguma. — rosnou as palavras. — Vamos embora daqui e não quero saber de vocês duas com esse safado, pilantra! — a vontade que tinha era de chutá-lo mesmo desacordado, controlou seu instinto animal, tirou o dinheiro do bolso, deixou sobre a mesa e pegou seu sorvete já se encaminhado para a saída como se nada tivesse acontecido.

Inês e Cristina estavam bem assustadas com o jeito do amigo, conversaram pelo olhar sem saber o que fazer, a dona do estabelecimento se aproximou para ver o que tinha acontecido e as duas pediram para chamar ajuda e seguiram atrás de Victoriano. Elas sabiam que se não fossem atrás dele, era capaz de Victoriano voltar e terminar com Benigno sem se importar de ele já estar no chão.

Quando pisaram na calçada, Inês o buscou com os olhos o encontrando sentado do outro lado, na praça e Cristina achou melhor ir embora. Inês caminhou até o amigo que comia seu sorvete como se nada tivesse acontecido, sentou-se ao lado dele, sua língua coçou dentro da boca para perguntar e quando se deu conta já tinha soltado:

— Você é mesmo virgem?

E ele a encarou com os olhos pegando fogo de raiva.


Um beijo e até breve!

POR VOCÊ - IyVحيث تعيش القصص. اكتشف الآن