Capítulo 1

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                Já era dia. Mais uma madrugada sem sono, mas minha insônia já não passava de um costume corriqueiro, vindo dos maus costumes do "depois de você". As conversas aleatórias, as amizades fúteis feitas no tínder, que em verdade, eram recheadas de interesse sexual. O velho sexo casual dessa nova geração. E meu cérebro gritava pra mim: Amber, você se tornou seu pior pesadelo. E positivamente minha cabeça se movia. Era um fato irrefutável, e contra fatos não há o que? Argumentos, isso mesmo.

Ergui-me da cama e ao passar pelo espelho deslizei meus dedos por meus cachos que pareciam mais um figo não podado. E eu desisti pouco a pouco de me acordar como as donzelas de filmes românticos. Talvez minha deselegância tenha feito você ir, não? Ponderei. De fato ainda procurava entre as mil e uma lerdezas o motivo de você ter ido. Mas cada vez mais você está distante. O choro? Já não é incômodo. As lembranças? As vezes sequer lembro do tom da sua voz. E amor? Há, o amor ainda existe faíscas bem guardadas em um lugar que tratei de enfiar pra nunca vir à tona. Mas sempre vem. Nos momentos inoportunos, claro.

Prossegui meu trajeto até o banheiro, onde abri a farmácia e peguei a escova e o creme dental. Novamente ponderei entre os comprimidos controlados que havia tomado há alguns meses para o controle de ansiedade e depressão. Ali era um escape quando eu não queria pensar muito, e hoje eu não queria pensar. Balancei a cabeça negativamente, a fim de espantar esse pensamento, eu não poderia. Eu realmente não podia. Terminei de escovar os dentes e sorri após fechar a farmácia e ver meu reflexo no pequeno espelho. Me achava linda, mesmo dentro de todo o caos. Juntei meus cabelos em um coque não muito elaborado, meu cabelo parecia um ninho, mas fazer o que? Uns diziam ser horrível já outros que era o meu charme, e quem não tem sua marca registrada? Por fim corri o mais longe que pude dali. Sai de mim tentação, gritou meu cérebro em alerta.

Talvez minha sanidade já tivesse ido embora a muito tempo, ou será que você a levou? Embora eu quisesse bloquear você dos meus pensamentos, você sempre vinha e a porcaria das lembranças também. Aquilo sobre a voz? É mentira, eu não esqueço. Talvez esse seja o problema, eu lembro demais. Dei de ombros chutando o sapato jogado no carpete do quarto, o amor era uma droga, a minha vida estava uma droga. Eu não conseguia sequer me suportar, e não queria sair dali. Sem interações humanas, sem toque, sem muita conversa, sem paixões. Eu não queria nenhuma surpresa que pudesse devastar meu coração não cicatrizado. E dado minha missão, eu entendi que precisava odiar tudo e todos.

▪ ▫ ▪

Acabei dormindo, dada a madrugada conturbada e o início de manhã recheado de pensamentos loucos, eu precisava dormir. Um sono realmente pesado que não desse brecha sequer para sonhos, e honestamente, só acordei porque o barulho estava imenso, e assim deram vida ao meu péssimo humor. Minha mãe gritava na cozinha porque eu dormia demais, e que não me alimentava bem, e caso eu me alimentasse, reclamava que eu só acordava pra comer. Quem entender as mães, por favor, me explique.

Tive que repetir o ritual matinal. Escovar os dentes, pentear os cabelos, e vestir algo mais composto que uma camisa rasgada do ex namorado que me recuso a jogar fora. Repito meu mantra da paciência e abro a porta do quarto, os gritos estridentes de minha mãe, as conversas paralelas das minhas irmãs, e o miado dos gatos. O miado dos gatos era o único barulho que eu queria ouvir, mas vamos lá, preciso dar uma chance ao meu dia – na verdade ao resto dele, já que já eram 15:45 da tarde.

- Boa tarde! – sussurrei baixo o suficiente, rezando para que recebesse uma boa tarde tão educado quanto o meu. Mas veio o mesmo sermão. – Argh! – resmunguei, me dirigindo até o armário onde peguei as torradas, e uma xícara para me servir o café. Enquanto tomava meu café o celular notificou. Tínder. Expus um sorriso, era o bom dia da minha companhia da madrugada, Edgar. Respondi rapidamente, bloqueando o telefone em seguida. Não queria dar motivos para falação. Comi minhas torradas e tomei todo o meu café, deixando o típico restinho do final, eu sempre fazia isso.

Corri para o banheiro, despi-me de todas as roupas e tomei um banho quente e demorado. Apreciei minha própria companhia e meu próprio toque, imaginando que fosse o seu. E voa lá, você invadiu meus pensamentos de novo. Ora, Luck por quê? A água quente deslizava entre os meus seios deixando-os arrepiados, percorrendo o caminho do umbigo até a minha intimidade, e chegando lá, trazia uma sensação única. Uma sensação que por mais idiota que parecesse lembrava sua mão quente desenhando o meu corpo. Balancei a cabeça negativamente, tombando meu corpo para a parede onde apoiei minhas costas, e também a cabeça. Abri as pernas o suficiente para que minhas mãos deslizassem até lá, bailando junto a água que escorregava deliciosamente. Era as minhas mãos, mas na minha arteira imaginação fértil, eram as suas. Grandes e másculas. Entre movimentos circulares, e vez ou outras bem uniformes, meus dentes rangiam comprimindo os gemidos e arfadas que insistiam em sair por meus lábios, até o êxtase chegar, e eu torcer mentalmente que ninguém ouvisse o arfar de alívio. Que alívio gostoso. Não tem coisa melhor que um orgasmo após acordar, não é?
Terminei meu banho, vesti-me com uma roupa casual, e fiquei trancada no quarto até o anoitecer.

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⏰ Last updated: Jan 20, 2019 ⏰

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SEDUÇÃO - Descobrindo o caminho para o prazer.Where stories live. Discover now