6 meses (pt 2)

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Após alguns minutos, a ambulância chegou. Foi tudo muito rápido e Christopher estava nervoso demais e tinha ligado o automático para responder o que lhe perguntavam. De quantos meses ela estava, se era uma gravidez de risco, se ela era alérgica a algum medicamente e quem era sua médica. No caminho ao hospital, Christopher permaneceu ao lado dela o tempo inteiro, e ainda segurava sua mão. Mel, ainda inconsciente, estava com uma máscara de oxigênio, o que fazia tudo parecer pior.

Chegaram ao hospital e ela entrou em estado de urgência, mas Chris precisou ficar para preencher alguns papéis da sua internação. Nem ele sabia como estava conseguindo preencher todos aqueles papéis e por pura sorte, no último mês eles tinham incluído no plano de saúde de Mel a internação e todos os cuidados, então tudo estava sendo mais fácil, porque se fosse ao contrário ele ainda precisaria se preocupar com isso também.

Após preencher todos os papéis e ligar para Dra. Torres, ele adentrou os corredores do hospital para achar o quarto que Mel estava. Caminhava – ou corria – porque não aguentava ficar sem ter notícias da sua filha e claro, de Mel também. Encontrou o quarto e ficou parado na porta a observando, ainda desacordada. Ele precisava saber o que estava acontecendo.

Depois de alguns minutos, um médico acompanhando da médica de Mel, chegaram ao quarto, o que fez Chris levantar da poltrona que estava sentado.

— Como ela está? – Ele questionou, ainda nervoso e com medo da resposta.

— Bem, na medida do possível. – Dra. Torres respondeu – Realizamos alguns exames e está tudo bem com a neném, por pura sorte. As consequências poderiam ser mil vezes pior.

— Eu sei – Ele respondeu – E com Mel? Ela vai ficar bem?

— Vai, mas vai precisar de cuidados. Nessas últimas semanas, ela vai precisar ficar de cama o tempo todo. Nada de sair, pra nenhum lugar. As consultas vão ser no seu apartamento, ela não vai precisar vir ao meu consultório. Precisaremos acompanhar esse mês de perto, então as consultas vão aumentar

— Tudo bem, sem problemas. Tudo para o bem das duas. – Chris suspirou aliviado pela primeira vez em horas - Mais alguma indicação?

— No geral, é isso. – Ela o respondeu – É uma gravidez de risco, Christopher. Você precisa entender isso, qualquer esforço maior que ela fizer, pode ser fatal para o filho de vocês.

Christopher se assustou com a sinceridade, mas precisava saber de tudo isso. Enquanto Mel ainda não acordava, ele ligou para todos que precisava e desmarcou tudo que tinha marcado pelo próximo mês, não iria colocar em risco a vida de nenhuma das duas. Não se preocupava se precisaria pagar alguma multa ou se iria levar algum xingo, deixar Melissa sozinha não era uma opção. Nunca foi, muito menos agora.

— Sim, pois é – Ele estava na ligação com Clara – Ela está bem, ainda desacordada. Mas preciso que você me cubra em algumas coisas, e me ajude a sair de várias. Não, não vou poder sair de casa pelo próximo mês, não para entrevistas ou pocket's shows. É repouso total... Sim, vou ficar ao lado dela... – Ele percebeu Mel sussurrar alguma coisa e sua atenção foi direcionada a ela – Vou precisar desligar. Tá bem, obrigado, tchau.

— Ei, Mel, você precisa de alguma coisa? – Chris deu um pulo e parou ao lado da cama em que ela estava deitada – Quer que eu chame alguém? – Ele observava a garota ainda meio grogue e sonolenta.

— Por que você está desmarcando as coisas por mim? – Ela questionou – Eu estou bem, não estou?

— Você não tem que se preocupar com isso, tudo está bem sim, graças a Deus. – Ele beijou o topo da cabeça de Mel, que fechou os olhos, apreciando o carinho – Mas por causa da sua aventura na loja, que até agora não entendi, você vai precisar ficar de repouso.

— Quantos dias?

— As próximas três semanas. – Christopher respondeu e ouviu Mel resmungar alguma coisa que ele não decifrou – Nossa filha está bem e é isso que importa.

— Eu sei – Suspirou – Mas odeio dar trabalho para as pessoas. Pelo visto não tenho opção, não é?

— É, não tem. – Chris se abaixou para dar um selinho na garota e foi surpreendido pela enfermeira para trocar o soro de Mel.

— Você sabe quando vou ter alta? – Ela questionou a enfermeira que respondeu que não, não sabia.

— Já descubro isso para você. – Christopher respondeu e caminhou para fora do quarto, voltando depois de alguns minutos com a resposta – Amanhã, amor.

— Amor... – Ela riu – Primeira vez que você me chama assim.

— Primeira de muitas.

[...] Uma semana depois.

A rotina do casal havia mudado por conta do acidente de Mel e da sua gravidez ter se tornado de risco, pelo menos por esse mês. Dra. Torres informou que se Mel se cuidasse e repousasse, o próximo mês poderia ser diferente, e dito isso, a grávida fazia o mínimo de esforço possível, mas isso exigia muito de Christopher.

— Não aguento te ver fazendo tudo isso – Ela disse enquanto via Christopher lavar a louça.

— Como se eu já não lavasse a louça, Mel... Está tudo bem, de verdade. Ficar aqui com vocês está sendo as minhas férias antecipadas.

— Não é pela louça, Chris. É por tudo que você parou para ficar comigo. Você parou de sair até com seus amigos, isso não é natural e nem bom. Eu estou aqui sendo obrigada mas você pode sair, quando quiser, e eu realmente não vou me importar. Eu disse que Iris ficaria comigo, sem problema algum. Mas você, cabeça dura, já tinha desmarcado tudo para ficar aqui.

— E faria de novo, e de novo, e de novo... – Ele respondeu enquanto limpava as mãos no guardanapo de pano – Quando você vai entender que eu amo vocês duas? E faria de tudo para ver vocês duas bem. – Ele caminhou até Mel, que estava sentada no sofá, se abaixou e selou os lábios nos dela, que estavam quentes como fogo. Uma corrente elétrica passou pelo corpo dos dois provocando as mais profundas sensações.

— Não podemos... – Mel questionou – Ou podemos?

Christopher riu, o que fez com que Mel risse junto, ele sabia ao que ela se referia, e por mais que ele quisesse, eles não podiam.

— Não, infelizmente – Um bico de formou no rosto dele – Mas podemos ver um filme.

Mel assentiu, já que eles não poderiam sair para nenhum lugar. Escolheram um filme qualquer e deram play, Chris se acomodou ao lado de Mel e eles se encaixaram, como um quebra cabeça perfeito.

— Estou lembrando de quando nós vimos um filme aqui, pela primeira vez. Onde deixamos de ser apenas pai e mãe de uma criança e viramos... – Ela parou para pensar, mas ele a interrompeu.

— Uma família. O que me leva a lembrar que não temos nada oficializado.

— Mais oficializado que essa neném aqui dentro? – Ela apontou para sua barriga – Acho que não tem como.

— Sim, mais que isso. – Ele pausou o filme para olhar nos olhos de Melissa – Você quer namorar comigo?

— Eu o que? – Olhou para ele e encontrou Chris sério, apenas a observando – Ainda não acho que precisamos de rótulos, de verdade. Somos felizes assim, não somos?

— Somos. – Ele respondeu com um sorriso nos lábios – Mas isso é um não?

— Não, seu bobo, isso é um sim. Um enorme sim, gigantesco sim e barulhento sim.

Selaram os lábios com um beijo apaixonado e com segundas intenções, mas que teve que ser finalizado pois sabiam para onde isso os levariam. Sorriram, felizes e apaixonados, pois era isso que eles eram. 

The baby's comingWhere stories live. Discover now