Capítulo 2 -CAROLINA

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Na segunda, às seis da madrugada, o barulho do meu celular me despertou. Havia uma mensagem.


"Meu treino começa às sete. Segue o endereço. Até lá."


Quem é que acorda às seis da manhã de uma segunda-feira para treinar? Enfiei a cabeça no travesseiro tentada a ficar ali mais dez minutinhos, mas sabia que dormiria eternamente se fizesse isso, então me forcei a tomar um banho frio para acordar de vez. Não tomei café porque não havia nada pronto e apesar do banho frio, ainda não estava acordada o suficiente para mexer no fogão.

Abri o guarda-roupa escasso pensando em algo que pudesse usar. Nada chamativo demais, a estrela seria o muso. Nada sexy, porque bem, eu não sou sexy. Nada fechado demais porque também não sou nenhuma freira. Por fim, achei que era queimar miolos demais em uma segunda de madrugada e peguei uma blusa de lã pouco decotada e uma calça jeans. Peguei o carro velho de Lilian em direção ao endereço.

Não era longe da minha casa, na verdade, eu nem teria precisado de um carro. O hotel ficava a quatro quarteirões do meu prédio. Estacionei o carro em uma vaga do hotel e dei o nome na recepção:

— Bom dia, estou procurando por Douglas Sampaio, ele está esperando por mim.

A recepcionista digitou furiosamente em seu teclado e fez uma careta confusa.

— Não tem nenhum hóspede com esse nome aqui.

— Não? Tem certeza?

Ela virou a tela para mim e na letra D de seu cadastro não havia nenhum Douglas.

Merda! Ele deu o endereço errado, peguei meu celular e liguei para o número da mensagem.

— Pronto!

— Onde é que você está? Por que me deu o endereço errado?

— Oh, deve ser a jornalista. Bom dia, boneca.

Um pequeno alarme soou em meu cérebro, mas não parei para analisar o que queria dizer.

— Estou no endereço que você me passou e a recepcionista acabou de me confirmar que não tem nenhum Douglas hospedado aqui. Se você não queria dar a entrevista era só dizer, havia um milhão de vocês lá no sábado, eu poderia ter escolhido qualquer outro. Você me disse que precisava da divulgação, por isso escolhi você, e agora você me passa o endereço errado só para que eu não o encontre? Você queria me irritar em uma segunda de madrugada? Parabéns! Você conseguiu, não faz ideia do quanto estou irritada neste momento!

Uma risada alta do outro lado da linha me fez calar a boca, eu já estava ficando sem ar.

— Uau! Ela sabe fazer monólogos às segundas de madrugada. Não te dei o endereço errado, boneca, você que procurou pelo nome errado.

— Não estou entendendo.

Então, uma voz atrás de mim me fez dar um pulo para trás e bater em algo duro.

— Você está procurando o nome errado. Tenho certeza que estou hospedado aqui.

A recepcionista abriu um enorme sorriso e nem foi preciso ouvir seu meloso "Bom dia, Dustin" para saber quem estava ali. Virei-me para ele com um sorrisinho afetado, tentando não me impressionar com seu cabelo molhado e as olheiras abaixo dos olhos. Nem com a calça colada demais às suas coxas grossas e a camiseta que destacava seus braços fortes.

— Deve estar havendo algum engano. O meu documentário não é sobre você, é sobre Douglas Sampaio. Você sabe, aquele de barba loira, careca, baixinho.

Ele abriu um sorrisinho de lado que o fazia parecer-se a um cafajeste e disse calmamente.

— Não é mais, ele foi embora e agora você só tem a mim. Eu treino a duas quadras daqui. Sugiro que me siga em silêncio, não gosto de conversar antes de tomar café.

Ele saiu andando e demorei cerca de um minuto para conseguir segui-lo. Aquilo não daria certo, não daria mesmo!


DEGUSTAÇÃO - Um grande problemaOnde histórias criam vida. Descubra agora