Prólogo

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New Jersey, 2018

Estávamos na rua, Ed, eu e mais algumas crianças da vizinhança. Brincávamos de esconde-esconde, e eu estava ao lado do velho pinheiro que ficava em frente a minha casa — aquele que eu e minha mãe sempre enfeitávamos no Natal com uns enfeites dourados e luzes coloridas, até a morte do papai, quando deixamos de comemorar qualquer outro feriado, como se o fato de ficarmos felizes desrespeitasse de alguma forma a memória dele —, na esperança de encontrar alguém que tinha se escondido ali. Uma enorme pedra cobriu a luz do sol, deixando o quarteirão inteiro nas sombras, e se aproximava cada vez mais rápido da superfície. Segundos depois, um barulho ensurdecedor pôde ser ouvido a milhares de quilômetros, seguido por um tremor que fez os alarmes dos carros das ruas serem disparados, e minhas pernas balançarem contra a minha vontade. Consegui ver o jarro de flores da senhora Davis cair da sacada.

Aquilo foi apavorante! Pessoas correndo e gritando histericamente com feridas tão feias que jamais poderei esquecer, crianças chorando sem parar e uma enorme nuvem de fumaça marrom que estava vindo do sul. Estava paralisada com as mãos nos ouvidos ao lado do grande pinheiro, quando minha mãe agarrou-me nos braços e correu em direção ao seu antigo Mustang vermelho de lataria arranhada e tintura debotada. Ninguém sabia o que estava acontecendo, mas sabiam que precisavam fugir dali o mais rápido possível. Tremores contínuos abalavam o chão sob de nós, e o desespero tomava conta de Dumont. Com duas pequenas malas e nosso cachorro Teddy no banco de trás, partimos em direção a saída da cidade.

— Anunciaram na TV que há um bunker do governo em Trenton, onde vamos estar seguras. — Disse minha mãe, assim que passamos pela casa com cerca branca de Ed.

O caos estava por toda parte. Diversos corpos cobertos de sangue foram engolidos pelo chão rachado, enquanto alguns carros passavam por cima de tudo que havia pela frente.

O trânsito estava um caos e minha cabeça estava latejando em resposta ao enorme barulho de várias buzinas ao mesmo tempo. Os carros estavam todos lotados, obviamente acima da capacidade, mas ninguém estava pensando nas normas de segurança no trânsito. Andávamos 100m a cada 15 minutos, e mais. Era aparente o desespero da minha mãe, mesmo que ela se esforçasse para esconder para não me preocupar, eu sabia que estava tão aterrorizada quanto todos os outros. Quanto eu.

Ed — apelido dado à Edward Smith — era um vizinho que morava no meu bairro. Estudávamos na mesma escola, a FrackHall School, e íamos juntos de bicicleta. Ele era três anos mais velho que eu, e achava que podia mandar em mim. Brigávamos de vez em quando por conta da sua autoridade e o meu pavio curto, mas isso não durava muito tempo — para crianças de 8-11 anos como nós, estávamos brincando dois minutos depois. Quando eu não ia na sua casa, ele surgia na minha porta me convidando para brincar. Nossas mães se tornaram amigas assim que se mudaram para o bairro, então eu posso dizer que passávamos bastante tempo juntos. Edward Smith era a pessoa mais legal e sem noção que eu conhecia, o meu primeiro melhor amigo. E a única coisa que eu podia pensar enquanto minha mãe dirigia desesperadamente para fora da cidade era: onde está Ed?

Meu nome é Emma Thompson, e eu sou do Destrito 33.

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Xeroo!!

Atualizado em 11/10/2020

DISTRITO 33Where stories live. Discover now