- Olívia!!! - gritei , mas sabia que era quase impossível ela me ouvir com aquela tempestade desabando sob nós.
Sem outra escolha, sentei embaixo  de um árvore para  esperar a chuva passar. Senti a água gelada escorrer pelo meu corpo que não parava de tremer.
Levei um susto quando senti um braço passar sobre meus ombros, quando olhei para o meu lado, vi Olívia sentada parecendo um fantasma, o cabelo preto grudado em seu rosto pálido e a boca roxa davam- lhe uma aparência sinistra. Ela tremia tanto quanto eu, mas ainda assim  continuava sorrindo.

- Onde você estava? - gritei para ela escutar.

- Eu estava no rio! - disse sorrindo - ganhei a corrida!

- O céu está prestes a desabar em nossa cabeça e você está pensando nisso!

- É claro que sim ! Não adiantaria de nada, se não perdermos a cabeça para um raio, mamãe fará questão de tirar assim que chegarmos no castelo... pelo menos ganhei !

Revirei os olhos para ela, que só sorriu.  Nos abraçamos tremendo em meio a chuva forte , nós duas estávamos geladas mas de alguma forma tentávamos esquentar uma a outra.
Não sei bem por quanto tempo ficamos tremendo uma nos braços da outra, mas enfim a chuva passou, o céu se abriu.
Teríamos que nos virar com a luz da lua.

- Vem - Olívia estendeu a mão para mim - é só seguirmos a esquerda -  me levantei com sua ajuda, o vento frio castigava meu corpo molhado e a neve voltará a cair.
Nós iríamos congelar se ficassemos alí.
Olívia estava prestes a falar alguma coisa quando ouvimos um uivo.
Fiquei totalmente imóvel, o pânico já lançando suas garras sobre mim.

- Corre ! - disse Olívia e sem me dar um segundo ela me puxou pela mão.
Corremos como loucas , os galhos cortavam meus rosto enquanto corríamos com apenas a luz da lua iluminando nosso caminho, meus pulmões imploravam para um descanso,mas nós já estávamos quase chegando , já aviamos saído da floresta e agora corríamos na estrada que levava ao castelo.
Foi quando escorreguei na neve, e perdi a mão de Olívia  enquanto rolava ladeira abaixo .
Tive a impressão de ouvir Olívia gritar antes que a escuridão me envolvesse.

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Assim que abri os olhos me deparei com mamãe, ela estava sentada ao lado lendo minha história preferida,mas parou assim que me viu.

- Como está se sentindo querida? - perguntou.
Não respondi, minha boca estava seca demais. Levantei a cabeça e olhei todo o quarto mas não havia ninguém, apenas mamãe. Olhei para ela e apontei para a jarra de água que estava na penteadeira.
Ela me deu o copo e sentou-se na cama fazendo carinho no meu cabelo.

- Onde está Olívia ? - perguntei assim que bebi a água. Percebi quando mamãe ficou mais rígida e sua mão parou de fazer carícias.

- Você não pode ver ela agora- disse seca .

- Porque não?

- Porque você está machucada.

- E porque ela não vem aqui? Ela também está machucada?

Mamãe se levantou da cama e foi em direção a porta.

- Ela está de castigo - foi a única coisa que disse antes de fechar a porta.
Eu passei mais dois longos meses na cama , as únicas pessoas que via era mamãe e as servas, a governanta era a única que salvava e papai aparecia de vez em quando com um presente.
Mas quando enfim eu pude sair, a primeira coisa que fiz foi procurar Olívia.
Entrei em seu quarto sem bater, estava animada para ver ela novamente.
Parei assim que a vi. Ela , sentada na cadeira olhando pela janela, havia algo de diferente talvez fosse sua postura rígida,mas assim que ela notou minha presença e olhou para mim, eu tive certeza do que havia de diferente.
Era seus olhos.
Não havia o mesmo brilho de antes. Estavam apagados e totalmente sem vida.
Ela não sorria. Minha Olívia estava sempre sorrindo.
Naquele dia ela disse que não queria brincar, nem no dia seguinte.
Até que semanas depois ela mesma me chamou , depois desse dia tudo voltou ao normal , menos Olívia. Nós brincávamos sempre depois do treino, mas ela já não chegava tão empolgada, era difícil ela sorrir a não ser pelos meios sorrisos.
Ela passou a treinar mais e nos encontrávamos apenas a tarde.
Então corríamos. E era o único momento em que eu tinha minha Olívia de volta, quando corríamos eu podia ouvir o som da sua risada de volta.
Então passei a desejar mais que tudo o fim da tarde, onde poderíamos ser apenas eu e ela.
Eu tinha certeza de uma coisa, mas sempre a jogava para o fundo da mente.

Tudo estava relacionado ao castigo.

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