Caroline Arruda Constantini é uma brasileira que aos 14 anos teve uma oportunidade de fazer o High School em Miami, nos Estados Unidos, com a melhor amiga, Evelyn Ávilla. Ao final do intercâmbio, na última noite em solos americanos, Evy a chama para...
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Miami,2016.
- AMIGAAAA
Jesus!
Estremeço com o grito e olho ao redor, freneticamente, procurando uma rápida rota de fuga em meu pequeno quarto. Decido me encolher embaixo das cobertas, fazendo o mínimo de barulho que posso e relaxo meu corpo, fingindo que estou dormindo.
Minha colega de quarto não tem limites. É exatamente por isso que recebemos, uma dúzia de vezes ao longo ano, reclamações dos vizinhos.
A porta do meu quarto é escancarada com força, poucos segundos depois do terrível grito. Já consigo imaginá-la, parada com a mão na minúscula cintura, me olhando com descrença. Preciso respirar um pouco mais forte para conseguir segurar o riso.
- Vamos, Carol! Levanta! Eu sei que está acordada, vi a luz do abajur acesa, há poucos segundos atrás.
Continuo forçando meus olhos fechados, mas ela, simplesmente, puxa as cobertas no chão e pula na cama. Arrrrrgh.
- Eu estou vendo seu olho tremendo, Carol. - ela fala e sei que está revirando os olhos.
Sinto uma vontade súbita de rir, mas continuo fingindo que estou dormindo. Ela suspira alto e fica quieta durante um longo minuto. Acho até que saiu do quarto, pela quantidade de tempo que está calada.
Hum...isso é realmente estranho. Seguro a respiração com medo do que ela pode está aprontando, nunca se sabe essa garota é doida.
Minha audição nunca foi boa, mas consigo escutar o gato do vizinho e os barulhos dos carros na avenida, mas nada da minha querida amiga. Abro uma fresta do olho e tudo o que consigo ver é uma imensidão de claridade, fecho o olho incomodada com a luz e volto a ficar quieta, esperando. Sinto algo molhado em meu rosto. Na verdade, é alguma perto do meu olho, meio gelada, escorregando até meu queixo. Infelizmente não tenho tempo suficiente para descobrir o que é.
- AH! - grito com o susto e empurro as cobertas. - Que porra é essa?!
Sento na cama, rapidamente, quando sinto várias gotas de água gelada na minha cara, escorrendo pelo meu moletom. Giro a cabeça e vejo Evelyn atrás de mim com um copo quase vazio e sorrindo normalmente. Olho para a cabeceira da minha cama e noto que o copo em sua mão é o meu copo de água que trago para tomar antes de dormir. Filha da mãe esperta!
- Você tá louca?! - olho irritada e saio da cama. Evelyn explode em uma alta gargalhada, me deixando mais irritada. - Molhou o único pijama que eu deixei fora da mala, sua louca! Agora vou ter que desfazer tudo!
- Dorme pelada, ué. - Ela enxuga as lágrimas dos olhos e dá de ombros. - De sutiã. Qualquer coisa. O importante é que você acordou. Se é que estava dormindo. - ela me olha com cara feia e deixa o copo ao lado da cama. - Você esqueceu que hoje é nosso último dia aqui?
