Ele seria carinhoso, sem duvida, mas tinha medo. Medo de muitas coisas... Mordeu os lábios... Ele teria que esperar. Sorriu. Por enquanto ele teria que esperar muito.

- Lisa? – Valéria abriu a porta da sala e entrou sorrindo. Lisa franziu o cenho, mas também sorriu.

- Algum problema? – perguntou vendo a mãe se sentar do seu lado.

- Não. Claro que não – Valéria sorriu estranhamente suspeita – Onde está Elliot?

- Hm... – Lisa quase riu – Não sei. Não ficamos cuidando da vida um do outro, mãe.

- Vocês não se dão nada bem, não é?

- Nos aturamos muito bem.

- Isso é algo bom? – perguntou a mãe parecendo esperançosa. Lisa riu.

- Não. Definitivamente não!

Valéria suspirou e olhou para a TV pensando em alguma coisa.

- O que foi?

- Seu pai e eu... – Valéria voltou a olhar para a filha – estamos pensando em passar um final de semana na casa dos Carters. Faz tempo que eu não vejo Manuelle e... seria bom Elliot visitar a família depois desse mês que ele passou aqui...

- Você está falando sério? – Lisa se mexeu no sofá, impaciente. Piscou algumas vezes, não acreditando – Eu vou ficar.

- Não, não vai...

- Vou, sim! – Lisa se levantou e fitou a mãe com raiva – Não quero ir para a casa de Elliot. Odeio ele! Não quero ter que passar um final de semana com a família dele.

Lisa respirou fundo. Já estavam querendo lhe apresentar a família de Elliot??? Fez uma careta.

- É o seguinte, Lisa: – Valéria se levantou também, se colocando na frente da filha – eu sou sua mãe e estou dizendo que você vai passar um final de semana comigo e seu pai na casa de minha irmã, por isso é bom arrumar as malas porque partimos em dois dias!

Valéria saiu da sala batendo a porta. Lisa ficou surpresa. Nunca viu a mãe agir assim.  Não sabia que os pais estavam tão desesperados para juntá-la a Elliot. Se jogou no sofá, com raiva e bateu a cabeça sem querer. Tudo culpa de Elliot! Pensou massageando o lugar onde bateu.

- Idiota!

Algumas horas mais tarde, após andar pela casa como louca, irritada, Lisa subiu para o próprio quarto para fazer um bilhete para o primo. Ele não havia aparecido em casa à tarde inteira e ela tinha certeza que não o veria o resto do dia.

Não que necessitasse falar com ele ou provocá-lo de alguma maneira, pensou Lisa escrevendo o bilhete, mas precisava de seus óculos que ele jogou na piscina no dia em que se conheceram. Parecia uma desculpa idiota?

Saiu do quarto em direção ao quarto que Elliot usava. Esperava que não estivesse trancado, fez uma careta, ansiosa para saber como era o quarto dele. Devia ser como ele: nojento.

Abriu a porta branca devagar, espiando primeiro. Tinha cheiro de perfume masculino.   Um perfume bom. No hall de entrada do quarto, onde havia duas poltronas, um quadro e um abajur, Lisa pode ver duas camisetas jogadas em cima do estofado macio, mas só isso. Não havia mais bagunças. Franziu o cenho. Que tipo de garoto ele era? Entrou mais no quarto, analisando a cama arrumada, que com certeza a empregada arrumou. Não havia roupas em cima da cama, como sempre tinha em cima da sua. O quarto parecia desocupado. Se não fosse pelo cheiro bom de perfume e as duas camisetas jogadas na poltrona do hall, o quarto iria parecer inabitado. Era impossível um garoto ser tão organizado. Sorriu. Sempre soube que ele era gay.

E.Li.TeWhere stories live. Discover now