-Você não sabe de nada, me deixa em paz Poncho. Disse Anahi.

-Eu sei Annie, é que já lhe dei espaço, lhe dei tempo, mas você não reage meu amor, eu preciso que você reaja, eu estou suportando a situação como eu posso, mas você tem que me ajudar a lhe ajudar, porque lhe ver assim está acabando comigo. Disse Poncho chorando.

-Eu não estou pedindo que fique ao meu lado, você não precisa aguentar isso, eu posso ir embora para casa dos meus pais. Disse Anahi na defensiva.

-Meu amor, você está se ouvindo? Eu amo você, eu jamais a quero longe de mim outra vez, mas eu não sei mais o que fazer, você não quer levantar, não quer se alimentar, não se preocupa ao menos com sua própria filha, Alicia está tomando leite em mamadeira enquanto deveria estar sendo amamentada por você,   você briga com Dulce e ela só quer lhe ajudar, você briga comigo, eu não sou seu inimigo Anahi, ninguem aqui é, ninguem a está culpando por nada, nem a julgando, pelo contrário estamos preocupados com você, e eu estou desesperado, pra que você possa reagir, se levantar dai, segurar minha mão, e dizer que apesar de doer, apesar de estar triste, vai seguir em frente comigo, e com Alicia que precisa tanto de você, que nos dois juntos, vamos encarar Carlos na audiência que logo será marcada pelo juiz, pra que a gente possa ver nossa menininha crescer em paz. Disse Poncho chorando.

-Estou fazendo tudo que posso Annie, mas preciso que você demonstre algo, que pelo menos me quer aqui, algum sinal de que estou fazendo a coisa certa, porque parece que pra você eu e Alicia poderiamos sair por aquela porta e nunca mais voltar, que não faria nenhuma diferença. Disse Poncho e viu as primeiras lágrimas silenciosas caindo no rosto dela que estava de olhos fechados de costa pra ele.

Poncho respirou fundo, sabendo que já havia a pressionado demais:

-O médico de Alicia está marcado as 14 horas, estarei a esperando lá embaixo para irmos juntos, por favor Annie, se você não ir eu vou ligar para os seus pais, e você se quiser pode ir pra casa deles, talvez seja o melhor. Disse Poncho se afastando.

Poncho desceu e pela expressão dele Dulce ficou calada, ele pediu que Dulce não incomodasse Anahi, apesar disso ela a chamou  para o almoço mas Anahi não desceu.
Após o almoço Poncho esperou que Anahi descesse e o acompanhasse na consulta de Alicia, mas infelizmente Anahi não havia descido, ela não iria.
Dulce estava irritada queria subir e brigar com Anahi, mas Poncho não permitiu e a levou junto para a consulta de Alicia, afinal Anahi havia tomado sua decisão e ele não a confrontaria mais.
Anahi viu da janela quando Poncho saiu com Dulce e Alicia, ate ele havia se cansado dela, ela só conseguia sentir uma imensa tristeza, e que estava decepcionada todos a sua volta por suas péssimas escolhas, ela só queria dormir e deixar tudo pra trás.

*Nota da autora:
Cerca de 80% das gestantes apresentam mudanças de humor após o parto, período conhecido como Baby Blues que acontece devido a combinação de fatores fisicos e emocionais e pela insegurança pelas mudanças no corpo e na rotina pela chegada do bebê e por muitas vezes não se sentir capaz de cuidar do filho.
Geralmente dura um torno de um mês em um processo de aceitação da mãe que percebe que o bebê não é mais parte de si.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz 25% das mulheres Brasileiras sofrem com a depressão pós parto, que ocorre quando esse sentimento despertado pelos babys blues duram mais tempo ou acontecem com maior intensidade causando irritabilidade, profunda tristeza, alterações no sono, perda de apetite que leva a perda de peso, indisposição para realizar as atividades da rotina e de criar laços com o bebê. A depressão pós parto cria um sentimento de desesperança, levando ao afastamento de sua familia e amigos.
A doença tem seu tratamento por meio de ajuda profissional de um psicólogo com terapias e psiquiatra com uso de anti depressivos.
Algumas pesquisas recentes indicam que ao contrário do que se pensava a depressão pós parto pode ter ligação mais com a forma como ocorre o parto e a recuperação da mãe, por isso o parto deve ser humanizado com respeito a mãe e ao bebê e ao bem estar dos dois, assim como os cuidados pós parto com a mãe que muitas vezes passa por cesarianas traumaticas e passam dias com dor.
*Fim da nota da autora

Lexie mais uma vez irritada ia a casa de Poncho, ele tinha documentos importantes para encaminhar hoje que precisavam que ele analisasse e desse algum retorno, ela após ligar várias vezes em seu celular sem retorno, resolveu ir para sua casa.
Ela tocou a campainha, na última vez que estivera ali Dulce implicará com o fato de ela ter a cópia da chave e nem ao mesmo tocar a campainha antes de usa-la.
Após tentar algumas vezes ela entrou com a chave, se não houvesse ninguem em casa ela deixaria os documentos no escritório de Poncho.
Após fazer isso ao perceber a casa vazia subiu em direção ao quarto de Poncho, quando percebeu algo estranho, o carpete do corredor do quarto dele estava ensopado de água, assim como o corredor inteiro, ela caminhou alguns passos e percebeu que a água vinha da suite de Poncho, ela passou pelo quarto em direção ao banheiro pensando ser algum vazamento, e tentou abrir a porta que mostrou estar trancada.
De onde diabos aquela água estava saindo? Se perguntava Lexie ao tempo em que tentava entender onde estava Poncho e Anahi que não saia de casa há dias e agora misteriosamente não estava lá.
Ela tentou ouvir alguma coisa colando o rosto na porta do banheiro, mas fora o barulho da torneira que parecia ser a fonte da água.
Ela desceu a cozinha, lembrando que no dia em que Poncho lhe deu sua cópia da chave de sua casa, ele retirou de um molho de chaves de uma das gavetas da cozinha, provavelmente ali teria alguma cópia da chave do banheiro e ela poderia abrir.
Subiu com o molho de chaves e testou uma a uma ate conseguir abrir, e se deparou com uma cena que jamais imaginaria ser o motivo de toda aquela bagunça.
Anahi estava dentro da banheira, desacordada, os lábios roxos, o corpo parecendo estar sem vida.

Today Was a Fairytale  AyAWhere stories live. Discover now