O Relógio

20 7 0
                                    

Era um dia qualquer como todos os outros, mas era o último dia das férias de verão.
Lorenzo, um menino branco de cabelos louros e olhos castanhos escuro, de 15 anos, - que morava na cidade de Londres, com sua tia Rita, desde a morte de seus pais - usando roupas muito velhas e esfarrapadas, encontrava-se no quintal da casa de sua tia, brincando de encontrar tesouros no gramado. - provavelmente, tentando aproveitar ao máximo enquanto às aulas não começavam.

Após alguns minutos escavando o quintal, ele escutou um ruído muito baixo, mas então, achou que não deveria ser nada e retomou a brincadeira.

Transcorrido mas algum tempo, ele novamente ouviu o tinido, ficou alguns minutos tentando ouvir novamente, e assim localizar a fonte do barulho.  Nesse momento, ouviu mais uma vez o bramido e  desta vez ele achou que poderia estar vindo do buraco que ele havia perfurado. Movido pela curiosidade, o jovem, estava determinado a encontrar a origem do som, que aprecia estar aumentando subitamente.

Então após ter escavado uma  fissura logo percebeu o que era - um relógio de bolso dourado -  que aliás nem parecia ter acabado de sair da terra, não estava  nenhum pouco sujo.

O garoto nem reparou que os ruídos cessaram, ficou com seus pensamentos tão dispersos com seu achado, a tal ponto que só havia olhos para o relógio.
E então se sobressaltou quando ouviu uma voz conhecida lhe chamar.

- Lorenzo, já para dentro moleque, está na hora do almoço! O que você está fazendo aí?

- Oi tia Rita, já vou!- falou ele com desânimo, escondendo o relógio no bolso do casaco, quando viu sua tia se aproximando.

- Me responda quando eu estiver falando com você, seu moleque! - O que você está fazendo aí?

- Nada. - disse ele frustrado.

- Não me pareceu nada. - disse ela, com brandura e desgosto. - Você está fazendo buracos no meu gramado impecável? - na verdade o jardim não era impecável coisa nenhuma, mas ela não se importava com ele, mas, sim em importunar o garoto e tornar a vida dele, que já não era nada boa, pior. - Já não lhe disse para não fazer buracos no meu gramado?

- Disse, mas é que.. - ele ficou receoso em prosseguir com a frase, pois não queria que a tia soubesse do seu achado naquela área - eu só estava brincando. - disse finalmente.
- Hum.. - fez a tia, meio duvidosa, dando-lhe um olhar penetrante. - Então cubra esse buraco moleque e já para dentro, e trate de lavar as mãos antes de vir almoçar.

- Tá bom. - disse Lorenzo (apelido Enzo)- e começou a tampar o buraco, do qual acabara de retirar o relógio misterioso.

Por fim, o buraco já havia sido tapado e o garoto se dirigia para sua humilde residência. - A casa era pequena, muito velha e parecia estar caindo aos pedaços - e assim poder lavar as suas mãos, e ir de encontro a mesa da sala para poder almoçar.

Ele imaginava o que sua tia poderia ter feito para o almoço - com certeza alguma coisa horrível, que ele não gostava - quando ouviu as suas costas algo quebrar, ao virar deparou-se com uma cena horrenda. - um ser de aspecto horroroso, de cara pálida, cheia de cicatrizes, machucados abertos, sangrando, olhos inteiramente brancos, usava um capuz e estava vestido com uma capa preta, estava muito perto de Enzo, a cerca de um palmo de distância, encarando-o, o  menino piscou e quando abriu os seus olhos novamente, aquele ser estranho não se encontrava mas ali.

Ele levou um susto tão grande que caiu, fazendo um baque surdo no chão. E nem houve tempo de desmaiar, pois logo quando caiu, ouviu Rita berrar e vir na sua direção e então reparou no que havia feito o barulho de coisa quebrando a poucos segundos antes de ver aquele ser, as xícaras de porcelana de sua tia jaziam no chão - quebradas - e nem deu tempo de pensar em alguma alguma coisa, pois sua tia já estava berrando com ele e estava tão perto dele que dava para ver a cara de cavalo dela, com seus olhos saltados para fora e toda vermelha de raiva.  Logo ela gritou novamente, e dessa vez ele ouviu .

- Por que você fez isso muleque?

- Eu..eu..eu..não - mas mal terminara a frase e sua tia o agarrou pelos cabelos firmemente e berrava mais uma vez. - Por que você fez isso?

- Eu... eu não fiz isso. - disse Lorenzo.

- Não minta pra mim seu moleque, se não foi você, então quem foi?

O garoto não disse nada, pois ela acharia que ele estava louco, e decidiu não dizer nada do ocorrido a sua tia.

Então ela gritou.

- Já para o seu quarto! Sem comida, nem mesmo água, até quando eu mandar você sair. Ouviu? - disse ela com tanta raiva que o garoto achava que que a tia iria explodir.

- Sim. - disse o garoto sentindo tanta dor, que pensou que nunca mais sentiria o couro cabeludo outra vez.

- Então vai, - e soltou o menino - e nem pense em me desobedecer.

O jovem por sua vez, não disse nada, levou a mão a cabeça e saiu correndo em direção ao quarto que na realidade, era um cômodo pequeno e úmido, de teto muito baixo, com teias de aranhas por todo o lugar, sem janela, onde antes eram guardadas ferramentas - agora era seu quarto - Chegando lá, se pôs a fechar a porta - que infelizmente não tinha chave e acendeu a luz. Com fome, sede e sentindo muita dor, ele foi deitar, e pensou nos acontecimentos daquele dia, e  de repente, sentiu-se o garoto mais infeliz do mundo, pois ainda tinha que voltar a escola, que era muito pior do que sua casa, ninguém gostava ou falava com ele, só o importunavam e batiam nele.

Então lhe veio um pensamento, " o que teria trazido aquele mostro aqui? "
- O relógio - pensou Lorenzo, e então tirou do bolso e examinou-o atentamente aquele relógio, não tinha sinais de ferrugem. - Será que é de ouro? - ele perguntou a si mesmo.
Haviam também marcas estranhas em torno e no visor, - onde normalmente marcavam as horas no relógio - das quais ele não soubera o que era, ou o que significava, viu também que o relógio funcionava.
- Será isso que trouxe aquilo até aqui? - pensou então, mas depois disse a si mesmo - deve ser coisa da minha mente, é melhor eu dormir um pouco. -
Mas antes, ele se levantou, e escondeu o relógio debaixo de uma tábua solta de assoalho em frente a porta. E então deitou-se e os pensamentos, dúvidas, sugestões e muitas outras coisas percorreram sua mente, mas ele decidiu ignorar. Apagou a luz e dormiu.

Após algumas horas de sono, Lorenzo acordou, sentindo muita sede, e levantou para pegar um copo de água escondido de sua tia, depois de beber, se encaminhou de volta ao quarto, quando entrou, pisou na tábua de assoalho onde escondera o relógio, olhou para baixo e viu que o mesmo estava emitindo uma luz azul neon, visto isso o menino resolveu pegá-lo e viu que um dos seus símbolos que irradiava aquela iluminação.
Ao perceber que aquilo poderia de alguma forma acordar sua tia, ele desesperadamente aperta um botão e se vê em outro local, um lugar inacreditável, inimaginável, ele se encontra em meio a uma floresta escura, mas, não tem muito tempo para deslumbrar o lugar, pois logo percebe um ser vindo em sua direção e com medo fecha os olhos e sem perceber tira a mão do botão e quando abre seus olhos, está novamente em seu quarto.
Ele olhou para o relógio e observou a luz azul diminuindo, até estar totalmente apagada e não ter sobrado resquícios de que esteve lá.

Confuso, o garoto se jogou na cama e se beliscou, para ter certeza que não havia sonhado. Em seguida se deitou com o relógio em sua mão e ficou observando-o por alguns segundos, mas não houve nada.
O menino, ainda tentava entender em como aquilo aconteceu, se perguntava como apareceu em outro lugar, com um simples aperto no botão do misterioso relógio.
Ele esperou e esperou, mas naquela madrugada, o relógio não voltou a brilhar e então ele adormeceu.

O Guardião Das Dimensões (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora