Jinyoung estreitou os olhos, parecendo estar corroído de dúvidas. Mas não diz nada.

Ao terminarmos de comer, Jinyoung pagou a conta e voltamos ao caminho que fazíamos antes da parada, entrando no carro e seguindo pela estrada.

(...)

Eu estava de volta ao meu antigo lar. Não era mais o "Apartamento 12" que eu dividia com Jaebum. Estar diante daquilo tudo, senti-me perdida. Intrusa. Mesmo que eu tivesse vivido parte de minha vida aqui.

— Bem-vinda de volta ao seu lar. — Jinyoung entrou no interior da casa trazendo as minhas malas.

Sorri fraco e olhei ao redor, como alguém que pela primeira vez estivesse ali.

— Park Dara!

Apertei os olhos ao escutar a voz de minha tia e vê-la se aproximar. Eu estava esperando pelo belo sermão sobre a minha expulsão.

— Minha filha. Como você está? — Abraçou-me. — Está tudo bem? — Colocou suas mãos em meu rosto em uma espécie de análise.

O que? Que tipo de reação foi essa? Ela volta a me abraçar.

— A mãe do seu namorado ligou, dizendo que a culpa de sua expulsão foi toda dele. Ela pediu desculpas pelo filho rebelde e que eu não brigasse com você. — Apertou o abraço, quase estraçalhando os meus ossos.

— Namorado?

Eu estava namorando e não sabia?

— Por que não me disse que estava namorando? — Olhou para mim. — Eu sei que sou um pouco grosseira às vezes...

— Às vezes? — Jinyoung interrompe.

— Sim! Às vezes! — Rosna. — Como eu estava dizendo... — Olha feio para Jinyoung. — Eu sou a sua tia. E você pode sempre contar comigo.

— Eu sei tia... — Murmuro.

— Qual o nome do felizardo? A mãe dele esqueceu de dizer o nome dele. — Desfez o abraço. — Mas também não perguntei. Poderia ser uma falta de educação para uma pessoa chique como ela. Sabe... Ela falava muito bem! Parecia aquelas garotas de televisão.

Por que algo dentro de mim insistia em dizer que era a Srta. Kim?

— Mãe... Dara está cansada. — Jinyoung colocou a mão em meu ombro. — Deixe a garota respirar um pouco. Vocês conversam depois.

Minha tia lançou um olhar como se dissesse "seu intrometido" para Jinyoung, mas concordou em me deixar livre.

— Tudo bem. Descanse, está bem? — Lançou um sorriso materno. — E depois me conte tudinho. — Pisca, maliciosa e segue de volta para de onde veio.

— Obrigada. — Gesticulo os lábios em agradecimento para Jinyoung e sigo até o meu antigo quarto.

Ele ainda continuava da mesma forma. Do mesmo jeito. Eu não sabia o motivo de eu estar tão impressionada com aquilo, porque não se faziam décadas que eu tinha ido embora. Foram só alguns meses. Respirei fundo e me aproximei da minha cama. Já havia um bom tempo que eu não sentia uma certa sensação. A sensação que fazia-me querer conquistar logo um rumo em minha vida e não ser mais alguém que vivia de favor na casa dos tios. Eles não precisavam mais de um problema. Eles não precisam abrigar a sobrinha que perdeu os pais e que não tinha para onde ir. Eu sentia-me sem utilidade, apenas dando despesas aos outros. E ao pensar um pouco, lembro-me das palavras da Srta. Kim. Eu poderia estar vivendo uma vida diferente desta, sem achar que sou um peso para minha família. Mas se eu quisesse entender direito como isso seria, eu teria que, talvez, seguir o que Srta. Kim disse. E eu não tenho certeza de que é isso que eu quero, já que a mesma quer assumir a empresa do Sr. Im. Sento na cama. Isso é tão confuso.

(...)

Eu estava tão exausta que nem lembro de ter deitado para dormir, apenas ouvi o despertador de Jinyoung tocar no quarto ao lado ao amanhecer. Olhei pela janela e estava um belo dia. A brisa fria. Os raios solares iluminando as folhas das árvores, deixando-as mais radiantes. E o canto dos pássaros. Era realmente uma bela manhã.

Minha tia preparava o café da manhã. Ela estava tão espontânea enquanto caminhava pela cozinha e dançava um pouco ao som de "I Am The Best" do 2ne1. Logo ela nota a minha presença e sorri.

— Essa música é a preferida do Jinyoung. Ele tem muito bom gosto!

Retribui o seu sorriso e me encostei na entrada da cozinha. Será que minha tia sabe algo sobre a verdade dos meus pais? Contorço os meus lábios para o lado. Mas é óbvio! Por que eu não pensei nisso?

— Tia... — Aproximo-me dela. — Você sabe se... Os meus pais deixaram algo para mim?

— Como assim?

— Bem... Alguma carta? Algum assunto nunca tratado antes?

Ela balança a cabeça.

— Os seus pais não sabiam que iriam morrer.

— Talvez tivessem preparado algo para que se um dia isso acontecesse?

Ela sorri, confusa com minhas perguntas.

— Os seus pais levavam a vida da melhor forma possível. Acho que morrer jovens... Não era uma ideia que passava pela cabeça deles. Tudo o que eles deixaram foi a fazenda em Daegu. Por quê?

— Você já a viu?

— Nunca tive tempo.

— E o meu avô?

— O pai do seu pai? — Concordo com a cabeça. — O velho é louco. Está em uma casa de apoio para idosos. Em Daegu também. Ele enlouqueceu quando os seus pais faleceram.

— Tia... — Por um instante hesito em perguntar, mas me libero assim que vejo que a minha curiosidade é mais forte. — Há algo que eu não sei sobre eles?

Minha tia movimenta os lábios em uma linha rígida.

— O que você quer saber exatamente, Dara?

— Eu não os conhecia tão bem quanto os que conviveram há mais de vinte anos com eles.

Ela coça brevemente a testa e depois me olha novamente.

— Não há nada que você tenha que saber além do que já sabe.

Surpreendi com sua resposta.

— Então, tem mais coisas?

Ela balançou a cabeça, parecia irritada. Jinyoung entrou na cozinha e a nossa conversa teve um fim.

Há alguma coisa que não estão me contando.

Apartment 12 ▶JB.Where stories live. Discover now