↝ Ato I - Cap. IV: Agouro ↜

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A lua estava no auge. Seu brilho cinza tingia o céu azul marinho enquanto nuvens rasteiras deslizavam pela imensidão celeste entre os pequenos pontos luminosos que brilhavam no céu.

O chão estava frio. Meus pés sentiam a terra e as folhas secam abaixo de mim. Eu estava parado no meio de uma clareira no meio da floresta. As árvores balançavam silenciosamente enquanto o ciclo de folhas que se desprendia das árvores recomeçava.

Olhei para o meu corpo. Eu estava vestido com uma bermuda e camisa branca de mangas compridas que estavam dobradas até meu cotovelo. Eu não sabia como havia parado ali, olhei ao meu redor e não vi sinal algum da cidade ou de algo que pudesse ser familiar a mim.

O chão começou a tremer e dele o broto de uma planta floresceu em segundos e logo em seguida estava morto. Em uma fração de segundos  a planta morta se tornou uma enorme árvore de galhos secos que me derrubou no chão ao sair das profundezas da terra.

Sussuros inundavam meus ouvidos, vozes de mulheres sussurravam palavras incompreensíveis. Foi então que me dei conta ao me levantar minha roupa branca começava a se tingir de um vermelho tão vivo quanto o sangue, ele se espalhava lentamente como se meu corpo estivesse sangrando então eu ouvi uma voz gritar.

✤✤✤

Meus olhos se abriram. Meu corpo estava suado. Olhei para meu corpo rapidamente e estava tudo bem. O livro estava de capa estranha estava aberto e suas filhas balançavam com o vento e por um breve momento pude jurar que tinha visto a palavra contrato como uma marca d'água, mas ao me levantar para verificar me dei conta de que não era nada.

Voltei para a minha cama e olhei para o teto pensativo. Eu nunca havia tido um sonho daquela espécie antes e o que ele significava para mim?

Tentei afastar qualquer pensamento fora do normal de minha mente e me embrulhei novamente, tentando mais uma vez dormir.

✤✤✤

Eu estava atrasado. Havia dormido mais do que deveria quando sai do quarto às pressas e peguei tudo rapidamente e enfiei dentro da mochila. Desci as escadas correndo e peguei uma maçã que estava na fruteira e sem falar ou deixar que alguém falasse eu saí de casa em direção a escola.

Caminhando pela calçada percebi que os cachorros que habitualmente não se importavam com minha presença começaram a latir durante a minha passagem. Não havia canto de pássaros, mas apenas um grito agourento de uma ave que eu não saberia indentificar. O que senti foi os pelos do meu corpo se eriçarem repentinamente.

Em alguns minutos a manhã ensolarada perdeu o calor e deu lugar a uma manhã mas nebulosa e fria, como se o ambiente estivesse agourento ou anunciando que algo iria acontecer. Sempre fui paranóico com esses sinais estranhos.

Não demorou para que eu estivesse em frente ao prédio do Liceu e antes que desse o primeiro passo na escadaria da entrada eu tropeço e caiu de joelhos no degrau seguinte. Meus braços sustentaram o resto do meu corpo e o estabilizaram  evitando que algo pior acontecesse.

Um gato preto estava parado ao lado de um dos cantos da entrada da escola. Seus olhos cinzas me olhavam de uma forma estranha. Seu pelo era negro e num instante seguinte ele correu para longe do meu campo de visão.

O sinal soa. Me recomponho e entro no prédio da escola. Sigo para a minha sala no primeiro andar, ao entrar é que percebo que o professor não havia chegado a sala ainda. Então a voz de Alex é a primeira a se fazer presente ali.

- Olha só o viadinho chegou antes do professor. O que foi? Não andou trepando por aí seu escroto para chegar atrasado?

Eu apenas abaixei a cabeça e segui em silêncio até a minha carteira. O que dava a ele o direito de falar aquilo de mim, sendo que ele era quem estava dando o rabo na biblioteca depois da aula.

Life is Surreal | Romance Gay InterativoWhere stories live. Discover now