II

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Não é que Cristiano tenha se esforçado pouco desde a conversa com Patrícia. Ele estudou muito, mas, na hora dos exames, pareceu esquecer tudo que tinha estudado. Estava muito nervoso e o tempo parecia tão insuficiente. Não ficou surpreso quando descobriu que, apesar de ter passado nos exames, não tinha um resultado suficientemente bom para a admissão na academia.

Foi assim que, no dia seguinte a seu aniversário de doze anos, Cristiano se apresentou na junta de alistamento colonial. Após esperar em uma pequena fila e realizar a identificação, passou pelo processo de higienização. Seu corpo foi inteiramente depilado, e sua cabeça raspada. Se lavou e vestiu-se com as roupas brancas dos colonos. Depois, foi levado até uma sala onde recebeu as instruções iniciais.

Será que ele encontraria Lidiane? Ela havia feito aniversário três semanas antes. Ele não tinha muita ideia de quanto tempo levava o período de treinamento, ou se ficaria isolado durante este tempo. Será que encontraria com os outros jovens?

O vídeo era algo chato, falava sobre o local onde recebiam o treinamento. Dizia que eles teriam que ter uma dieta especial e não poderiam realizar muito esforço. Algo sobre o consumo de energia extra dos músculos. Tudo no local parecia extremamente relaxante. Logo depois do treinamento, ele foi levado até uma clínica onde levou uma série de injeções doloridas. Contudo, aquilo lhe abriu o apetite de uma forma que nunca tinha sentido antes.

Cris e os outros foram levados ao refeitório. A comida era artificial, do tipo que os pobres comiam, mas o gosto era muito superior ao oferecido à população. A maioria das crianças repetiam suas porções, felizes com o cardápio diferenciado. Cris também comeu mais do que o usual, mesmo acostumado à comida da mais alta qualidade.

Depois da refeição foram levados a uma espécie de praça, onde encontrou muitas crianças, incluindo Lidiane. Foi nesse momento que ele percebeu algo diferente. Ela estava bem mais gorda do que da última vez que se viram. Na verdade, todo mundo ali estava bem mais gordo.

– Bobo, temos que engordar para suportar a hibernação! É como os Ursos faziam – disse-lhe Lidiane, que nunca tinha visto um Urso de verdade.

– É mesmo. Acho que ouvi algo assim na aula de introdução. E quanto tempo falta para a sua partida? – perguntou Cris.

– Apenas uma semana, se eu ganhar peso suficiente até lá.

– E como foi o treinamento? É muito difícil?

– É fácil, não tem nenhuma prova ou algo do tipo. Só comer e dormir.

– Nem exames físicos?

– Pelo contrário, você não pode fazer atividades físicas por causa das drogas.

– Drogas?

– Sim, injetam uma porção de drogas para adaptar nosso corpo para a jornada. Você não está sentindo sono?

– Na verdade, estou sim.

– Não deve evitar o sono. Sugerem que se durma entre doze e catorze horas por dia.

– Tudo isso?

– Sim. Estou indo tirar um cochilo no alojamento. Vamos juntos.

– Está bem.

Aquela semana passou rapidamente. Cris ganhou quatro quilos e dormiu mais de doze horas por dia. Quando foi se despedir de Lidiane, ela estava irreconhecível. Sempre fora uma menina magra, mas agora parecia pesar o dobro. Cris se perguntava sobre as consequências daquela dieta para o seu organismo.

Apos se despedirem, ela se juntou ao grupo em um pequeno trem que os levariam até a estação de lançamento. Após os preparativos finais, eles entrariam em um outro trem especial, acelerado em um tubo de vácuo com vários quilômetros e, por fim, seriam catapultados magneticamente até uma altura de trinta mil metros, onde um gancho orbital esperaria para levar o vagão até a estação espacial. Deveria ser uma experiência incrível, mas Lidiane não poderia ver nada. O processo de congelamento dos passageiros acontecia ainda em terra, o que permitia ao corpo suportar a grande aceleração dos vagões.

Prova FinalTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang