Noche Inolvidable

peace?

[...]

Karoline já estava impaciente de tanto andar pra lá e para cá com Lana. A garota havia cismado de comprar algumas coisas no centro de Miami e pra isso, andava de loja em loja arrastando Karoline junto.
- Amiga, pelo amor de Deus, já chega, né? Eu não aguento mais andar. - Choramingou.
- Você é muito chata! - Lana ralhou. - E sedentária.
- A gente nem vai voltar pro Brasil agora e você comprou coisa até pra sua avó!
- Em minha defesa, eu morei com ela por anos e queria ao menos levar uma lembrancinha pra ela. Se eu juntei dinheiro tenho mais é que gastar. - Sorriu para a amiga que rolou os olhos.
- Você gosta é de andar, não consegue parar quieta. - Karol comentou enquanto ainda andava procurando algum lugar para comer.
- Também. - Lana falou simplesmente.
- Eu tô com fome.
- Ali tem uma lanchonete. Vem. - Lana segurou a mão de Karol enquanto a puxava para dentro do lugar.

Se sentaram em uma mesa afastada da porta e fizeram seus pedidos. Era um lugar totalmente vintage. Lana amava lugares assim, queria tanto postar um story e mostrar ao mundo o quão bonita era a lanchonete mas se segurou. Não via a hora de poder voltar a vida normal. Karol pegou o celular, olhando as horas e respondendo uma mensagem de Zabdiel. Ele era sempre preocupado com ela e volta e meia quando ela não estava, mandava mensagens carinhosas perguntando se estava tudo bem e como estava sendo o seu dia.

- A que horas acaba o ensaio dos meninos mesmo? - Lana perguntou distraída, olhando pela janela do lugar.
- Acho que só a noite. Zabdiel falou que seria pesado hoje. - Karol respondeu, travando a tela do celular e o colocando sobre a mesa.
- Eu tô uma pilha de nervos pra esse show. - Confessou Lana, vendo os pedidos chegarem.
- Eu também. Ainda nem acredito que eles vão realmente fazer um show depois de todo esse tempo.

O celular de Karol começou a tocar e ela o olhou, vendo que era um número desconhecido. Ergueu uma das sobrancelhas, pensando se atendia ou não. Normalmente, não costumava atender números que não conhecia. Mas poderia ser do Brasil, algo sobre sua família. Resolveu por atender, se arrependendo assim que colocou o aparelho no ouvido.
- O que você quer? - Falou assim que ouviu a voz de Gwen do outro lado da linha. Lana que até então estava distraída com o seu hambúrguer passou a prestar atenção na amiga.
- Vim te fazer um favor, embora não goste de você, não acho justo Zabdiel te fazer de brinquedo. Ele está te traindo, Karoline. Te traiu todo esse tempo. E comigo. - Karoline não aguentou ouvir mais nada. Desligou com força o aparelho, segurando o grito que queria dar e sentindo o nó se formar em sua garganta. Lana a olhava preocupada, vendo os olhos da amiga marejados.
- Quem era, Karol? - Karoline nada respondeu. Estava muito ocupada xingando Gwen de todos os nomes que conseguia em sua cabeça.

O celular de Karol apitou mais uma vez e ela o pegou rapidamente, estava pronta para mandar Gwen pro inferno quando viu que não era uma ligação e sim uma mensagem. A abriu, fechando os olhos com força em seguida. Não era possível que isso estivesse acontecendo com ela. Jogou o celular longe, o fazendo parar ao lado de Lana do outro lado da mesa e colocou a cabeça sobre as mãos. Que ódio que estava dela mesma, de Zabdiel. Que ódio que estava de Gwen. Lana pegou o celular, olhando para a foto que havia sido enviada. Zabdiel beijava Gwen. Como assim? Arregalou os olhos, olhando para Karol e entendendo o porquê do estado da amiga. Mataria Gwen e Zabdiel. Ah, se mataria.

[...]

Karol jogava as roupas na mala com força, pouco se preocupando em deixá-las amassadas ou não. Só queria sair dali, deixar aquele quarto e ir pra longe de Zabdiel. Ele havia estrapolado todos os limites possíveis e ela já não aguentava mais. Lana olhava tudo calada. Era como um dejavu. Já esteve presenciando aquela cena antes e odiava o rumo que as coisas tomaram. Odiava toda aquela situação e odiava ainda mais ver a amiga derramando todas aquelas lágrimas. Caminhou até perto da cama, ajudando Karol a fechar a mala. Saíram do quarto indo em direção ao de Lana e Christopher. Ficariam ali até Lana conseguir falar com o namorado e Karol resolver o que faria.

Não demorou muito para que Christopher aparecesse no quarto, com uma cara confusa, depois da mil e uma mensagens recebidas. Karol estava encolhida em um canto da cama enquanto Lana fazia um cafuné em seus cabelos, tentando confortar a amiga.
- O que acon... - Christopher começou a falar mas recebeu um shh em resposta de Lana. Karol havia dormido e ela não queria acorda-la, não agora. Se levantou devagar, tendo cuidado para que não se mexesse tanto na cama e acabasse a acordando. Segurou na mão de Christopher o puxando para o outro cômodo do quarto do hotel, uma pequena salinha.
- Cadê o Zabdiel? - Lana estava seria e Christopher percebeu que algo estava muito errado.
- Provavelmente no quarto dele. Ele chegou comigo. O que está acontecendo, Lana?
- Gwen. De novo. - Os dois suspiraram fundo. A verdade é que ninguém aguentava mais esses joguinhos de Gwen. - Dessa vez ela enviou uma foto beijando Zabdiel. Vélez, eu juro, se o seu amigo estiver engando a Karoline ele vai morrer.
- Ele não está! - O garoto apressou-se a dizer. - Zabdiel é louco por ela, você sabe disso.
- Então por que ele beijou aquela filha da puta? - Lana levantou um pouco a voz, lembrando-se em seguida da amiga dormindo logo ali.
- Eu não sei, ok? - Christopher bufou. - Vou falar com ele.

Não foi preciso Christopher ir pra muito longe para falar com Zabdiel. Assim que ele abriu a porta deu de cara com o amigo. Zabdiel tinha o rosto retorcido em uma careta de preocupação. Não havia achado as roupas de Karol, muito menos a garota e isso lhe perturbava.
- Cadê ela? - Perguntou, fazendo Christopher segurar um pouco a respiração, mordendo o lábio em apreensão.
- Ela está dormindo, Zabdiel. - Foi Lana que respondeu, atrás de Christopher.
- Eu preciso saber o que aconteceu, Lana. - Zabdiel quase implorou, fazendo Lana sentir um aperto no peito.
- Agora não. - Falou firme, por mais que quisesse deixá-lo entrar e conversar com Karol, ela sabia que a amiga precisava de um tempo.
- Por favor. - Falou baixo.
- Deixa ele entrar, Lana. - A voz de Karol ecoou pelo lugar fazendo Christopher e Lana virarem para encarar a menina. Zabdiel a olhava implorando por uma explicação daquilo e ela, por sua vez, tinha os olhos nublados e perdidos. Karoline não sabia se teria forças para falar com Zabdiel agora mas não pretendia adiar mais.
Christopher deu passagem para que o amigo passasse e assim que ele o fez, fez um sinal com a cabeça para que Lana deixasse o quarto com ele, dando a privacidade que Zabdiel e Karoline precisavam. A menina relutou um pouco mas seguiu o namorado para fora do quarto.

Karol estava visivelmente cansada. Cansada por tanto chorar, cansada pela situação, cansada de lutar. As forças dela haviam terminado. Por mais que tentassem, Gwen sempre estava no meio dos dois. Havia sido assim desde o início e ela não achava que mudaria.
Zabdiel caminhou até ela, tentou colocar as mãos no rosto da garota mas Karol se afastou, colocando os braços em volta do corpo como se protegesse dele.
- Por que você tirou as coisas do nosso quarto? - Zabdiel perguntou com a voz cheia de dúvidas. Estava confuso e com medo e nem mesmo sabia o por que.
- Como você pôde me trair com ela, Zabdiel?