Capitulo 1

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Acordo com batidas leves na porta do meu quarto:

—San acorde,Ruth já chegou está te esperando na sala.Minha mãe diz do lado de fora do quarto.

Entre resmungos levanto e respondo —Já estou acordada só me de alguns segundos, eu já desço!

Minha mãe ainda está na porta,— Precisa de ajuda?

—Não mãe, eu posso fazer isso sozinha.Digo levantando um pouco a voz me irritando.

—Tudo bem,então se apresse.Diz e eu ouço seus passos se afastando no corredor.

Entro no banheiro e me preparo para o banho,já estou acostumada a fazer essas coisas do cotidiano sozinha,no início foi muito complicado me adaptar sem minha visão mas dois anos são tempo o bastante para me acostumar pelo menos dentro de minha casa,apesar que estou morando nessa casa a apenas uma semana.

Mudamos de cidade por causa de uma oportunidade melhor de trabalho para meu pai, ele é arquiteto, eles se preucuparam muito por causa de mim, afinal eu já estava acostumada com minha vida lá, não é nada facíl uma cega se adaptar em uma nova cidade, ainda mais sendo maior e não tão pacata como a que se está acostumada.

Entro no banho e deixo a água me acordar de vez.

Nos mudamos pois para meu pai, ganhar melhor é dar uma vida melhor a mim,certamente eles acham que eu irei depender deles pelo resto da vida, mas não é bem assim, odeio quando apenas coloco meus pés na varanda e minhã mãe ja está na minha cola,fala sério eu posso me virar sózinha, tenho 19 anos, tudo bem que sou cega e tenho que adaptar aos lugares que irei sozinha primeiro, mas não vou conseguir com minha mãe sempre me enchendo “San vamos por aqui” ou “segure minha mão San", eu apenas quero fazer as coisas e se der errado ou não eu apenas não vou repetir-pelo menos em algumas coisas- mas o fato é que estou cheia de sempre ser seguida pela minha mãe e quero ser mais independente,pois acredito que uma deficiente visual possa ter uma vida livre e normal, ela só não tem que ser sufocada pelos pais super protetores e ter um pouco de espaço.

Acabo meu banho e me seco, vou até a comoda cheia de gavetas, pois organizo minhas roupas assim cada item em uma gaveta, por isso tem muitas gavetas em minha comoda, pego em cada gaveta um item e a coloco, langerie, uma regata e uma cauça jeans por ultimo visto meus tênis, que ficam organizados num canto embaixo da comoda para mim saber qual usar.

Dou uma passada de mãos em meus cabelos ultra curtos ou como diz minha mãe “cabelo de homem" ou como meu pai “maria joão",mas gosto deles assim, pois sempre saberei que eles só vão ter duas escolhas de ficar -desalinhados e bagunçados quando corro os meus dedos entre eles, de forma a levantalos,aliás é assim que os coloco agora - ou - comportadinhos e para baixo quando os penteio- posso até colocalos em moicano se eu quiser, mas me conformo só com os dois anteriores.

Depois de meia hora estou pronta, saio do quarto de forma a bater a porta,para minha mãe e Ruth saberem que estou descendo e pararem de conversar sobre mim, pois é assim quando ficam sozinhas juntas, se lamentando e minha mãe lhe dizendo o quanto vem sendo dificil para mim,varias vezes ja lhes peguei falando como foi depois do acidente e como eu fiquei com minhas paranóias e ataques durante tanto tempo, também o que você sentiria se a ultima imagem que visse fosse pessoas sendo esmagadas por ferros retorcidos ou sendo lançadas por todo onibûs enquanto ele está capotando várias vezes, e sem falar dos gritos desesperados das pessoas, enquanto eu ficava presa ao ferro do assento do onibûs e me segurando em algo que nem me lembro mais, eu nem conseguia dizer nada e muito menos gritar eu apenas fiquei ali pensando chegou a minha hora de morrer,incapaz até de fechar os olhos, até que varios vidros me atingem no rosto e tudo fica escuro, sinto algo grande me perfurar por traz e uma dor terrivel, por ultimo bato a cabeça com violéncia.Só acordo no hospital com o som da minha mãe chorando ao meu lado,uma dor terrivel em meu corpo e cabeça, minha cabeça está enfaixada de forma que cubra meus olhos.

Tempo depois o médico me informa que perdi minha visão, fico em choque e minha mãe fica do meu lado o tempo todo, o jeito era voltar para casa e me adaptar a nova situação da minha vida, ja que o médico disse que fora um milagre não ter acontecido o pior, que foi um milagre eu estar viva.E cá estou eu, inteira com uma grande cicatriz nas costas e cega.Tempo depois fiquei sabendo, que das oito vitímas incluindo o motorista só eu sobrevivi - segundo a perícia foi por causa do lugar onde eu estava e por ter preenssado as pernas de modo de que eu não fosse lançada no ar - por isso acho que foi sorte também eu estar viva.Mas isso não diminui meus ataques que tenho muitas vezes quando durmo ou acordo com a senssação de estar de volta presente naquele acidente.

Afasto aqueles pensamentos da minha cabeça, desço as escadas digo alto para minha mãe e Ruth, que sei que estão me esperando.

—Estou pronta Ruth, para nossa aula de hoje.Digo e me sento no sofá com impaciencia, com vontade de que a aula passe rápido.

Meu guiaWhere stories live. Discover now