Mais estranho do que parecia

383 24 16
                                    

— De verdade!? — perguntou a rosada, ainda não acreditando

— Quer que eu mude de ideia, Poppy? — questionou seu pai, ficando um pouco cansado daquilo

— Não! É que ... VAI SER TÃO LEGAL!!! — pulou de alegria — Vou lá no I.A.N. me voluntariar é JÁ!

Foi isso que fez. Pegou todos os documentos e correu para a instituição. I.A.N. é a sigla de Instituição de Ajuda para Necessitados. Iam desde escolas para crianças especiais até asilos. Poppy queria começar dando uma mãozinha na casa de um idoso, depois iria para recreação infantil. Queria fazer isso faz tempo. Pegou uma senhora de uns 70 anos para ajudar. Na ficha dela, dizia que o filho e o neto não queriam que ela solicitasse ajuda do programa e que poderiam fazer tudo. Ficou feliz em saber que ainda havia, pelo menos, uma família que não colocava idosos no asilo por acharem uma perda de tempo e dinheiro – a triste realidade de muitos. O primeiro dia seria sábado.

     Como era sexta-feira, só precisou esperar algumas horas. Mas a sua ansiedade foi enorme e acabou contando para Deus e o mundo que estava fazendo trabalho voluntário, como se houvesse conseguido um estágio na NASA. Acordou umas duas horas antes pela empolgação. Tomou banho, se arrumou um pouco mais que o normal, fez uma fornada de bolinhos especial e pôs-se à caminho. Olhou mais uma vez para o nome e endereço. "Rosa Rosiepuff Gatti, Condominio Santa Mônica, rua Nossa Senhora Aparecida n° 147" dizia o papel. A casa era ligeiramente maior do que o normal mesmo para um condomínio – que era o mesmo da rosada. A pintura verde-limão e branca combinava com a caixa de correos toda colorida. Olhando-a mais de perto, percebeu que estava escrito "CG – MG – BG" dentro de um coração. Não fazia sentido nenhum para ela, naquele momento. Bateu à porta bem na hora em que um homem muito parecido com Branch abriu-a usando terno, gravata e uma maleta em mãos:

— Olá! Eu sou a ajudante temporária da senhora Rosa Gatti. — apresentou-se, alegremente

— Oh, bom dia. Está na cozinha. Pode entrar. — deu passagem para ela, que entrou — E já peço desculpas por se meu filho for grosso com a senhorita. — saiu fechando a porta

     Confusa, tentou achar a cozinha. A idosa estava comendo um pãozinho com manteiga sozinha. Acenou com a mão para a menina:

— Bom dia, querida.

— Bom dia! Eu sou a- ...

— Vovó, me liga se precisar de alguma- ...

     Branch parou de falar assim que viu a menina, jogando uma mochila nas costas:

— O que você tá fazendo aqui? — perguntou, mais confusa ainda

VOCÊ aparece na MINHA casa, do nada, e ME pergunta o que estou fazendo aqui!? Que inversão de valores é essa!?!

— Calma, querido. — interferiu Rosiepuff — Ela é a ajudante que eu pedi.

— Eu POSSO muito bem cuidar da senhora. — disse, estranhamente calmo e carinhoso

— Mas você não pode cuidar de todo mundo como planeja, infelizmente.

— E quem disse que eu quero cuidar de TODO MUNDO? — ela o encarou de uma forma que dizia "fala sério" — Eu só não quero te deixar sozinha com uma louca, irresponsável e xereta!

— Branch!

Hey, mentiroso!

— Quanto ao "xereta" você não pode nem reclamar porque eu te peguei no flagra, Papoula!

— Os bolinhos estão muito bonitos. — mudou de assunto, ficando chateada com a rispidez do neto

— Fiz para a senhora. — deu um para ela, que deu uma mordida — Quer um, Branch? — perguntou de má vontade

Trolls|||| Chave para o amor Where stories live. Discover now