02 - Bem vinda ao lar

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Malu Santiago

  Quando a porta do jato se abre na pista da fazenda, vejo um homem vestido de peão encostado numa Hillux preta com um adesivo branco de cavalo na porta, desço rapidamente e ele sorri, o copiloto coloca minhas malas no chão, o encaro.

— Tem certeza que ficará bem, com ele? — John olha de esgueio para o peão, falando em inglês.

— Sim, não se preocupe — respondo, em inglês.

— Qualquer coisa, qualquer hora, liga que eu volto — ele segura meu queixo, vejo verdade em seu olhar.

— Eu sei, obrigada.

Vamos Romeo!! — Grita James, o piloto, de dentro do jato, John revira os olhos e mostra o dedo para o irmão que ri.

— É melhor você ir, é bem capaz dele decolar e te deixar.

— É bem a cara dele — John me abraça, inspiro tentando gravar o cheiro do meu parceiro no contrabando de doces no jato — se cuida minha formiguinha — diz antes de sair correndo em direção ao jato que dá sinais de decolar, pego a mala e caminho em direção à Hillux.

Bem vinda ao lar, patroa! — me cumprimenta o rapaz em português.

— Obrigada — meu sotaque sai estranho e ele ri, era até um rapaz bonito, apesar da vestimenta rústica, ele pega a mala e coloca atrás do banco.

— Eu sou o Fábio, um dos peões da Paraíso.

— Maria Luísa Santiago Ackles.

— Ackles? — ele faz careta — Eita nome estranho, tinha que ser coisa dos estrangeiros mesmo!

— Concordo — entramos e logo partimos, a sede não estava longe e o lugar era realmente um paraíso.

— A senhora deve estar estranhando o capataz não ter vindo te buscar, mas é que hoje tem marcação dos bezerros, o Diogo odeia erros e sempre inspeciona tudo — explica — mas ele me mandou vir buscar a senhora com a caminhonete dele — então essa belezinha é do capataz? Interessante.

— Sem problemas — dou de ombros.

— Quando o advogado disse que a neta do Santiago iria assumir a Paraíso, nós esperávamos uma mulher mais velha...

— E não uma adolescente sem experiência — o corto — eu sei que para muitos isso será estranho, receber ordens de uma criança, mas como diz o velho ditado, os incomodados que se mudem — concluo, ele acena com a cabeça e sorri.

— Chegamos — diz, avisto a casa pintada de branco e azul, ainda me lembro daquelas escadas na porta da frente, a casa parecia ter sido reformada, mas continuava igual, descemos, olhares curiosos me encaravam, Fábio pega a mala e entramos.

— Leve-a para o quarto principal, por favor.

— 'Cê que manda, patroa — ele toca o chapéu e sobe, fico observando tudo na sala, uma foto na parede chama minha atenção, era a foto da minha mãe.

— Vocês são idênticas — me assusto e olho para a senhora de avental, ela sorri — menos os olhos, você tem os olhos...

— Os olhos do meu avô — passo a mão pelo quadro.

Minha Perdição (Livro 01) - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now