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O armário era circular e feito de madeira. Roupas cintilantes feitas de folhas e flores estavam penduradas em raízes que funcionavam como cabides.

― Meu aniversário é em agosto. ― Helena tornou a dizer.

― O seu aniversário natural é em agosto, mas de acordo com os seus registros você nasceu no dia 24 de julho.

― Como você sabe disso?

― Digamos que quando a história da Protetora Perdida veio à tona, eu estava obcecado em desvendá-la. ― Ele admitiu.

― Então, você é obcecado por mim? Isso explica muita coisa. ― Ela zombou.

― Não por você, pela Protetora Perdida.

― Que sou eu. O que significa que você é obcecado por mim. Isso é bem estranho já que eu estou trancada num armário com você.

― Cala a boca. ― Ele riu.
― Você conhece o ditado das fadas? ― Ele perguntou antes de saírem. ― Presumo que não. Mas em festa de fada se saí voando ou carregado, mas nunca antes do último convidado. ― Ele avisou.

― Mas isso não faz sentido.

― Veste isso, você está ensopada. ― Ele estendeu o vestido azul cintilante que ia até os joelhos.

― Isso é roubo. ― Ela pegou a peça.

― Confia em mim. ― Disse o rapaz, se virando e tirando a camisa molhada e experimentando uma blusa verde que lembravam folhas.

Helena se virou e provou o vestido. O tecido era tão fino que dava a impressão de que não vestia nada. Will, usando um par de calças apertadas demais, sorriu quando ela se virou e os dois saíram do armário que tinha formato de árvore para uma tenda grande num bosque colorido. Almofadas coloridas estavam dispostas no chão e as bebidas eram servidas dentro das flores. Pequenos vagalumes iluminavam o lugar, mas Helena olhou de perto e viu que eram na verdade minúsculas fadinhas dançando.

Só então era reparou nas pessoas. Eram fadas em sua maioria com orelha pontiagudas e olhos um pouco maiores do que o normal. As fadas da noite tinham a pele manchada como constelações nebulosas e os cabelos prateados feito a luz. As fadas do dia brilhavam feito o sol quando sorriam e usavam flores no cabelo, até mesmo os homens.

Todas as fadas sorriam muito e falavam gritando e sorrindo, enquanto dançavam e olhavam para todos. Mas não haviam apenas fadas naquele lugar.

Outros seres ela reconheceu que eram muito parecidos com as fadas, mas eram mais altos e mais sério. Helena percebeu o ar de realeza que eles emanavam. Não falavam muito e mantinha-se fechados em seu grupo, alheios aos restantes.

― São elfos. ― Will explicou, enquanto atravessava a multidão de fadas de mãos dadas à Helena.

Os outros mais notáveis, apesar de terem orelhas pontudas não eram tão bonitos quanto as fadas ou os elfos. Helena sabia que se tratavam de hobbits e duendes, que se davam bastante bem.

― Will, o que estamos fazendo aqui? Você não acha que estamos invadindo? ― Ela perguntou acima da música.

― Quem invade a própria festa de aniversário?

― Mas eu não conheço essas pessoas.

― Tem certeza?

Do outro lado da tenda, sentada na almofada mais alta entre Thomas e Susan estava Charlotte com cara de poucos amigos. O seu rosto se preencheu de alivio quando ela a viu.

― Finalmente! ― Ela jogou as mãos para o ar.

― Charlotte! Não acredito que me enganou! ― As duas se abraçaram.
 
― Agradeça ao seu amigo que me convenceu.

Ela deu um abraço apertado em Will e ouviu um pigarro atrás dela. Vince com uma bebida numa flor de copo-de-leite dava um meio sorriso.

― Eu a convenci a participar. ― Ele admitiu.

Helena o abraçou apesar de reparar com satisfação a carranca de Will.

― Mas ninguém te convidou. ― Ela ouviu ele sussurrar.

Ela abraçou Susan e Iadala que também conspiraram para aquela festa maluca e deu um abraço apertado em Thomas.

― Você também me enganou direitinho! ― Ela deu um tapa de leve no seu ombro.

― É o seu primeiro aniversário em Brascard, um brinde!

Will pegou duas bebidas numa flor de copo-de-leite e estendeu para Helena. Por causa de um esbarrão, ele inclinou o corpo para frente e por pouco o liquido rosa não caiu no seu vestido.  

―  Willlll ― Gritou a garota que pulou em suas costas como uma perereca e lhe cumprimentou com um selinho.

― Irina. ― Ele cumprimentou, efusivo.

Charlotte e Helena troncaram olhares significativos. A fada Irina largou Will e o abraçou. Helena tomou o seu néctar de flor de uma vez só e se afastou. 

Irina era uma fada da noite com parte do rosto manchado por uma nebulosa. Os olhos e os cabelos eram num tom perturbador de azul e purpura. Ela era magra e desconcertantemente bonita e as suas asas coloridas e brilhantes estavam para baixo, como se fossem a extensão do seu vestido.... Azul.

― Para de encarar. ― Charlotte sussurrou atrás dela.

Helena deu às costas para os velhos conhecidos e foi para o lado de Susan e Iadala. Charlotte a seguiu, mas não perdeu a oportunidade de dizer:

― Eu te avisei.

― O que você avisou? ― Will perguntou com o rosto tenso.

Charlotte o ignorou e lançou um olhar significativo quando Will puxou Helena do grupo para dançar.

― Irina queria te conhecer.

― Ela parecia mais interessada em outra pessoa.

― Ciúmes? ― Ele riu.

Ela não respondeu e se concentrou na música agitada que ecoava pelas árvores. Will, mesmo vestindo uma roupa apertada demais de algum garoto fada, estava lindo.  Ele a girou com habilidades e Helena deu um sorriso, quando pisou sem querer no seu pé.

― Você pode parar de monopolizar a aniversariante? ― Era Vince.

Will ficou tenso.

― Tenho certeza que Helena não se importa. ― Ele disse.

― Na verdade, me importo sim. Já dancei demais com você, Will. ― Ela pegou a mão de Vince. ― Porque não pega uma bebida para gente?

Os olhos do protetor faiscaram e Vince sorriu de modo convencido. Helena ergueu as sobrancelhas num tom desafiador em sua direção. Vince não esperou e tomou as mãos de Helena, a girou em volta do próprio corpo e segurou a sua cintura, enquanto dançavam de um lado para o outro na música que se tornou mais lenta.

― Feliz aniversário. ― Ele disse. ― Dezoito anos!

Ela sorriu. Ainda não tinha pensando no assunto. Era oficialmente dona do próprio nariz e não fazia ideia do fazer com ele nos próximos anos.

― Tudo bem?

― Só pensando. No ano passado se me dissessem que meu próximo aniversário eu ia comemorar numa festa de fada, eu ia tacar uma pedra nesse maluco e ia sair correndo.

Vince gargalhou.

― A magia é real e você sabe disso.

― De um jeito ou de outro é como se eu sempre tivesse a magia em minha vida. ― Ela concordou.

― Então, você e Will...?

O som de galopes interrompeu a música e todos, sem exceção, olharam para a entrada do bosque. Primeiro ela viu os cascos de cor marrom, depois o tronco musculoso e o sorriso desafiador de Éfero.

O centauro olhou diretamente em sua direção e fez um aceno de cabeça. As pernas de Helena tremeram.

― Você não foi convidado meu amigo. ― Irina interferiu. ― Presumo que conheça as lendas das fadas.

― Sobre visitantes inconveniente que morrem em sete dias? ― Ele tripudiou. ― Não acredito em crendices.

Ele entrou no bosque e foi seguido por dois outros centauros que o flanqueavam. Um deles tinha o pelo castanho e o outro preto.

― Vamos dançar meus amigos, ainda há muito o que comemorar. ― Disse outra fada.

Os elfos se resignaram e partiram do bosque no mesmo instante. Vince puxou Helena para mais perto do grupo de protetores.

― Centauros não costumam se afastar tanto da Cavalgada. ― Iadala falou.

― Melhor irmos. ― Vince anunciou seriamente.

― Pela primeira vez eu concordo com você. ― Disse Will.

― Se partirmos agora, eles podem se ofender. ― Susan observou.

― Vocês acham que... ― Thomas começou.

― Com certeza Sim. ― Charlotte respondeu.

Todos os protetores olharam para Helena de um jeito preocupado. Não era preciso ser advinha para saber que estavam preocupados se Éfero não estava atrás dela. Ela suspeitou quando ele a seguiu até a casa dos avós. Era coincidência demais.
A pista de dança estava cheia e Charlotte entregou o manto surrado para Helena.

― Você trouxe isso até aqui?  ― Ela não respondeu, apenas colocou o manto em suas costas sem o capuz.

― Vince e eu viemos com os qilins, você e Will podem partir. ― Ela sussurrou.

― O restante de nós ficará, mas partiremos logo em seguida. ― Thomas avisou.

Helena assentiu, seriamente. Ela disfarçou e tomou mais um néctar de flor. Charlotte vestiu um manto pesado e ordenou que Helena vestisse o capuz. As duas deram as mãos no meio da multidão.

― Pela força e o poder que há em ti. ― Ela murmurou. ― Troque!

Helena viu o rosto de Charlotte se transformar no seu próprio. Ela não teve tempo de exclamar, pois Will a puxou pela mão e a circundou entre as pessoas até a floresta. Os dois correram por entre as árvores e as luzes das pequenas fadinhas gradualmente ficou para trás, assim como o burburinho das vozes e a música.

Ela notou o próprio cabelo ruivo se mover sob os seus olhos e as pernas que eram as suas, mas que não se pareciam em nada com as suas.

― Vamos Helena, o feitiço só dura alguns minutos.

― Will. ― Irina voou ao encalço deles. ― Éfero percebeu. Os protetores estão lutando, mas ele vem atrás de vocês.

― Leve-a. ― Ele gritou.

― Você sabe que não posso. ― Ela disse.

Will xingou e os dois continuaram correndo. Helena sabia que se não encontrasse logo os qilins era questão de tempo até Éfero os alcançar. Eles pularam raízes e desviaram dos troncos baixos das árvores cobertas de musgo. Irina se afastou para que as luzes de suas asas não denunciassem a posição deles.

Ela não soube por quanto tempo correu até avistar o campo de centeio circular. A figura arrogante de Éfero se erguia diante deles. Will parou de supetão e Helena trombou com ele.
Éfero sorria no centro da clareira e sob os seus cascos dois corpos escamosos jaziam esmagados, numa mistura de sangue e carne. Um deles era dourado e o outro para desespero de Helena era prateado feito as estrelas. Os quilins.

― Não. ― Ela cerrou os punhos e segurou as lágrimas. ― O que você fez? Eles são... bons.

O centauro riu da cena e circundou os dois como um animal diante de uma presa.

― Há muito tempo não vejo alguém fazer uso de um manto troca-peles. ― Ele falou com sua voz inebriante. ― Quer saber o que a denunciou?

Eles ficaram em silêncio.

― Eu sabia que você nunca se separaria dela, então foi fácil para mim distrair os seus amigos protetores e segui-los até aqui.

― O que você quer? ― Will vociferou. ― Vingança?

Éfero gargalhou e empunhou o seu pesado arco. Ora mirava no peito de Helena e ora ele mirava no peito de Will. 

― O Pacto pós-guerra que desmembrou nossa Cavalgada e quase aniquilou o meu povo nunca me incomodou. Porque eu sempre acreditei que algo melhor viria para mim, e veio.

― Para você e não para o seu povo?

― O povo deixou de ser meu desde a égide do meu irmão profano, que dobra os olhos joelhos diante de escórias como vocês, impuros. Eu sirvo alguém melhor.

― Você serve um assassino. ― Helena gritou. ― Serve um traidor! Não passa de um traidor! Assassino!

Éfero gargalhou e Helena cerrou os punhos. O pobre qilin prateado dominava os seus pensamentos.

― Eu gostaria de falar mais, mas o meu príncipe espera ansioso. O Príncipe não parou de pensar na senhorita desde que a encontrou. ― Ele disse com devoção.

O coração de Helena bateu mais rápido em seu peito. O Príncipe. As forças de Leon eram maiores do que ela imaginava. Os Profetas do Caos e Éfero... O poder de Helena se alastrou pelo o seu corpo. Não ia ser a cabeça dela que ia ser pendurada.

Éfero foi ágil e armou uma flecha, cuja ponta era longa e feita de um vidro escurecido. Will sacou a sua espada e Helena o lanço cintilante. Ambos prontos para o ataque.

Num ato de coragem e força, para a surpresa de Helena, o qilin prateado, ou o que restava dele, se levantou e cravou os dentes afiados numa das patas do centauro. Foi distração suficiente para Helena lançar uma bola de fogo na direção dos seus olhos. Éfero chutou o qilin, que relinchou de dor e deu o seu último suspiro. O centauro, momentaneamente cego, disparou.

Era um daqueles momentos em que num filme a cena era em câmera lenta e Helena sempre imaginou que num momento crucial e decisivo como aquele aconteceria assim também. Mas foi rápido.

A vida real era rápida.

A flecha zuniu na direção do seu peito, mas não a atingiu. Atingiu um corpo pálido, que caiu para o lado sob a grama molhada. Ela viu os cabelos despenteados de Will e os seus olhos pretos perderem o foco.

A protetora não abaixou em sua direção e chorou sob o seu corpo nos últimos instantes de vida. Ela cerrou os punhos e encarou o centauro à metros de distância. Uma cegueira rubra tomou conta dos seus sentidos e ela já não se sentia mais a mesma. Então, experimentou a dor.

A dor excruciante que corria pelas suas veias e parecia derreter sob a sua pele negra. Os três círculos em suas costas queimavam ao ponto de deixar a sua pele numa mistura de sangue e bolhas.

A dor deu um espaço para a raiva. A raiva crescente e conhecida que tomava conta do seu corpo e que ela não tentou reprimir. Os seus olhos ficaram dourados como ouro líquido e os seus cabelos cacheados levitaram, quando o círculo de poder puro emanou dela. Ela gritou como um animal e se ajoelhou com os punhos cerrados. 

As ondas que ela provocou eram azuis feito um mar claro e provinha em todas as direções. Cortes finos se formaram ao redor da pele do centauro como ceifar de um chicote. Ela experimentou cada gota do desespero em seus olhos e gostou.

O centauro fez menção de se mover, mas não o fez, pois, as ondas eram fortes demais. A protetora manteve os olhos fixos nele, mas não o via verdadeiramente. Não via nada além do poder. O seu verdadeiro poder.

Ela ouviu o zumbido de um par de asas ao longe e do seu nome ser pronunciado diversas vezes. Mas era como pertencer à uma redoma de vidro e fúria. Ali dentro não existiam mais os seus pais ou a Academia. Até Will e Brascard haviam desaparecido.

Só existia o seu inimigo e o seu ódio.
Algo mais forte e poderoso do que qualquer voz penetrou as barreiras que sua mente havia criado e iluminou o seu campo de visão num tom azul. O orbe de luz azul.

Ela voltou a si e se deu conta do que fizera. Éfero gritava em agonia e toda a extensão de sua pele jazia em carne viva, como as suas costas estavam, ela suspeitou. O rastro de destruição superou a clareira e eliminou as árvores próximas. Era como se um tornado tivesse atingido o lugar.
Ela não se importou com Éfero que cavalgou para longe ou no grito de Irina pelas árvores amigas que havia matado. Ela se lançou sobre Will que sangrava com uma flecha no centro do seu peito.

Inconscientemente ela o protegeu do próprio poder e o seu corpo permanecia de bruços sob a grama verde e molhada. A única parte intacta na imensa devastação que provocara.  

― Chame os outros! ― Gritou para a fada. ― Rápido!

Helena puxou a flecha e ele arquejou. As lágrimas evaporaram quando caíram sob a sua pele quente e apesar de Will estar frio feito uma pedra de gelo e ela quente em excesso, não se importou ao pegá-lo em seu colo. Ela não o queimaria. O orbe de luz se aproximou.

― Me ajude a curá-lo. ― Ela disse meio engasgando meio soluçando.

O orbe a envolveu e pousou à centímetros do ferimento de Will. Ele não disse, mas Helena entendeu. Ela tinha o poder para curá-lo. Helena abriu a sua camisa ensanguentada e o seu medalhão chamou a sua atenção. Todo esse tempo achou que o tivesse perdido, mas Will levava consigo para onde quer que fosse.

A protetora fechou os olhos ante o ferimento e pôs as mãos sob o sangue tão vermelho quanto o vinho e pressionou a palma sob a sua pele fria, então se concentrou. Se houvesse algum resquício de poder ali, se restasse alguma bondade nela, ela usaria para salvá-lo. O seu poder não se resumiria a matar e destruir. Deveria existir algo bom que pudesse fazer.

Ela respirou com dificuldade e manteve os olhos focados no rosto de Will, mas nada aconteceu naqueles segundos cruciais e o desespero a dominou.  

― Isso não está certo. Não! Não!

Will no seu último esforço pegou a sua mão e abriu os olhos escuros. Os cabelos sempre despenteados caiam sob os seus olhos e ela o afastou de sua vista. Ele suava frio.

― Não... ― Ele gorgolejou.

― Fica quietinho. A ajuda já vai chegar.

― Não... me deixe.

― Eu nunca vou deixar. 

Helena beijou os seus lábios frios e o abraçou. No interim daquele abraço sentiu o corpo do rapaz ficar mole em seu colo. Ainda segurava a sua mão, mas ele largara a dela.

As lagrimas rolaram sob o seu rosto e uma luz branca orbitada como tentáculos claros quase que invisíveis imergiu lentamente do seu peito. Numa mistura potente de luz e vermelho sangue. Era como o seu último suspiro.

O último resquício de vida que havia no garoto que lhe mostrou o mundo. Will estava morto e parte dela havia morrido com ele, porque era isso o que ela sentia, como se a escuridão tivesse tomado conta de tudo de bom que restava nela.

A sensação era ser arrancada de si mesma e ver o seu corpo cair num mar viscoso feito de lama escura e não poder resistir. Não querer resistir.

O tempo se perdeu na confusão do que era a morte e um toque delicado surgiu em seu ombro a despertando do seu pesar. Ela não queria ter que encarar Thomas ou Charlotte, mas a tentativa se tornou insuportável até para ela. 

Ela levantou o rosto e olhou pelos ombros com desprezo para quem lhe era tão inconveniente, então viu a mão cintilante azul que tocava o seu ombro.

A mulher espectral de aparência etérea a olhou seriamente. Os seus cabelos caiam majestosamente até a cintura e o seu rosto era marcado por uma expressão majestosa e superior.

― Não tenho muito tempo, faça o que eu disser se você quiser salvá-lo. ― Ela disse num sussurro

As Raças IrmãsWhere stories live. Discover now