Capítulo 7

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Daniel

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Daniel

Devo admitir, os dias no engenho da Drin'ks Drive foram bem divertidos, embora alguns contratempos bem perturbadores me arrebataram por algumas quase infinitas horas. Fazia tempo que não usava essa palavra no meu dicionário "diversão". A minha vida em seis longos anos se resumiu em trabalho, lamentos, bebedeiras pela noite e isso para conseguir uma migalha de sono sossegado. Nada além disso. Aquela maluca sabe mesmo me tirar da minha zona de conforto. Me aproximar do Cris da forma que fiz hoje foi... indescritível. Uma mistura insana de medo e de felicidade. Felicidade, a quanto tempo não a sinto dentro de mim? Desde que ela se foi. Com a Isabelly não tive medo, nem senti pânico. Com ela ao meu lado foi fácil me aproximar do meu filho. Às vezes penso que ela consegue me ver por dentro, que consegue me desvendar mesmo com as minhas barreiras de pé e por pouco, muito pouco ela quase a derrubou.

— Obrigado, pai!

— Eu posso, papai?

As palavras do menino ainda ecoam dentro da minha cabeça. "Pai". Sempre achei que o ouvir me chamar assim me machucaria e juro que pensei que não suportaria. Sempre vi essa criança como o meu inimigo, o assassino da minha vida e como o ladrão da minha felicidade. Contudo, de uma hora pra outra uma maluca entrou no meu caminho com seu jeito birrento e atrevido e me forçou a ver que não é bem assim. Pela primeira vez o toquei e ele me beijou, até brincamos juntos. Lembrar isso me faz abrir um sorriso. De certa forma eu me sinto bem com isso e sei que algo mudou dentro de mim. Algumas batidas leves na porta do meu escritório me despertam e eu solto um suspiro baixo quando a minha mãe entra. Diferente das outras vezes, hoje ela tem um sorriso largo e feliz no rosto e sem falar nada se senta na cadeira de frente para minha mesa e me encara com um par de olhos brilhantes. Eu sei exatamente o que se passa em sua mente, porque eu vi em seus olhos hoje cedo assim quando chegamos do passeio a cavalo. Dona Laura acredita que já estou pronto, porém, eu sei que não estou. Ainda não.

— Estamos prontos para voltar para casa, filho. — Ela diz com seu tom meigo de sempre.

— Certo. Me dê alguns minutos, eu só preciso me despedir. — Seu sorriso enfraquece quando percebe o meu tom seco de sempre na voz.

— Está bem. Vamos esperá-lo no carro. — Apenas assinto e a observo levantar-se para ir à porta.

— Obrigado, mãe!

O fato é que eles não entendem, ninguém entende, na verdade e nunca vão me entender. Não é a coisa mais fácil de se entender eu sei disso, mas eu amo a minha esposa, mesmo que ela não esteja aqui comigo. É mais forte do que eu, é sufocante, inebriante e dolorido pensar que prometi um amor eterno e que ela merece isso de mim. Solto outro suspiro alto e me levanto da cadeira, esvazio o meu copo que está sobre a mesa e saio do escritório para me despedir do grande amor da minha vida. Volto ao seu túmulo e fito o mausoléu em completo silêncio, depois, a foto na moldura e as flores, e de alguma forma nada aqui me parece atraente. É como se ela me quisesse longe dela, daqui. Como se quisesse me afastar de vez.

9. A Redenção do CEO - RETIRADA 1° de FevereiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora