letters

Dear Kurt Cobain,

Hoje a sra. Kim passou nossa primeira tarefa de inglês,que no caso é escrever uma carta para alguém que já morreu.
Como se a carta pudesse chegar ao céu ou a uma agência de correio dos fantasmas.
Acho que ela queria que a gente escrevesse para um ex-presidente ou alguém do tipo,mas preciso conversar com alguém. Eu não poderia conversar com um presidente.
Mas posso conversar com você.

Sabe,gostaria que você me dissesse onde está e por que foi embora.
Você era o músico favorito do meu irmão,Junhui.
Desde que ele morreu,tem sido difícil ser eu mesmo,porque não sei exatamente quem sou.
Mas,agora que estou no ensino médio,preciso descobrir isso o mais rápido possível,ou então vou me dar muito mal.
As únicas coisas que sei sobre o ensino médio aprendi com Junhui. No meu primeiro dia,fui até o guarda roupa dele e encontrei a roupa que ele usou no primeiro dia dele - uma calça jeans preta,com alguns rasgos e um suéter de caxemira preto. Ele cortou a gola e costurou o símbolo do Nirvana,a carinha com X nos olhos.
Mas a questão é que Junhui era lindo; tinha aquele tipo de beleza que marca as pessoas. Seu cabelo era sedoso e ele parecia pertencer a um mundo melhor,então a roupa fazia sentido.

Eu a vesti e fiquei me olhando no espelho,tentando sentir que pertencia a algum mundo,mas,na verdade,parecia que eu estava fantasiado. Então pus minha roupa preferida do fundamental,um macacão jeans e uma camiseta de manga comprida com listras pretas.

Quando pisei no corredor do colégio West Seoul,senti imediatamente que tinha sido um erro.
Em seguida,descobri que não se deve levar almoço de casa para a escola. O certo é comprar pizza e um pacote de bolachas recheadas,ou então nem comer.
Minha tia Cheng,com quem moro semana sim,semana não,faz sanduíches de alface com maionese no pão de hambúrguer,porque era o que gostávamos de comer -Junhui e eu -quando éramos pequenos.
Antes eu tinha uma família normal.
Quer dizer,não era perfeita,mas éramos minha mãe,meu pai,Junhui e eu. Parece que já faz tanto tempo. Mas a tia Cheng está se esforçando muito e gosta de tanto de preparar os sanduíches que não consigo explicar que não são para o ensino médio.

Então entro no banheiro masculino,como o sanduíche o mais rápido que posso e jogo o embrulho no lixo.
Faz uma semana que as aulas começaram,e ainda não conheço ninguém. Todo mundo da minha antiga escola foi para o colégio Last Neighbourhood,onde Junhui estudava.
Eu não queria ninguém sentindo pena de mim e nem fazendo perguntas que eu não saberia responder,então fui para West Seoul,que fica no bairro da tia Cheng. Um recomeço,acho.

Como não quero passar os quarenta e três minutos de almoço no banheiro,quando termino o sanduíche,vou para o pátio e sento perto da cerca. Fico invisível e só observo. As folhas das árvores estão começando a cair,mas o ar ainda está tão denso que mal dá para respirar. Gosto de observar um garoto em especial,que,descobri,se chama Mingyu. Ele sempre usa jaqueta de couro,mesmo que o verão mal tenha terminado.
Quando olho para Mingyu lembro que o ar não é apenas algo que existe,mas que se respira.
Mesmo que esteja do outro lado do pátio,consigo ver o peito dele se movendo.

Não sei por quê,mas,nesse lugar cheio de desconhecidos,fico feliz que Mingyu e eu estejamos respirando o mesmo ar. O mesmo ar que você respirou. O mesmo ar que Junhui respirou.

Às vezes suas músicas dão a impressão de que existia muita coisa dentro de você. Talvez você nem tenha conseguido colocar tudo para fora. Talvez tenha sido por isso que morreu. Como se tivesse implodido. Acho que não estou fazendo a tarefa direito.
Talvez eu tente de novo mais tarde.

Beijos,
Minghao

Oioi,aqui irei dizer algumas coisas básicas.
Essa fic é totalmente baseada em um livro chamado "Cartas de amor aos mortos" algumas das cartas que irei colocar aqui,serão do livro e possivelmente vai ter alguma carta 'minha'
Enfim,é isso.