O Dono Do Morro - Bolsolula

Flerte?

- Você parece meio surpreso. - Ele fez uma observação, ajeitando a arma, que eu, sinceramente, não sabia de qual modelo era. Mas era enorme.

- Meio que estou surpreso. Já ouvi falar de você, mas nunca te vi antes.

- Eu sempre te vejo. Ana Maria frequenta lá em cima. - Ele apontou para uma casa no topo do morro. - A cidade fica mais bonita de lá. Mas, então, o que um playboyzinho faz por aqui?

- Só... Curtindo. Gosto dos bailes do morro.

- Vivendo perigosamente? Você acha que entende de perigo, Lula? - Ele sussurrou em meu ouvido. Estremeci.

- N-Não sou capaz de opinar. - Falei.

- Mas você é bonitinho. - Pera aí! O traficante mais temido do RJ estava flertando comigo??? - Se eu soubesse, teria pedido para a Ana Maria te trazer até a minha pessoa. - Ele falava bem demais para um traficante. Não que eu esteja dizendo que traficantes são burros, longe de mim.

- Ah, é? E por qual motivo pediria isso? - Cala a boca, Lula!

- Quando quiser aparecer, tenho uma coleção de pistolas para te mostrar. Se é que me entende. - Ele sorriu e saiu.

Meu Deus! Isso foi tão duplo sentido! Ele estava falando das pistolas propriamente ditas, ou da...hum... Pistola dele?

Eu voltei para a Barra pensando no Bolsonaro. Tão enigmático. Confesso que fiquei curioso para ver a coleção de pistolas dele. Mas éramos pessoas diferentes, isso nunca poderia dar certo. Ah! Calma, Lula. Ele não te pediu em casamento. Se controla, gay!