Chifres de Guerra

Começar do início
                                    

O segundo dia de viajem deles os levou para uma passagem entre duas pequenas montanhas. Já estava na metade daquele dia quando a chuva finalmente parou, deixando o céu cinzento com nuvens carregadas que prometiam mais chuvas a qualquer momento.

Os dois Mush aproveitaram dessa breve pausa da chuva para dar um tempo de descanso para os cansados soldados que aceitaram a parada de bom grado. Ração foi dividida em poções minúsculas para todos os soldados que devoraram vorazmente aquilo que recebiam assim que recebiam algo em mãos.

Xi Zhang que comia em meio aos seus subordinados ficou um pouco alarmado ao ouvir vários soldados em volta dele tossindo e espirrando repetidas vezes. Ele pensou em ir comentar o fato com os Mush, mas olhando em volta e vendo que por todo o acampamento provisório deles era possível ver e ouvir pessoas tossindo violentamente fez com que ele desistisse da ideia, conformado que não havia nada que pudesse ser feito até que chegassem no Forte.

Quando a noite chegou eles acamparam entre as montanhas, o caminho em volta deles tinha mudado completamente sendo compostos por montanhas e subidas e descidas que conectavam uma pequena cordilheira.

Dessa vez o acampamento foi erguido contra a encosta de uma montanha e com um pequeno e estreito precipício a esquerda deles, dando assim bons pontos defensíveis caso houvesse um ataque inimigo.

Mas por alguma sorte eles tinham passado os dois últimos dias sem nenhum sinal das forças inimigas, o que fazia até com que alguns soldados acreditassem que estavam seguros.

Mas os oficiais e os veteranos presentes naquele grupo de sobreviventes não se deixavam enganar. Só porque não deram de cara com o inimigo durante os últimos dois dias de fuga e chuva, não queria dizer que o inimigo não estava mais atrás deles.

E nenhum dos oficiais esquecia que o caminho mais a frente os levaria diretamente para o território inimigo. Logo eles estariam se preocupando não só com inimigos vindo atrás deles, como também surgindo diante deles para bloquear o caminho que estavam tomando.

Quando o terceiro dia raiou, mais oito soldados não tinham deixado o lugar no qual dormiram. Seis deles faziam parte dos feridos enfurnados dentro dos andadores que infelizmente não possuíam os devidos cuidados nem o tempo para se recuperarem.

Os outros dois tinham perecido para a tosse e a febre que estava assolando pelo menos metade dos soldados em gruas diferentes.

Os soldados voltaram a marchar, deixando seus mortos para trás e tentando encontrar diante deles o caminho que os levariam para um lugar seguro.

A marcha se seguia no melhor ritmo que os soldados cansados e começando a ficar adoentados conseguiam manter, o que infelizmente não era o melhor que os Mush esperavam conseguir na situação deles, mas tudo mudou no meado do terceiro dia quando um som grave e longo se ergueu no ar fazendo com que todos parassem de marchar e olhassem apreensivos para trás.

Xi Zhang se virou confuso e aqueles em volta dele fizeram o mesmo, esperando em um silencio receosos, se perguntando se tinham mesmo escutado aquele som.

O jovem já estava quase se virando e voltando a marchar quando o som se ergueu mais uma vez. Grave, poderoso e longo. Um som que levou arrepios aos corações de todos os soldados ali. O som não parecia estar próximo, na verdade parecia bem distante, mas mesmo a presença daquele som era um sinal claro dos maiores temores de todos os sobreviventes do Flanco Direito.

- Chifres de Guerra. – Ovo sussurrou perto de Xi Zhang estremecendo com suas próprias palavras. – Então os malditos Exilados vieram atrás da gente.

Xi Zhang olhou do veterano para o caminho atrás deles quase como se esperasse ver o inimigo surgindo a qualquer momento, mas as montanhas, as subidas e as descidas do terreno em volta deles impossibilitava que vissem muita coisa.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora